segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

BODAS DE OURO

Foi no passado dia de consoada que o meu tio Manuel, irmão de minha mãe, e a minha tia Matilde completaram 50 anos de casados. É pois, com motivos redobrados, que aqui deixo alegremente a notícia. 

"Gostava que eles [os sogros] fossem vivos para verem a vida que fui capaz de dar à filha", confessou-me o tio Manuel e eu contive as lágrimas perante frase tão eloquente, demonstrativa da paz de espírito que só a consciência do dever cumprido permite ter.

Quiseram que toda a família os acompanhasse e nós, agradecidos e sensibilizados, marcámos presença na festa que se iniciou com uma cerimónia muito bonita na igreja de Parada e se prolongou tarde dentro num restaurante em Nogueira. 


 A minha prima Denérida, o seu marido Toninho e os dois filhos fizeram de tudo para prestar aos pais a merecida homenagem e se, há cinquenta anos, "a única coisa que não faltou foi o frio", neste dia 24 de Dezembro,  frio foi a única coisa que se não sentiu. Que Deus os abençoe e lhes prolongue a felicidade.


Agradeço ao meu primo, o Toninho da tia Zulmira, as três primeiras fotografias que ilustram este artigo (e que também forneceu a quem  pôde dar a notícia primeiro do que eu).

A todos deixo aqui os meus votos de feliz ano novo.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

BOAS-FESTAS

Desejamos as Boas-Festas 
a todos os nossos leitores e visitantes 

(Este presépio tornou-se, para mim, na imagem dos Natais em Rebordaínhos. Por isso me não canso de a publicar, de agradecer a quem o criou e a quem o fotografou.)

domingo, 16 de dezembro de 2012

IMAGENS DE TEIXEDO

O prometido é devido!

Ponho as fotografias ao calhas, à excepção da primeira que tirei em meados dos anos 80 do século passado (Santo Cristo, como custa dizer isto assim!) com uma Kodak velhíssima. É das imagens mais ternas que guardo daquele vale sagrado.

De gente, a terra está despovoada há muito. As pessoas de Pombares vão cultivando uma ou outra leira e tudo o resto vai sendo conquistado pela mãe Natureza que gosta pouco de espaços vazios. O único silêncio é o das vozes dos Homens.


  



É nesta nascente que mais gosto de beber. Pelos vistos, também as rãs! 


Ao fundo avista-se Rebordaínhos



A genealogia de um castanheiro: quantos séculos viu passar?






  O moinho, ou o que resta dele









 As fotografias são umas minhas, outras da Olímpia e outras da Augusta. à excepção da primeira, as restantes datam de Agosto de 2010. À excepção, também, desta última que data do início dos anos 90 e mostra o mesmo castanheiro lá de cima:

domingo, 9 de dezembro de 2012

Passaportes

I

O século XX levou muitos filhos de Rebordainhos a abandonar a sua terra natal em busca de uma vida diferente. Esta diáspora teve em Portugal a urbe como destino, enquanto na Europa a França foi responsável por albergar grande parte dos emigrantes.

Mas ouve quem optasse pelo Brasil. A similaridade do dialecto eram promessa de uma adaptação facilitada e o desenvolvimento do país, igualmente prometia oportunidades. Assim foram muitos os Portugueses que embarcaram rumo ao Brasil durante o século anterior.
Durante as minhas pesquisas sobre Rebordainhos consegui reunir alguns passaportes de Rebordainhenses que emigraram para o Brasil.

O desafio que proponho é a identificação de algumas destas pessoas e cujos passaportes consegui reunir. 


1
Nome: João Baptista Fernandes
Data do Passaporte: 1957
Nascimento: 1940




2
Nome: Elisa dos Anjos Brás
Data do Passaporte: 1952
Nascimento: 1921





3
Nome: Pe. David Ramos Fernandes
Data do Passaporte: 1964
Nascimento: 1918





4
Nome: Reinaldo dos Santos Pires
Data do Passaporte: 1939
Nascimento: 1901

5
Nome: Guilhermino Cândido Machado
Data do Passaporte: 1952
Nascimento: 1919





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Para ajudar a identificação é indicada a data do passaporte.  

