sábado, 28 de janeiro de 2012

TIA MARIA


É com a alma carregada de tristeza que aqui deixo a notícia do falecimento da tia Maria, pessoa de uma bondade e de uma gentileza inexcedíveis. Era ela a memória mais antiga e lúcida de nós todos, apesar de poucos anos lhe faltarem para cumprir um século de existência.

Guardarei comigo o seu sorriso meigo e hei-de manter-me grata pelos bons conselhos que sempre me deu, sinais da boa amiga que sempre foi.

Aos seus filhos, irmão, genros e netos as minhas mais sentidas condolências.

O funeral será amanhã pelas 15 horas

sábado, 21 de janeiro de 2012

OS SALPICÕES DO NHARRO


por
ORLANDO MARTINS


Decorriam aqueles meses estivais, Julho e Agosto, onde a colecta dos frutos semeados ao longo do ano se tornavam a única fonte dos parcos rendimentos de quase todas as famílias.

Era o caso da colheita dos cereais, o abençoado centeio, que nos trazia a branca farinha para o divino pão que enchia as parcas mesas de todas as famílias.
Esse, o pão, não podia faltar.

Pois bem, foi numa dessas colheitas, a dos cereais, mais concretamente a do centeio, que numa das muitas e cansativas malhas nos cruzámos na eira da cabecinha, junto à casa do Armindo Barbeiro.

Era a malha da Delfina, com o astuto Gilberto (Nharro) a tomar conta de todas as devidas operações para que nada faltasse ou corresse de forma irregular.
O “Santacombinha”, maquinista da malhadeira, após o almoço, lá colocou a traquitana a funcionar, porque dizia ele, para malhas pequenas não se devia esperar.

Foi assim que, aqueles que se juntaram para colectar o pouco grão da tia Delfina, se dispuseram nas muitas e árduas tarefas da recolha da palha, dos coanhos do grão, etc….


A eira da cabecinha era um pouco avessa, descia em direcção à conceituada barbearia do Armindo da Eira, seguindo-se umas térreas instalações que serviam de armazém da tia Delfina, e era para esse local improvisado de tulha (local de armazenagem dos cereais) que o grão saído lentamente da malhadeira teria que ser transportado.

Como o transporte do grão de centeio era, parecia-me, uma tarefa mais limpa, sem o nebuloso pó dos coanhos que se entranhava pela alma dentro, ofereci-me para o transporte do mesmo em sacos de ráfia ou sisal que iam dos cinquenta aos oitenta quilos.

Para reduzir viagens, dizia o Nharro, que devíamos levar sacos de oitenta quilos de centeio, parecia razoável para a idade, para a vontade e a força intima de terminar mais um dia de malhas.

E assim, força do voluntariado, lá fomos nós, mais o Guilhermino e o Evaristo, carregando, soterrados, com aquelas sacas eira abaixo e eira acima recuperando o bendito fôlego.

Aí pela terceira paragem na tulha do Nharro, não podendo mais das costas, atirei com o saco das benditas sementes para a arca feita de madeira, e com ele também o meu corpo se estirou, qual banho de mel, em cima do grão dourado a repousar como em cima de um áureo tesouro. Fechei os olhos, e a vontade de uma vida descansada deu-me ganas de não mais acordar. Voltando a mim, sorrateiramente e com o pesar de pálpebras, fui erguendo as sobrancelhas enquanto o meu corpo pedia descanso.
Meu Deus, quando os olhos baços se abriram num estremecer de acordar, vi, e isso garanto, por cima de mim, um cordame repetido de algo que me era familiar, várias carreiras de chouriços divinalmente alinhados de cores róseas a convidarem-me para uma real patuscada.
A ideia ficou, e no saco seguinte, aguardo maliciosamente que todos saíssem da tulha e com um navalha, embora pequena, deu para cortar o baraço (fio) do primeiro e anafado chouriço (salpicão).

Tomado o insano gosto, daí para a frente cada saco de centeio, cada salpicão, que religiosamente e com muita atenção ia guardando debaixo do medeiro vizinho que se situava a dois, três metros do centro das nossas operações.
Finda a malha, toca de colectar todo o espólio nos bolsos das calças e levá-lo em segredo para casa.

Havia então um problema, onde desfrutar tão apetitoso manjar.
A ideia veio de imediato. Pedir à tia Teresa se nos podia arranjar uma mesa para partilhar o lanche tão merecido.
Logo ela acordou afirmando que pão e vinho não iriam faltar.

