quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

INTERLÚDIO QUARESMAL


Este disco e este filme fizeram parte das nossas vidas - e tenho a certeza de que todos guardamos boas recordações dele(s).Creio que se coadunam com o tempo quaresmal que vivemos, por isso os partilho convosco.


O filme está legendado em Português do Brasil. Aqui e ali, surgem erros gramaticais de palmatória. Tende paciência, porque não arranjei melhor.

12 comentários:

Augusta disse...

Se a memória não me engana, vi este filme umas três vezes (ou mais). E é sempre com agrado que o revejo.

Anónimo disse...

Os adolescentes dos anos sessenta emocionaram-se com este filme. Nessa época, as crianças eram quase todas bem catequetisadas na doutrina cristã. Hoje, muito provavelmente, a ópera rock “Jesus Cristo Superstar” não teria o mesmo êxito entre as juventudes urbanas e rústicas de Portugal.
Os grandes vultos artísticos e culturais da atualidade são os rappers da Cova da Moura, os grafiteiros, que muitas vezes arriscam a própria vida quando borram com tinta de spray os comboios que hão-de levar a sua mensagem obtusa aos quatro cantos do mundo, e os doutores veteranos das praxes académicas, para quem a verdade absoluta é “Os caloiros estão três furos abaixo de câes”. Politicamente, quem marca a agenda é a doutora Catarina Martins e as suas amiguinhas!
Com esta matéria-prima, uma ópera rock não podia ir muito longe!
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades!...

Anónimo disse...

Fui ver este filme (a primeira vez) estava eu no seminário em Manique do Estoril.
A exibição aconteceu na Igreja de Berna.
Hoje ainda faz parte da minha pobre videoteca.

Paz para o mundo...

Orlando Martins

Fátima Pereira Stocker disse...

Augusta

Lembro-me que sabias as canções quase todas de cor... Gostei, particularmente, da imagem de Judas.

Beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Anónimo

O filme é de 1973 e a ópera rock em que se baseia é de 1970...

Aquilo que diz sobre os "graffiters", se puser a memória a funcionar, é o mesmo que ouviu dizer sobre os cabeludos dos anos 60/70. É uma pena que tenhamos memória curta, ou que decidamos que só as nossas causas é que são boas; que as dos outros não prestam. Os rappers da Cova da Moura servem-se da música para apelarem à paz e ao fim da segregação racial, exactamente o mesmo que os rockeiros dos anos 60 faziam.

Gosto pouco do filme (nunca vi a peça), mas talvez avive a memória se (re)vir o filme "Hair". Esteja atento a algumas das letras e pense duas vezes antes de se chocar tanto com os rappers da Cova da Moura.

Fátima Pereira Stocker disse...

Orlando

Partilhamos gostos, estás a ver?

Beijos

Anónimo disse...

Estávamos ainda no Estado Novo. Novas ondas de mudança cresciam em cada cidade, aldeia, rua, esquina,... em cada homem. Um perfume de solidariedade prometia um sol dourado banhando rostos amorfos e olhos calados. Os lábios abriram-se e um sorriso brotou na cara de um amigo.
Os cabelos compridos e as calças à boca de sino ou até a mini-saia uniam-nos numa turbulência indefinida.

A Igreja acolheu-nos e, como numa imensa fraternidade, deu-nos as mãos e caminhou lado a lado. Nem sempre seria assim.
Nos anos 72/73 em Mogofores, colégio Salesiano, todos os domingos afinávamos as guitarras, a bateria era colocada mais a um canto e o pequeno órgão elétrico era colocado no seu tripé.

Era a "Missa Alelluia", uma adaptação divinal da Obra "Jesus Christ Superstar" que acompanhava todos os momentos solenes da celebração. Eram umas músicas lindas que toquei dedilhando o "baixo" enquanto o Padre Valente na sua viola ritmo nos dirigia como se uma verdadeira banda popular se tratasse.
Infelizmente não tenho essas músicas, mas ainda sonho com elas.

Deixem que a música vos leve, nem que seja a das matracas, que na Qauresma, dado os sinos estarem em silêncio, convidavam a participarem na Via Sacra.

Um bom dia para todos e oiçam muita música.

Orlando Martins


Fátima Pereira Stocker disse...

Orlando

Ainda na missa de domingo passado (sábado, para mim), cantámos: "Não levo alforge nem cajado" cuja melodia corresponde à parte que é entoada pelos apóstolos na canção da "Última Ceia".

Os momentos que referes deixaram fruto na igreja que conta, desde há uns anos, com movimentos muito dinâmicos e interessantes de jovens, como, por exemplo, o "Movimento Shalom". Já participei com eles em algumas celebrações onde a espiritualidade toma o lugar do ritualismo, como devia ser sempre.

Beijos e obrigada pela partilha

Anónimo disse...