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

CRÓNICA BREVE [em três partes]

3: “SUAVE MILAGRE”[1]

Quando, lá do Céu, viu o seu corpo encafuado na cripta daquela que viria a ser a catedral de Compostela (estavam a decorrer as obras), tapado por não sei quantos telhados, S. Frutuoso entristeceu[2]. Foi ter com Deus nosso Senhor e fez-lhe o seguinte pedido:

Senhor: sempre abandonei o meu querer para Vos obedecer. Nunca, enquanto fui vivo, pude realizar o desejo de viver longe dos Homens para Vos louvar em comunhão com as criaturas de que também sois Pai. Quando chamastes por mim, respondi sem medo da morte e acreditei que o meu corpo terreno, naquela sepultura virada ao céu, encontraria finalmente o lugar em que pudesse cumprir o sonho. Crença vã, pois de novo me foram buscar e encerraram-me num lugar onde, em vez da Vossa, sou obrigado a contemplar a obra dos Homens. Por isso, Senhor, Vos peço: libertai-me deles!


Então Deus, compadecido, deu a Frutuoso a possibilidade de, em espírito, habitar qualquer lugar da face da Terra, por si escolhido. O Santo lembrou-se de que, nas suas deambulações, passara por um vale aberto, atravessado por um pequeno rio em cujas margens cresciam teixos e amieiros. Esse vale estava rodeado de montes povoados de touças e soutos que faziam medrar toda a casta de vida livre. Recordou, ainda, aquilo que pensara na altura: “o paraíso terreal, se não calha ser no Oriente, poderia bem ter sido aqui!”

E foi assim que S. Frutuoso tomou Teixedo como moradia do seu espírito. E é desse espírito que, ainda hoje, bebem os naturais de todas as aldeias em redor: o dia dividido entre o trabalho árduo e o louvor a Deus, o respeito pela natureza, a entreajuda fundada num intenso sentido de comunidade e o rigor absoluto na observância de tais princípios que não se compadecem com a desobediência. E, acredito, também o amor pelos livros lançou raízes fundas em alguns desses lugares.

Em certo tempo que não sei precisar, alguém decidiu erigir uma capelinha da invocação do Santo. Fê-la singela – um cubo apenas, espécie de miniatura de um dos corpos do templozinho de Montélios. Na face voltada a Norte, cinco degraus conduzem a pequeno púlpito que está em vez do arcossólio. E é dali que, sem ser visto, S. Frutuoso espalha as suas bênçãos e torna milagrosa a água do estreito rio que os aldeãos se não cansam de aspergir sobre os animais doentes, assim como a água de nascentes e ribeiras que me não canso de beber, de tão saborosa e paliativa que é.


[1] Fui buscar este título, de empréstimo, a um conto de Eça de Queiroz.

[2] Só em 1966, aproveitando as celebrações dos 800 anos da restauração definitiva da arquidiocese de Braga, que estavam próximas, é que Compostela aceitou devolver as relíquias de S. Frutuoso. A bem dizer, não foi devolução completa: os restos mortais do Santo foram irmãmente divididos entre ambas (uma partilha macabra, em meu entender). As relíquias dos restantes santos, roubados pelo bispo Gelmires, regressaram a Braga em 1994.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

CRÓNICA BREVE [em três partes]



 2: S. FRUTUOSO

Os acontecimentos relatados anteriormente passaram-se no início do séc. XII. Recuemos, agora, até ao séc. VII e entremos no Reino dos Visigodos.

Os Visigodos, se bem se lembram, conquistaram a Península Ibérica no séc. V. Eram um daqueles povos vindos lá da Germânia, sem um pingo daquilo a que os romanos chamavam civilização: hábitos de vida refinados, aspecto asseado, belas cidades, um sistema de leis organizado (o direito), uma cultura primorosa, etc. Ora, no séc. VII já estes bárbaros conviviam havia 200 anos com os romanos e tentavam parecer-se com eles. Para nossa sorte, adoptaram muitas  das coisas boas que viram, sobretudo a Língua e o Cristianismo que o Império perfilhara no fim dos seus dias. No íntimo continuavam rudes, mas a sua conversão ao Cristianismo permitiu que a Igreja fosse actuando e lhes inculcasse o dever de cumprir com os Mandamentos – lentamente, porque depressa e bem não há quem e, afinal, era desses bárbaros com pouco polimento que a Igreja precisava de se servir como padres e bispos.

Frutuoso era um desses visigodos, de família nobre e rica. Ficou órfão muito novo e estudou numa escola episcopal, destinando a sua vida ao serviço da Igreja. No início da idade adulta teve, porém, ânsias dramáticas de mudança: deixou Palência, foi para El Bierzo onde os seus pais tinham boas propriedades, deu tudo aos pobres e decidiu tornar-se eremita. Qualquer buraco lhe servia de casa, passando os dias na contemplação da obra de Deus. A sua fama, no entanto, espalhou-se e rapidamente começou a chegar grande cópia de pessoas de todos os tipos: velhos e novos, escravos e senhores, soldados e generais, todos trazendo as mulheres e os filhos, se os tinham. Perante tal afluência, lá tiveram que se começar a construir casas que, ao longe, pareciam uma aldeia. E foi assim que nasceu o primeiro mosteiro fundado por Frutuoso. Homens e mulheres, apesar de partilharem o espaço, levavam vidas separadas. As crianças estudavam na escola, preparando-se para servir a Deus. A tudo Frutuoso deu regra, sendo das mais importantes a obrigação da vida comunitária e o trabalho para a satisfação das necessidades do corpo.