Como bom anfitrião, lembrei-me de convidar o próprio Nharro para o festim.
Copo de vinho mais copo de vinho, lá ia eu sacando um a um os chouriços do bolso e colocando em cima daquela improvisada mesa, que naquele dia era a nossa alegria.
Após o terceiro ou quarto pitéu, vou ao bolso para repor mais um, calhando um suculento salpicão atado com um baraço de ráfia azul.
Mal o coloco em cima da mesma ouve-se um grito do Nharro, quase como vindo do fundo de catacumbas, que desabafou:
“Caralho marrafodam estes são os meus salpicões, mas este, fodei-vos não o ides comer”.

E, dito isto, agarrou no salpicão, meteu-o no bolso e saiu porta fora praguejando como um animal ferido.
Como a vingança se serve fria, na época de Natal seguinte o Nharro foi convidado para a matança do meu pai. Ele, que ainda não tinha esquecido os salpicões, no momento de “desmanchar” os porcos, ripou de uma faca e cortou um grande pedaço de lombo ao animal exclamando: “este é para pagar os salpicões que me comeram na malha seus caralhos”.
E assim nas travessuras de então terminou mais uma passagem de tempos inesquecíveis e de boa convivência.
Que regressem aos dias de hoje.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

DO NOSSO PASSADO [O CONCELHO parte I]

O nosso passado, encerrado abruptamente nos meados do séc. XIX, concedia-nos uma liberdade e uma autonomia que nunca mais voltámos a ter.

Rebordainhos era cabeça de concelho e às cabeças de concelho chamava-se "vilas" (designação que pouco tem a ver com as actuais vilas, que são povoações de dimensão razoavelmente grande). Uma vila podia ser um lugar muito pequeno, como era o caso da nossa terra. Eu ainda me lembro de ouvir os mais velhos dos Pereiros dizerem que iam "à vila", querendo dizer que iam a Rebordaínhos.

O passado de autonomia mantém-se presente na toponímia: temos a "Fonte da Vila", aquele lugar chãero, fértil e abrigado e as "Cancelas da Vila" a que hoje nos referimos somente como "Cancelas".

Um concelho era uma unidade territorial e humana capaz de se bastar a si própria.

Para se bastar economicamente, cada concelho tinha o seu termo que podia limitar-se à própria sede ou abarcar outras povoações e lugares (o nosso termo deveria corresponder, basicamente, ao da actual freguesia, embora só muito tardiamente tivesse incorporado os Pereiros).

Para se bastar na administração da vida comum, o concelho tinha a câmara e as assembleias concelhias (de que são herança, ainda, as sessões para a partilha anual da água e o toque a concelho para o amanho dos caminhos, limpeza de poças, etc.).

Para se bastar na gestão da vida dos indivíduos contava com um tabelião (notário) e com um juiz aos quais podiam recorrer vizinhos (moradores da vila) de outros concelhos que desconfiassem da valia dos próprios, ou andassem de candeias às avessas com eles. É impressionante a zona de influência destes magistrados de Rebordainhos. Disso tratarei em artigo futuro.

Como deve imaginar-se, um juiz formado em Coimbra não quereria desempenhar funções em lugarejos longe de tudo. Os juízes dos concelhos rurais são, por isso mesmo, gente da própria terra, eleitos pelos vizinhos. Como se depreenderá, sendo moradores da terra, estes juízes não estavam imunes às quezílias locais, daí que as suas decisões, ao invés de serem justas, às vezes favoreciam os seus interesses, ou os da família, ou os dos amigos. O direito de apelação superior, ou o de recorrer a outro juiz que não o da terra, existia e fazia todo o sentido.

Estas características negativas dos juízes das pequenas instâncias deixou marcas na tradição. Fiz uma pequena recolha de adágios sobre o assunto que me apetece partilhar convosco:

Juíz de aldeia, quem o deseja, o seja.

Juiz de aldeia, um ano manda, outro na cadeia.

Por falta de homens, fizeram a meu pai juiz.

A Juiz ladrão, com os pés na mão

A juiz fraco, estomentallo*

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*Estomentá-lo: (mal)tratá-lo, como se faz ao linho. De "tomento", estopa.


A ilustração é do Google Maps

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Desafio

IV

Volto com o desafio das datas inscritas em pedras. Já não encontrei muitas por isso se alguém conhecer alguma, por favor envie email para blog.rebordainhos@gmail.com.


