terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Entrudo chocalheiro

Já lá vai o tempo em que as ruas de Rebordainhos se enchiam de marafonas que alegremente se divertiam e animavam os restantes.














Hoje os tempos são bem diferentes mas, ainda houve quem no domingo passado fizesse questão de se divertir. E, vai daí, com algumas roupas improvisadas (outras nem tanto), esta família de marafonos apresentou-se da forma que podem ver.


domingo, 15 de fevereiro de 2015

BODAS DE OURO

Ali na Portela, depois de acalmar a sede com a água fresca da Fonte Grande, quem passa orienta os passos para aquelas escadas boas de subir e ali se queda na certeza do bom modo e da palavra gentil dos donos da casa. 

Em todos os sítios se conversa, mas, naquelas escadas, ou dentro da casa daqueles donos, a conversa sabe melhor porque há sempre uma história divertida a dispor-nos bem. E é por isso que pagamos aqueles momentos bem passados com gargalhadas francas.

Naquela casa, enquanto eram jovens, tocava-se guitarra e cantava-se o fado, fosse para entreter as longas noites de Inverno, fosse para encerrar os dias das boas colheitas de Verão. A alegria é, pois, o seu modo de estar na vida, nunca atrapalhada pelo trabalho duro de todos os dias.

Ela é senhora da voz mais bonita que eu já ouvi em Rebordaínhos; ele tem a arte nas mãos e serão poucas as casas onde não existem marcas dela.



São os meus primos Rafael e Ester, a família mais próxima que tenho na nossa aldeia, e fizeram ontem cinquenta anos de casados. Que Deus os abençoe para sempre, como sempre nos têm abençoado a nós com a sua amizade.

Aqui estão eles, na companhia dos seus filhos, netos e noras que lhes souberam proporcionar uma homenagem sensível porque bem merecida.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Desafio


V

Regressando à identificação da localização de pedras com datas gravadas, quem consegue adivinhar onde se encontram estas?

1. 193? - Forno de José Fernandes













2. 1801 - Pereiros


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

OS CANCELOS


Os cancelos são portas fechadas à frente de portas abertas. São portas que não encerram nem impedem – quase parecem acto falhado, intenção interrompida ou autoridade envergonhada. Eles lá estão, contudo, à entrada de nossas casas…

Não travam a vadiagem do gato que tem na gateira honras de entrada própria;
Não tolhem a invasão das pitas que armam o salto e, ala para dentro, ciscar onde querem;
Não impedem a entrada de pessoas que alçam a mão, puxam o garabito e transpõem a soleira da porta antes de acabarem de dizer “eila!”

Os cancelos parecem afirmação não conseguida, um faça à conta que são portas fechadas, apesar de estarem abertas…

O cancelo parece ironia tosca: meia porta cerrada diante de uma porta inteira escancarada todo o dia.

O cancelo parece isso tudo, não sendo nada disso.

Todos nós sabemos bem que só entramos numa casa quando somos muito próximos de quem lá vive. Nas outras chamamos cá de fora e esperamos por ouvir o “entre, quem é”, em manifestação clara de respeito pela intimidade de quem lá vive. O cancelo é, pois, forma subtil de estabelecer a fronteira entre o espaço exterior que é público e o espaço familiar que se estima em recato.

O cancelo é o limiar da privacidade.

E aqui estou eu a falar no presente enquanto reflicto sobre uma realidade que é quase só arqueológica.

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Nota
Creio que a nossa tão bela tradição de mantermos aberta a porta da rua tem origem bastante prosaica: a porta aberta deve ter nascido da necessidade de iluminar e arejar o interior das habitações, por ser ela a única abertura que existia para o exterior.