Eu gostei de ver Jesus Cristo Superstar.
Também acho que os gostos não se discutem. Por mim, as borratadas com que os "graffiters" de todas as raças conspurcam os comboios e as belíssimas fachadas dos nossos monumentos nacionais não devem ser incentivadas como manifestações de atos revolucionários que não são. Devemos combatê-las por todos os meios, a começar com água e detergente e se for preciso com jatos de areia à pressão. Numa sociedade sem leis, os "graffiters" criminosos sujavam tudo. A beleza está na Vénus de Milo ou em "Para Elisa" de Beethoven, por exemplo.
O relativismo moral tem limites. Se não tivermos cuidado, daqui a pouco estamos do lado dos terroristas islâmicos que, apesar de assassinos cruéis, têm legítimas razões de queixa em relação aos judeus.
Como nota final, peço desculpa a todos os leitores do blog pelo grave erro ortográfico que cometi quando escrevi, ao correr da pena, o meu último comentário: catequetizado deve escrever-se com "z".

Fátima Pereira Stocker disse...

Anónimo

Imagino que saiba que Van Gogh não vendeu nenhuma pintura em toda a sua vida. Contudo, nos dias de hoje, reproduções dos seus girassóis enfeitam as salas de muita gente.

Os graffiters - arte urbana - criam uma arte que sabem que é efémera, mas com ela pretendem intervir socialmente, levando alguma beleza aos lugares mais degradados das cidades, ao mesmo tempo que denunciam situações de injustiça social. Ou seja, reclamam a aplicação da lei que, no nosso mundo ocidental e democrático, estabelece a igualdade entre os cidadãos.
Excrescências existem em todo o lado e em todos os tempos, mas não as podemos confundir com a essência. Creio que é isso que faz quando se refere aos comboios emporcalhados de tinta e aos monumentos rasurados com garranchos. Sem ironia nenhuma, aconselho-o a visitar a página cujo link deixo a seguir:

https://streetart.withgoogle.com/pt/

Depois diga-me o que é que faz pior, se aquilo que viu, se a aparentemente inócua canção dos Beatles Lucy in the Sky with Diamonds, que nada mais é que a descrição de uma bela "treep" com LSD (atente no título)

Anónimo disse...

Fátima,

Nas primeiras palavras do seu último comentário pareceu-me ver a insinuação de que eu sou um atrasado em termos de conhecimentos de Arte, com particular gravidade no que se refere ao pouco que saberei sobre História da Arte. Pois olhe que é capaz de ter alguma razão. Mesmo assim, atrevo-me a esclarecê-la de que não sou contra todas as formas de arte. Lá fui à página da internet que me aconselhou e lamento, sinceramente, informá-la de que não vim deslumbrado com o que vi. Evidentemente, que quando me refiro a grafittis de comboios, cujos autores, em Portugal, são considerados criminosos, não estou, nem de perto nem de longe, a associá-los, ou compará-los, com as magníficas pinturas rupestres de Lascaux ou com os sublimes frescos do teto da Capela Sistina, de Miguel Ângelo. O grafitismo não é Pintura Mural!
O meu primeiro contacto com grafitis em larga escala aconteceu há muitos anos atrás, quando através das janelas do comboio que me conduzia a Paris tive a sensação nítida de que nem a gloriosa França das Luzes escapava à inexorável decadência da velha civilização europeia: o que eu vi eram uns sarrabiscos disformes e enormes que enchiam de vómitos as belas paisagens que passavam. Sobre os grafittis, esta é a minha maneira de ver. Tenho pena que sejam os americanos a mandar no mundo, mas se fossem os chineses ainda era pior!
Estou arrependido de ter trazido este assunto para cima da mesa, mas com certeza não deixarão de aparecer temas mais consensuais neste blog.

Obigado

Fátima Pereira Stocker disse...

Anónimo

Por favor, não me interprete mal. Semelhante intenção nem sequer me aflorou ao espírito. O que eu quis dizer é que os contemporâneos de Van Gogh consideravam que o que ele pintava era lixo, assim como, de uma forma geral, todos os movimentos de vanguarda do séc. XX (ex: cubismo) foram rejeitados e tidos como negação de arte pelos contemporâneos. Essa rejeição atingiu o clímax na Alemanha Nazi, com Hitler a classificar o movimento modernista como "arte degenerada", a perseguir os pintores, a destruir-lhes as obras e a encerrar a escola-mãe do vanguardismo, que era a Bauhaus.

Não me interprete mal de novo. Com isto quero dizer, somente, que as rupturas são dolorosas e, no caso da arte, elas significam a experimentação de novos caminhos que chocam com os conceitos de beleza em que fomos educados. À maioria dos contemporâneos parece-nos feio e, quiçá, degradante. Contudo, com o tempo, as novidades vão-se assimilando e a próxima geração olhará com olhos mais benevolentes para estas representações que, por enquanto, a maioria classifica como atentados ao património e ao bom gosto.

A "Arte Urbana", ou "Arte de Rua", é um grito que não podemos ignorar contra o desenraizamento e a exclusão. Paralelamente a ela existe, de facto, a prática criminosa de rascunhar as paredes com assinaturas que são meras delimitações de territórios de gangues. Confundir uma coisa com a outra, parece-me a mim, está errado.

Por favor, não entenda as minhas palavras como uma lição (quem sou eu!), antes, como argumentos que fundamentam a minha opinião com a qual ninguém é obrigado a concordar.

Cumprimentos