1ª. 1945 - Tanque junto ao edifício sede da freguesia.



2ª. 1850 - Forno de Eduarda Pires



3ª. 1759 - Casas de Amélia Pereira e Alzira Machado



4ª. ? - Casa de Joana ?



Obrigado a todos!

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Notas:
Foto 2 - Como achei que esta data se notava pouco na fotografia, fiz um realce.
Foto 3 - Esta é muito fácil de identificar mas achei que seria bom ficar o registo.
Foto 4 - Esta também é fácil de identificar o lugar. O que gostaria de deslindar, é o que lá está escrito! Se alguém souber...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A MORTE DE UM ANJO

Por

ANTÓNIO BRÁS PEREIRA


Esta casa era semelhante a tantas outras, de Rebordainhos… sem conforto, cheia de buracos por onde entrava, sem pedir licença, o gelado vento de inverno e a neve fina e matreira atravessava o telhado, suavemente, em silêncio, esgueirando-se pelas fendas do “forro”, que a fumaceira da lareira pintara de negro. Depois, pousava levemente sobre as mantas de farrapos, um ou outro cobertor, feito artesanalmente de lã de ovelha, que os antigos tinham mandado tecer, pagando com produtos da terra, ou uns tostões amealhados com grandes dificuldades, guardados dentro de um lenço, e “enfusgados” no interior dos colchões, feitos de pano de sacas, ou de riscado, nas casas mais abastadas. Em qualquer caso, os enxergões eram enchidos de palha, escolhida minuciosamente no tempo das malhas e eram assentes sobre umas barras de ferro, ou madeira: as camas. Também a chuva entrava pelo telhado e caía gota a gota, estatelando-se ruidosamente contra o sobrado, molhando-o até ao apodrecimento, se não se colocavam recipientes (caldeiros, bacias, tachos etc.) no lugar exacto da pinga …

Nesta casa morava uma família, numerosa como a maioria das que residiam no Bairro da Portela, carenciadas, pobres famintas, cujos meios de sobrevivência se resumiam à colheita de uns alqueires de centeio semeados em pequenas parcelas de terreno árduo e de frágil fertilidade, entre rochedos, lá para os lados da Ladeira, ou terrenos magros para lá da Ribeira, onde nem os jericos se seguravam em pé… Mas, depois da colheita, sobrava apenas uma pequena quantidade porque no dia da malha, e na própria eira, os credores vinham recuperar os empréstimos. O magro sustento contava, ainda, com meia dúzia de sacas de batatas, lançadas à terra num canto baldio ou arrendado – tão poucas que não chegavam à mó de trás – e umas couves-galegas para fazer o caldo, duas vezes por dia, com um pedaço de unto pisado com sal quando se matava o porquinho. Umas jeiras a cinco escudos – tão raras e difíceis de arranjar – eram a fonte do dinheirito que entrava em casa.

Esta família era constituída pelo casal, dois filhos e quatro filhas. Ao cair da tarde de um dia cinzento e sangrento, ocorreu a tragédia que deixou a população em estado de choque e os familiares completamente destroçados. Era uma menina esbelta, radiante, alegre, que rejubilava de felicidade… Numerosas vezes a vi jogar à “pedrisca”, rindo e saltando com as irmãs e outras crianças da sua idade, em frente da sua casa. Lembro-me dela, a troçar dos porquinhos, como dizia, quando com alguns companheiros de escola, e por ordem dos professores, nos dirigíamos em grupo para o tanque do Prado a lavar correctamente as orelhas, até que ficassem vermelhas, limpas, pois na escola não se brincava com a higiene, e as condições nas nossas casas não eram as mais apropriadas… recordo-a também á janela da sala, a farejar o cheiro do pão que cozia no forno da tia Benigna… na rua, onde com seus irmãos, jogávamos à roça, à bilharda ou ao pingue; no “canelho” da tia Maria da avó, correndo para a casa da tia Assunção, ainda antes de abalarem para África de ser ocupada pelos do tio António Atilano, enfim… uma menina que respirava saúde e alegria, mas que a Justiça de Deus condenou e transformou numa mártir.