Terminada a obra involuntária, desejou retomar a vida de eremita, deixando o cenóbio que fundara. De novo procurou a solidão no meio de serras agrestes, mas de novo tudo se repetiu e lá teve de recomeçar a partir do zero. E também dali se escapou, assim que viu que tudo estava bem encaminhado. Mas de nada lhe valeu. O processo repetiu-se outra vez, e outra, e outra… dizem que foram, pelo menos, vinte os mosteiros que criou, sempre em lugares inacessíveis das montanhas da Galiza, da Bética e, até, da Lusitânia! E sempre acompanhado dos códices da sua biblioteca, a única companhia de que nunca se separava.

Cansado desta vida, quis empreender peregrinação à Terra Santa, mas nem esse desejo pôde concretizar, pois o rei Recesvindo mandou-o prender em Toledo porque queria fazer dele bispo de Dume (ao pé de Braga) e foi já nessa condição que participou no Concílio de Toledo (ano de 656) onde a sua presença foi muito estimada e o seu conselho muito ouvido. Durante esse mesmo Concílio, e perante a resignação do bispo de Braga, foi eleito bispo dessa diocese, assumindo as duas prelazias. Pobre do S. Frutuoso, que quanto mais ansiava pela solidão, mais os homens exigiam a sua presença!

 Lá foi ele para Braga em cujas proximidades, naturalmente, fundou mais um mosteiro (Montélios). A par do mosteiro, quis que se fizesse um templozinho, de planta simples, como se fossem quatro cubos unidos uns aos outros e que é hoje um dos mais originais exemplares da arte visigótica da Península Ibérica (1). No exterior do “cubo” virado a Norte, mandou que se rasgasse um arco para aí encravar a sua sepultura (arcossólio). Já que em vida não pôde, pelo menos que na morte lhe fosse permitido, sem grandes obstáculos, contemplar sossegadamente a obra da Criação.

A fama de Frutuoso persegue-o. Fala-se de milagres singelos em que salva animais de serem caçados e pessoas de se afogarem nos rios. A Braga, não param de chegar peregrinos para o escutarem e monges para o mosteiro. Braga cresce e Frutuoso morre (c.665) quando já todos lhe chamam santo.

Braga continua a crescer, embora a situação se complique muito porque um turbilhão de cavaleiros com turbante na cabeça e cimitarras na mão, vindos do Norte de África, conquistaram rapidamente o Reino dos Visigodos e instalaram o culto a Alá. No tempo dos mouros, muitas coisas são destruídas, mas não a fé nos milagres de S. Frutuoso cujo culto retoma o antigo fulgor mal o Norte peninsular é reconquistado pelos cristãos que se tinham refugiado nas Astúrias. São os ossos deste santo que o bispo Diogo Gelmires roubará, 400 anos depois da sua morte, temendo que Braga recuperasse o antigo brilho e impedisse Compostela de florescer.

Que terá pensado S. Frutuoso da aleivosia do bispo?
__________
Notas: 
(1) A planta do templo de S. Frutuoso tem um nome: diz-se que é em "cruz grega" (+, ou seja, em que os braços da cruz  cortam o eixo vertical pelo meio, por oposição à "cruz latina", †, que é a mais comum entre nós.).

Estas e outras fotografias do templo de S. Salvador de Montélios podem ser vistas na página do IGESPAR
A fotografia que abre o artigo mostra-nos uma estátua de S. Frutuoso presente na Sé de Braga.

sábado, 1 de dezembro de 2012

PARABÉNS!


Todos somos seus amigos
e de todos são amigos.
Percorrem as ruas do povo e não há quem se não alegre ao vê-los
porque para todos têm palavra afável,
gestos de simpatia,
um mimo a oferecer.

São a Senhora Áurea e o Senhor Eduardo,
pessoas em quem descansamos de ver a Igreja aberta e cuidada do muito que sobra aos mordomos.
Hoje fazem 50 anos de casados - 50 anos felizes e bem merecidos.
Que Deus no-los conserve!

Há notícias que sabe bem dar!