quarta-feira, 30 de novembro de 2011

DISPERSOS

O fado foi elevado à condição de património imaterial da humanidade. O fado, pelos vistos, está bem - o nosso fado é que não! E é por causa do fado e do nosso fado que vos deixo com uma das vozes que mais aprecio: a de Teresa Silva Carvalho.

A primeira sugestão é esta: que a escutemos a cantar o poema "Barca Bela" de Almeida Garrett. Não sei se o meu querido poeta se importaria, mas tomo para mim a liberdade de propor que, enquanto ouvimos e lemos o poema, pensemos na barca como sendo Portugal. É um aviso a ter em conta!





Barca Bela

Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela,
Que é tão bela,
Ó pescador?

Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Ó pescador!

Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela,
Ó pescador!

Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela
Só de vê-la,
Ó pescador!

Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge dela,
Foge dela,
Ó pescador!

∫∫∫


► Agora que o 1.º de Dezembro ameaça tornar-se memória arqueológica, ouçamos também esta singela cantiga: "Balada para um Súbdito (com poema de Manuela de Freitas e música de Vitorino).


5 comentários:

  1. A barca Bela é um lindíssimo fado muito bem cantado. Um fado que sempre ouvi com muito agrado.
    Um abraço

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  2. Voltei porque estive a ouvir o segundo fado. É verdade amiga a vida já não é nossa pois a temos que (sobre)viver como os politicos deixam.
    Um abraço

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  3. Elvira

    O trigal pode ser nosso, mas o trigo há-de sempre ser de quem exerce o poder. É verdade, pois, que só a morte é nossa - "a vida é do rei".

    Beijos

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  4. Um fado que ouvi muitas vezes e de que gosto muito. O poema, de Almeida Garrett,muito bem interpretado pela Teresa S. Carvalho que conheci pessoalmente há quase quarenta anos.
    Infelizmente o nosso 1º de Dezembro vai a enterrar mas nós, os que nos orgulhamos de ser Portugueses, lembrá-lo-emos sempre.

    Bem-haja, Fátima!

    Beijos

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  5. Isabel

    Tenho a certeza disso. E aqueles que declaram que a sua comemoração não faz sentido (porque vivemos com a Espanha no mesmo espaço) não percebem que a celebração da data não é contra nada, antes, é a favor da nossa liberdade. E isso é sempre de celebrar.

    Beijos

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