Aconteceu nas Ribas de cima (creio que é também conhecido por “Lavadouro”), numa propriedade que pertencia aos familiares do tio Amadeu, onde havia um poço de baixa fundura, improvisado com duas pedras de lousa para lavar a roupa. Enquanto os mais velhos estavam ocupadas na lavagem ou e estendiam a roupa, a menina brincava nas proximidades e aproximou-se da fogueira que alguém acendera para queimar as ervas daninhas – silvas etc. que afectavam a cultura de alimentos. Vestida com roupas de flanela e lã, a menina recuou demasiado na direcção da fogueira e, sem se aperceber, as vestimentas começaram arder-lhe nas costas. Quando os presentes se aperceberam, já esta se debatia com todas as sua forças, rebolando-se no chão e tentando apagar o fogo que alastrava por todo o seu corpo enquanto soltava gritos de dor e angústia. Acorreram de imediato a irmã mais velha que ela, e outros adultos que se encontravam nas proximidades, mas em vão tentavam retirar aquela mártir do inferno. Como nada resultava, optaram por meter a menina no poço, que, de facto, apagou a chama, mas as queimaduras eram já demasiado profundas. Conduzida de imediato para o hospital de Bragança, onde lhe administraram os primeiros socorros acabou por ficar internada.

No resto daquela tarde, numerosas pessoas se deslocaram ao local da tragédia, incrédulas. Como tal poderia ter acontecido? Não tive essa coragem;, limitei-me a vaguear pelos cantos do bairro, só, silencioso, revoltado com Deus por ter permitido tão grande injustiça, e ao mesmo tempo pedindo-lhe que a curasse. A passos lentos, ia andando e recordando a garotada do bairro, ao passar pela porta do tio António Juiz, da tia Laurinda e tia Dulce, onde tantas vezes nos sentávamos, à saída da escola, nas altas escadas de granito, para pôr a conversa em dia ou programar os jogos do dia seguinte… Aatravessei a rua e subi o ”barranco” até à casa do tio Zé foguete, mas não encontrei ninguém para desabafar… passei a casa da tia Isabel, a dos Galanduns, à do Morais; desci para o pátio do tio Zé Luís onde encontrei em lágrimas um dos filhos do António Norato, e mais dois ou três que se mantinham silenciosos, cabisbaixos, como quem oculta uma dor profunda que lhe martiriza a alma… a conversa foi curta, um trocar de olhares apenas, que diziam tudo. Regressei a casa já sem luz do dia, comi de imediato o caldito das couve, e fui-me refugiar na varanda onde me sentei a olhar a escuridão da noite. Deitei-me com a esperança e a fé de que no dia seguinte teríamos boas notícias do meu anjo mártir.

No dia seguinte, na escola, ninguém ousava evocar os acontecimentos, e, já depois do intervalo, ouviram-se os sinos tocar. Estremeci, e como paralisado, compreendi aqueles sinais… o anjo acabara de nos deixar. Depois de tanto sofrimento, voou para o céu.

Dirigi-me a passos largos para sua casa - já não ouvia os murmúrios de ninguém - entrei na sala, determinado a verificar com os meus próprios olhos, o que me parecia ser um pesadelo, mas não era… num pequeno caixão, coberto com um lençol branco, jazia um corpo, pintado de vermelho pelo mercúrio que tentou atenuar o sofrimento das queimaduras do grau da morte. Seu rosto desfigurado deixava transparecer nos lábios um sorriso amargurado, um adeus imerecido e injusto, a caminho do inferno para o céu.
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Observação informativa: este texto foi escrito por uma pessoa que não pretende candidatar-se a qualquer prémio literário, nem mendiga a compaixão de quem quer que seja… escrevo como sei e gosto, com jeito e sem pés, ou com pés, mas sem jeito, sem pena nem caneta… apenas lembranças de uma infância difícil, mesmo pobre… digo-o e não me envergonho e jamais trocaria o meu passado por qualquer outro. Contudo, consciente de que quem publica sujeita-se a comentários e julgamentos, positivos ou negativos, gostaria muito que quem comenta os meus textos o fizesse de cara descoberta.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

REIS 2012 [II]

Respondendo à exigência da caixa de comentários, aqui fica o pequeno vídeo que a Tilinha e a Milita fizeram do cantar dos reis dentro da igreja e um outro que a Augusta filmou em casa da tia Maria. Embora curtos, creio que deve ficar registado que, mais uma vez, o Francisco Martins, o Casimiro Pires, o Manuel Ferreira e o António Rodrigo tiveram a bondade de entrar em nossas casas e oferecer-nos a maravilha das suas vozes, ora cantando, ora rezando.

