quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Manto branco

Mais algumas fotos da nossa aldeia bem branquinha!


Boneco de neve

Hoje nevou bastante! E como tivemos que ficar por aqui, aproveitámos para fazer um boneco de neve (entre idas e vindas ao café do Bino acalentar, pelo menos, as mãos). As fotos ilustruam esse trabalho...

domingo, 24 de fevereiro de 2013

SAUDADES DO TEMPO QUE SE NÃO VIVEU


Ofereceram-me um livrinho de orações. Não tem data de edição, mas é do fim do séc. XIX e intitula-se "Abreviado da Missa e da Confissão". Foi editado em Paris por G. Jeener (Rue du Château d'Eau), destinando-se ao mercado em Língua Portuguesa, conforme se infere das palavras do bispo do Pará que o recomenda do seguinte modo:

Nós
António Macedo 
Pela graça de Deus e da santa sé apostolica Bispo do Pará e do Amazonás, etc.





Este "Manual da Missa" pareclanos, pelo que d'elle pudemos ler, é um excellente directorio dos principaes exercicios da piedade catholica. Escripto em lingoagem correcta, bem ordenado em suas partes, cheio de amor da religião, pode tornarse utilissimo para os fieis e, por isso, ao mesmo tempo que louvamos a dedicação do benemerito editor, o sñor. Jeener damos com gosto a nossa approvação a este Livro, fazendo votos para que se divulgue e propague, cada vez mais, em todo o Portugal e o Brazil, e particularmente na nossa diocese.



É um gosto ler o livrinho, mas não é do seu conteudo que venho falar, antes, da lingoagem em que vem escripto, sem differenças  entre Portugal e o Brazil, porque  da mesma língoa (ou lingua, admitiam-se as duas formas)  se tratava. É este, pois, o assumpto que justifica o título do artigo em que manifesto  saudades de um tempo que não vivi,  e que foi o da uniformidade orthographica.

Em 1910 foi implantada a República e, logo em 1911, uma comissão de sábios foi incumbida de proceder á simplificação da orthographia da Lingoa Portugueza de modo a facilitar a sua aprendizagem e, com isso, lograr diminuir-se o analphabetismo. Decisão unilateral que provocou a primeira ruptura com o Brazil, e daí em diante sem cessar, até ao descalabro a que chegámos  hoje, uma lingoa  sem mãy nem pae, condemnada a um beco sem sahida.

Que Deus lhes perdoe, porque eu não sou capaz.



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Nota: no texto do bispo do Pará existe uma palavra que desconheço e não encontro em sítio nenhum: "pareclanos". Agradeço do fundo do coração a quem me possa elucidar.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O BALÃO DO JORGE



por

ANTÓNIO AUGUSTO FERNANDES





Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra da terra





O que muito me espanta em Rebordainhos é a profusão de topónimos, que é como quem diz de nomes para dar aos sítios. A cada cem metros aparece um nome novo, sem que, muitas vezes, nada nos faça perceber o que mudou na paisagem para lhe mudar o nome. Rebordainhos esbanja nomes por uma pá velha. E todos eles bonitos. Assim, quem segue para poente, mal se passa a portela de Vale-da-Frunha d’Além, já está na Cruzinha e logo começa a descer para a Corredoura; dois passos andados e encontra-se na Chãera. Aqui podemos cortar à esquerda para o Blagoto, ou seguir em frente para o Alto do Sirgo. (Ah este nome tão romanticamente medieval! Sedia la fremosa seu sirgo torcendo / sa voz manselinha fremoso dizendo / cantigas d’amigo). Para a direita, lá vêm as Fontelas, os Cerejais, onde se corta ou para as Bouças ou para o Catrapeiro.
Ora foi aqui, nesta bifurcação, que as coisas aconteceram.

O Jorge (quem dianho é o Jorge?...) Mas se eu disser o Pilatos, toda a gente me entende. Ora o Pilatos da tia Zulmira (já lá vão uns sessenta anos) tinha ganho, de um tio qualquer a viver na civilização, um balão, um magnífico e berrante balão de borracha encarnada, desses que hoje se compram em qualquer chafarica por uns míseros cêntimos. Só que, historicamente, tratava-se do primeiro balão a aparecer em Rebordainhos. E a malta da escola seguia em rancho atrás do Jorge e do seu balão vermelho, na expectativa de ter o privilégio de segurar por instantes o balão vermelho do Jorge para depois o largar e ver como ele pairava, movendo-se molemente como que embalado pelo ar.

Nessa tarde o Jorge ia a recados lá p’rós lados do Catrapeiro, claro! não largando o seu balão vermelho atado com uma guita, e um rancho acolitava o Jorge mailo balão. Entretanto, pela meia tarde, levantara-se dos lados de Vilardouro uma aragem arisca que depressa se transformou em vento agreste, a dar senhas de mudança de tempo. A malta queria lá saber de questões meteorológicas! Enlevada, a procissão seguia o balão como um pendão.
De repente um berro: ai o balão!

