quarta-feira, 28 de novembro de 2012

CRÓNICA BREVE [em três partes]


JUSTIFICAÇÃO: Eu já andava, há muito tempo, com vontade de escrever sobre Teixedo, aquele vale das minhas delícias. Creio que este é um momento oportuno, agora que, com toda a probabilidade, Pombares se associará a Rebordaínhos em freguesia única. As duas primeiras partes desta "Crónica Breve" são relatos históricos, embora escritos de forma muito livre. A terceira parte não passa de um devaneio meu que, espero, vos seduza tanto como a mim.
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1: ASSUNTOS (POUCO) PIEDOSOS

Ora, no ano da encarnação do Senhor de 1I02 [D. Diogo Gelmires], pela excelsa graça divina bispo da igreja de Santiago da Sé de Compostela, no segundo ano do seu episcopado, determinou visitar – como é de justiça – as igrejas, capelas e herdades que se sabe que, localizadas em território português, são da jurisdição da igreja de Compostela. Efectivamente, é obrigação de um bom pastor cuidar tanto dos bens externos da sua Igreja como dos internos e, se encontrar neles algo deteriorado ou desordenado, que a sua prudência o restaure e o componha. Tomou, então, as mais importantes pessoas da sua igreja (…). [1]


Com efeito, D. Diogo Gelmires assim fez: deslocou-se às terras do Condado Portucalense. Este condado fora criado, havia pouco tempo, pelo rei Afonso VI de Leão e Castela que o entregara nas mãos do seu valoroso genro, o conde D. Henrique, casado com D. Teresa (o casamento e a doação do condado datam, provavelmente de 1096).


Os bondosos autores da Historia Compostellana, incapazes de atribuírem intenções dúbias ao bispo, referiram os deveres de um bom prelado: “restaurar e compor” aquilo que não estiver bem. No entanto, as acções que enumeram a seguir estão muito distantes daquilo que começaram por afirmar e, afigura-se-me, essas acções terão sido o único móbil da visita pastoral às terras de Braga: roubar as relíquias dos santos que se encontravam em terras portucalenses e que eram alvo de grande veneração. Sem o conseguirem dissimular totalmente, os autores chamaram-lhe “pio latrocínio”. Há cada uma, mesmo para o séc. XII!

Entre os corpos roubados encontram-se os de S.Susana, S.Cucufate, S. Silvestre e S. Frutuoso. Os leitores começarão, agora, a entender os motivos desta “crónica” …

Sobre S. Frutuoso, dizem-nos os mesmos autores: (…) Assim, dois dias depois, chegaram à igreja do bem-aventurado Frutuoso e aí ele celebrou a eucaristia com solenidade. Terminada a missa, envergando as vestes sagradas, abeirou-se do seu sepulcro. Mas, porque São Frutuoso era o defensor e padroeiro daquela região, foi com maior temor e silêncio que ele o levou, num pio latrocínio, para fora da sua igreja, a qual o santo erigira enquanto era vivo, e, daí levado, foi confiado aos seus fieis guardas para ser guardado (…)[1]

E tudo o senhor bispo roubou e depositou em Santiago de Compostela no meio de grandes aleluias. Aleluias deles, claro!

Que terá levado D. Diogo Gelmires a praticar tamanha perfídia? Não me afastarei muito da verdade se disser que foi a sede de poder. Com efeito, havia pouco tempo que conseguira livrar Compostela da obediência a Toledo, passando a responder directamente perante o papa. No entanto, pouco antes da criação do Condado Portucalense, fora restaurado o episcopado de Braga (em 1070) e o bispo temia que essa diocese viesse a alcançar o poder primitivo, que punha sob a sua obediência toda a Galécia romana, ou seja: o Noroeste Peninsular, Compostela incluída! Antes que Compostela seja ameaçada, terá pensado, tiro-lhes as relíquias dos santos e Santiago tornar-se-á no único lugar de peregrinação, assim como assim, já cá tenho o apóstolo! Nos seus devaneios talvez sonhasse, até, tornar Compostela na primaz das Espanhas, título que, como sabemos, pertence ainda hoje a Braga…

À frente da Sé de Braga estava Geraldo, um santo homem. Santo, mas decidido, aliado de unha e carne ao Conde D. Henrique. Meteu-se a caminho e dirigiu-se a Roma onde, se não obteve do papa Pascoal II a devolução das relíquias, veio de lá com uma vitória impressionante: a entrega a Braga de uma lista de dioceses suas sufragâneas: Astorga, Lugo, Tui, Mondonhedo, Ourense, Porto, Coimbra, Viseu e Lamego, ou seja: a Galiza (excepto Compostela) e, o que é mais importante, as dioceses daquele que era, então, todo o território do Condado Portucalense. Estava consumada a unidade religiosa e política do território, tão cara ao conde D. Henrique como a S. Geraldo. E aos seus sucessores, como muito bem sabemos, pois nos conduziram à independência.

Mas quem era, afinal, S. Frutuoso? Se tiver paciência, espere pelo próximo capítulo.

[1] Historia Compostellana (obra do início do séc. XII e redigida por clérigos muito próximos do bispo Gelmires), excerto retirado DE LUÍS CARLOS AMARAL e MÁRIO JORGE BARROCA, Teresa - A Condessa Rainha, 2012 

domingo, 18 de novembro de 2012

As nossas cores













































Porque hoje o dia esteve bem iluminado, deixo o meu contributo.
E agora, onde foram tiradas?

sábado, 17 de novembro de 2012

PAISAGEM OUTONAL

Por estes dias, o chão deve começar a carregar-se de vermelho. Não estarei lá para poder documentar, mas publico estas fotografias tiradas pela Olímpia, no início da temporada das castanhas. Foi para os lados de Vila Seco (podem ser ampliadas clicando sobre uma delas)