BOLINA
Quebrei aquela grande onda
Que rasguei ao rebentar
E no momento de a devolver
Fui com ela navegar.
Já sem vela nem cordame,
Nem timoneiro ao leme,
Fui lentamente e ao de leve
Para que ninguém me chame.
Naquela térrea carcaça,
Com bolinantes ventos fora,
Me arrastei no frio lastro,
E assim me fiz de barcaça.
Fui barco de casco duro,
Que nem rochedo nem muro,
Me impediram de amar,
As ondas nos contos
Que tu prolongas.
Humildemente
Orlando
Obrigada Orlando, por tão bonita homenagem!
ResponderEliminarQue bem soubeste brincar com as palavras, numa hora também dolorosa para ti.
Sei o quanto amigo eras do João e, só o sendo, é que poderias assim escrever.
Aproveito para aqui dizer, que o Orlando se deitou ontem às 3 da manhã, para aqui hoje homenagear o nosso João, num tema que sabias ser-lhe tão querido - o mar.
Bem-hajas Orlando
O mar, a minha grande paixão, que um dia será meu leito eterno, numa comovente homenagem ao amigo João. Há marés que não se quebram mas lá no Alto todos nos encontraremos.
ResponderEliminarBem-haja, Orlando!
Um abraço
Não tenho o teu dom para a poesia Orlando, como eu te admiro por saberes tão bem "brincar" com as palavras.
ResponderEliminarGosto muito de poesia e queria aqui deixar um poema para o João.
O Homem e o Mar
Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.
Gostas de te banhar na tua própria imagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.
Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardais, avaros, receosos!
E há séculos mil, séculos inumeráveis,
Que os dois vos combateis numa luta selvagem,
De tal modo gostais numa luta selvagem,
Eternos lutadores ó irmãos implacáveis!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Lurdes, desculpa-me o atrevimento.
ResponderEliminarNão sei em que género literário o faço, porque nada percebo, mais sei o que me diz o coração.
É com ele que escrevo.
Obrigado João
Orlando Martins
Orlando:
ResponderEliminarHumildemente...obrigada