Deve ser tremendo o esforço a que sujeitam as gargantas, sacrifício que justificam, certamente, pelo amor ao povo e respeito pela herança dos nossos pais. Deus lhes pague!

Os rapazes novos de Rebordaínhos - que os há, e bastantes - bem podem começar a aprender com eles!

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Porque, pelos vistos, o cantar se prolongou de outras formas, pela noite dentro, mas congregando bastantes pessoas, veja-se o segundo filme que a Milita e a Tilinha enviaram.




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Aqui ficam, também, algumas fotografias que a Augusta tirou.
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Muito obrigada à Augusta, à Milita e à Tilinha por terem tido a preocupação de deixarem tudo registado.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Dia de Reis

Como noticiado anteriormente, comemorou-se hoje o dia de Reis.
Mais uma vez, fomos visitados por repórteres da nossa visinha Espanha, de Vigo mais concretamente.
E sim, tivemos direito a careto. Ao Rogério, ainda lhe caiu " um olhinho", mas foi muito bem substituido pelo André, filho do Casimiro e da Maria. E que bem que desempenhou o papel. Ora vejam e digam lá se não tenho razão.
Onde havia fumeiro ainda tentou a sua sorte.

As filmagens que fiz dos cantares não ficaram grande coisa, mas como já estão publicadas, entendi ser melhor publicar uma oferta que a sra Conceição e Maria Albertina me fizeram antes da missa. Apesar de pouquinho, não resisti. É uma preciosidade. Porque muito temos a aprender com quem sabe mais que nós, fica a promessa duma recolha mais completa.


A letra cantada é a seguinte:

Os três Reis do Oriente
Foram meter-se ao caminho
Foram andando e procurando
Onde estava o Menino.

Os três Reis por serem santos
Uma estrela os guiou
Ao chegar à cabaninha
A luz dela se baixou.

A cabana era pequena
Não cabiam todos três
Adoraram o Menino
Cada um por sua vez.


E porque não consigo carregar as fotos, fico-me por aqui. Logo verei que mais posso fazer.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

DIA DE REIS

O dia de Reis encerra o ciclo das festas natalícias. Enquanto tivemos sacerdote residente, era certo que, no dia 6 de Janeiro, recebíamos a visita de cantadores e mordomos em nossas casas. Agradecido pelo belo cantar, ou pela reza sentida, o povo retribuía com as esmolas que queria ou podia dar.

O outro lado da festa de reis é o da festa dos rapazes. Vestido no seu fato endemoninhado, o careto corria pelas ruas a chocalhar as raparigas e, sem cerimónia, entrava pelas casas a pirongar ũa c'roinha e, não raras vezes, a assaltar o fumeiro que, por esta altura, já estaria bem curado. Terminada a ronda pelas aldeias da freguesia, a rapaziada juntava-se para a festança que a colecta lhes permitira fazer.

Nos nossos dias, foi necessário adaptar o calendário às possibilidades do sr. padre e, por isso, a festa agenda-se para quando é possível. Como informou o Rui, este ano é no próximo domindo.

Não temos a certeza se haverá, ou não, careto. O Rogério Veigas (filho da Marquinhas e do João), que tem assegurado essa função nos últimos anos, está incapacitado de o fazer. Cabe-me deixar-lhe aqui uma palavra de agradecimento pela dedicação que tem mostrado. Com efeito, apesar de a manutenção da tradição ser um dever de todos, é ele quem tem assumido essa resposabilidade. Se a nossa terra se tem alegrado com os chocalhos e as gargalhadas do careto e se se tem colorido com a garridice das suas cores, é a ele que o devemos. Bem-hajas, pois, Rogério, e que recuperes bem.

Se outro rapaz aceitar vestir a pele do careto, cá estarei para dar a notícia - feliz porque a festa continuou.

Um bom dia de Reis para todos

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Visita virtual


A cultura, não obstante a reduzida quota de orçamento, vai trazendo até nós certas novidades.

As visitas virtuais permitem-nos ver ou rever vários monumentos, símbolos de Portugal. Para quem está longe, ou quem não se pode deslocar, tem aqui a maneira de contornar a situação...

A lista de "visitas virtuais 3D" disponíveis pode encontrar-se aqui.



Aproveito para relembrar que os Reis são este fim-de-semana.