quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

BOLINA

BOLINA



Quebrei aquela grande onda
Que rasguei ao rebentar
E no momento de a devolver
Fui com ela navegar.

Já sem vela nem cordame,
Nem timoneiro ao leme,
Fui lentamente e ao de leve
Para que ninguém me chame.

Naquela térrea carcaça,
Com bolinantes ventos fora,
Me arrastei no frio lastro,
E assim me fiz de barcaça.

Fui barco de casco duro,
Que nem rochedo nem muro,
Me impediram de amar,
As ondas nos contos
Que tu prolongas.


Humildemente

Orlando

5 comentários:

  1. Obrigada Orlando, por tão bonita homenagem!
    Que bem soubeste brincar com as palavras, numa hora também dolorosa para ti.
    Sei o quanto amigo eras do João e, só o sendo, é que poderias assim escrever.
    Aproveito para aqui dizer, que o Orlando se deitou ontem às 3 da manhã, para aqui hoje homenagear o nosso João, num tema que sabias ser-lhe tão querido - o mar.
    Bem-hajas Orlando

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  2. O mar, a minha grande paixão, que um dia será meu leito eterno, numa comovente homenagem ao amigo João. Há marés que não se quebram mas lá no Alto todos nos encontraremos.

    Bem-haja, Orlando!

    Um abraço

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  3. Não tenho o teu dom para a poesia Orlando, como eu te admiro por saberes tão bem "brincar" com as palavras.
    Gosto muito de poesia e queria aqui deixar um poema para o João.

    O Homem e o Mar

    Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
    Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
    Como em puro cristal, contemplas, retratado,
    Teu íntimo sentir, teu coração ardente.

    Gostas de te banhar na tua própria imagem.
    Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
    Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
    As queixas que ele diz em mística linguagem.

    Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
    Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
    Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
    Os segredos guardais, avaros, receosos!

    E há séculos mil, séculos inumeráveis,
    Que os dois vos combateis numa luta selvagem,
    De tal modo gostais numa luta selvagem,
    Eternos lutadores ó irmãos implacáveis!

    Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"

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  4. Lurdes, desculpa-me o atrevimento.

    Não sei em que género literário o faço, porque nada percebo, mais sei o que me diz o coração.

    É com ele que escrevo.

    Obrigado João

    Orlando Martins

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  5. Orlando:
    Humildemente...obrigada

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