Toda a gente voltou o olhar para o balão, mas o travesso do balão desatara já a galgar a ladeira, em direcção à Fraga Grande, furiosamente impelido pela ventania. E o pessoal, sebo nas canelas! atrás do balão. Subitamente parecia que o fio ia ficar emaranhado numa giesta, ou entaliscado entre duas pedras, mas cedo se soltava, ganhando mais velocidade. Às topadas em urzes, giestas, calhaus, nada o detinha, nem tão pouco rebentava. Era mesmo de bom material o balão do Pilatos! Aguentámos a corrida esbaforida ladeira acima na esperança de que algum empecilho lhe detivesse a fuga desenfreada. Debalde. Chegado ao topo, o estuporado deixou de tropeçar em pedras, giestas e urzes, ganhou mais velocidade ainda e… levantou num voo desimpedido.
Ainda ficámos um bom pedaço a mirá-lo, na esperança de que mergulhasse como perdiz ferida na asa. Mas o belo e fugaz balão navegava triunfalmente ares fora como ave liberta das peias: já passara sobre a Tergaça, já sobrevoava os lameiros da Teixeira…
Bem decerto voltava para as mágicas paragens donde viera.

Por acaso, não te lembras, Jorge, de quem deixou escapar o Balão? Não? Atão tamém não to digo!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O FIM

Hoje,
Vela-me, como se vela um morto.
Senta-te!
Olha-me, enfim, prostrado e deitado.
Nas núbias cores agora visíveis,

Atento à flor de lis e purpúreas hortênsias,
Símbolo do amor perfeito,
Com alguns lírios brancos
Derramados pelo chão,
Onde jazem anos de vida terrena,
Lê meus lábios…

                                                  Nas palavras outrora proferidas,
Agora lembradas e retidas,
De um conselho amigo…

Fita-me no corpo frio,
Que mais não tem para deixar
Além da Saudade eterna,
A eterna fome de te abraçar.

Velas lúgubres iluminam meu caminho,
Luzes do além…
Fontes de vida que se sucedem,
Botões de rosas que renascem
No perfume que a vida tem.

Já cá não estou para te ver,
Mas mesmo assim estou feliz
Por te ver nascer.

Levando comigo o teu olhar,
Sei que estarei contigo
Em qualquer lugar,
Mesmo lá no fim…
Onde as cores terminam.

E PARA TODO O SEMPRE…..


                                                                                                                                       
Orlando Martins (2013)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Montaria ao Javali

Vai realizar-se no próximo Sábado mais uma montaria ao javali organizada pela associação de caçadores. Deixo aqui o cartaz para elucidação dos interessados.










Desta vez a neve apenas espreitou, mas foi o suficiente para colorir em tons de branco aos telhados da aldeia...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

DEPOIS ADMIRAM-SE

Hoje, ao abrir o jornal Público, foi como se recebesse um murro no estômago. Há imagens que, de tão simbólicas, não podem ser esquecidas, nem as suas circunstâncias ignoradas.

 Hoje, na Grécia

Ontem, na Alemanha
(Cartaz nazi de 1932 prometendo "trabalho e pão")

Desemprego, despedimentos, desrespeito pelo horário de trabalho, redução dos salários reais ou nominais - enfim: miséria - conduziram à aceitação, pelo povo, de políticas criminosas nos anos 30 do Séc. XX.
Foi há tão pouco tempo! 

Quem anda cego perante os sinais?

domingo, 3 de fevereiro de 2013

ROSTOS

Aproveitando a fotografia que abre o artigo anterior, vamos lá identificar os rostos nela presentes. Uma das pessoas está quase totalmente ocultada pela rapariga com o número 15. Atribuí-lhe o número 21 e ampliei o pormenor o mais que pude, sem desfocar. O resultado é fraco, mas pode ser que resulte nalguma coisa. Dou uma pista: o Filinto disse-me que os sobrinhos estavam todos presentes.

(Aproveito, ainda, para identificar a personagem que ficou por reconhecer na fotografia anterior: é o Padre Carlos Alberto, antigo Salesiano, ainda no activo na região de Setúbal, figura próxima de D. Manuel Martins, o incisivo e notável bispo de Setúbal. Agradeço as informações ao Filinto).


                              1: Sr.ª Matilde
                              2: Tio António "Piloto"
                              3: D. Gina (Regina, casada com Gilberto)
                              4: Sr.ª Céu
                              5: Tia Maria
                              6: Tia Olímpia
                              7: Mimi (M.ª de Lurdes, sobrinha do Sr. Herculano)
                              8: Sr. Jaime (irmão da D. Natália)
                              9: D. Cilinha (mulher do Sr. Jaime)
                              10: Sr. Duarte
                              11: Geninha (filha da D. Cilinha)
                              12: Víctor (filho do sr. Gilberto)
                              13: Sr.ª Lúcia
                              14: Orlando
                              15: Maria Augusta
                              16: Toni (filho do sr. Jaime e da D. Cilinha))
                              17: Filinto
                              18: Sr. Gilberto
                              19: Ana Maria
                              20: Zé "Panarra"
                             21: Lena (?  - Só por exclusão de partes, atendendo a que estariam presentes todos os filhos do tio António e da tia Maria)