sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

SR.ª IRENE e SR. VÍCTOR



Ao Sr. Víctor e à Sr.ª Irene
que são
Amigos um do outro,
Constantes no carinho que se dedicam mutuamente,
Companheiros nas horas felizes e nas horas amargas,
Consagrados aos filhos,
Devotados aos amigos,

Porque
Punham adiantado nas casas dos outros, aceitando receber quando calhava
E com o seu trabalho ajudaram a crescer a nossa terra,
Deus acrescentou-lhes as bênçãos merecidas.


____
Aproveitando este exemplo de perseverança, o blog de Rebordaínhos quer desejar a todos um

domingo, 26 de dezembro de 2010

NATAL

Motivos vários impediram-nos de gozar este ano o calor do Natal em Rebordainhos.
Apesar disso, não pude deixar de fazer uma pequena reportagem do que por lá se passou. No entanto, como não estive na missa de Natal, a reportagem está incompleta. Não tenho fotografias, nem do charolo, nem do ramo.
Tinha nevado durante a noite, mas quando me desloquei à aldeia havia, apenas, uns restinhos que ainda se podem ver nalgumas fotos. Mas o frio manteve-se, a ponto de produzir aqueles "candeolos" com cerca de um metro de comprimento, que podem ser admirados na casa dos manos.
Assim, e porque não tenho muita habilidade com as palavras, deixo algumas imagens. Valem muito mais.

Augusta

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL

Arvore de natal


LUZES DE NATAL

I

..........................Carregaram-me de netos os meus filhos
..........................Novas luzes na árvore de natal

II

..........................David...Teresa...Inês...Rita...Maria
..........................Meus meninos Jesus.... Minha alegria

..........................Em dez olhos a luz que me alumia
..........................nesta Noite que é noite mas é Dia


David Mourão-Ferreira, 1984


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

EQUIPAMENTOS DA EQUIPA DE FUTEBOL


São interessantes as histórias à volta dos equipamentos da nossa equipa de futebol.

Disseram-me que os houve do FCP, do Victória de Setúbal, do Benfica e, até, ao tempo do meu tio António Pincha, um que era todo verde. Nesses idos já distantes jogava-se, não na Cabeça, mas no Castelo.

As duas fotografias de que dispomos parecem mostrar o mesmo fardamento, mas não deve ser, por causa das histórias que lhes estão associadas. Sobre aqueles que vemos na fotografia da esquerda (devem ser os do FCP) sabemos que foram comprados pelos jogadores que, para arranjarem o dinheiro, se juntaram e justaram a segada de uma terra de pão. São várias as pessoas a confirmarem a história.

Sobre os da segunda fotografia ficámos a saber que foram oferecidos por um primo da D. Graça, o Sr. Jaime (ver comentário da Olga ao artigo anterior), o mesmo que aparece em sombra na fotografia. Este Sr. Jaime, lembrou a Augusta, é o pai do marido da Ana Maria (do tio antónio Piloto).

Como se terão obtido os restantes? A minha irmã Amélia lembra-se de ver a minha irmã Albertina a bordar os emblemas das camisolas. De quais seria?

Informações recentes dadas pelo Rui Freixedelo (podem ler-se na caixa de comentários. Estou a escrever a 27 de Dez. de 2010) dizem-nos que houve mais equipamentos. Um de cor vermelha e preta com o patrocínio do talho do Francisco Martina; outro azul e branco que não sei se será aquele que já referi, mas estou em crer que não, porque o patrocinador era, já, o Armindo Pais (embora sejam, provavelmente, anteriores aos vermelhos e pretos).

E é com este cruzar de informações que vamos avivando as nossas memórioas. Se houvesse mais quem se dispusessem a fazer o mesmo...!

Deste peregrinar pelo mundo do futebol sobressai algo que era muito nosso: o juntar de forças e vontades para alcançar aquilo que almejamos, mas também a aceitação e agradecimento da oferta quando ela surge. Ainda conseguiremos ser assim?

sábado, 11 de dezembro de 2010

ROSTOS

Quero agradecer à Ondina que me enviou duas fotografias muito interessantes. Começo por publicar a mais antiga, datada de 13 de Abril de 1969. Será que nos reconhecemos sem haver lugar a dúvidas?

Aqui fica e, como sempre, aguardo pelas vossas sugestões. Lembro que já tinha publicado uma semelhante, enviada pelo Tonho Brás e que pode ser recordada aqui.


............... 1 - Artur Pereira (do tio Fouce)
............... 2 - João Veigas
............... 3 - Guilhermino Fernandes (Sortes)
............... 4 - Luís Jeremias (de Arufe)
............... 5 - Armindo Pais (do tio Foguete)
............... 6 - tio Aniceto ?
............... 7 - Henrique Pereira (do tio Arnaldo)
............... 8 - Carlos Pereira (do tio Arnaldo)
............... 9 - Pedro Pereira (Manuel do tio Fouce)
............... 10 - Tarcísio Martins (do tio Sebastião)
............... 11 - César Pereira (Baptista)
............... a) Vaz? Manuel da tia Hélia?
............... b)
............... c) Sr. Jaime (primo da D. Graça)

Perguntas, a brincar, para responder quem souber (tive que contar com o "treinador" para chegar aos 11!) :

Porque é que a equipa estava desfalcada? Houve um que se zangou ou era feio de mais para a fotografia?

Eis a resposta às minhas dúvidas, dada pelo Baptista, com a ressalva de que a memória o pode estar a atraiçoar: A equipa estava desfalcada porque houve um que se zangou por não lhe atribuirem a posição que ele tinha a certeza que merecia.

Valente génio, digo eu!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

ARES DA SERRA

EM LOUVOR DO LAREGO

por

ANTÓNIO AUGUSTO FERNANDES


Sim, as malhas eram a grande celebração das colheitas, mas muito suor, muita poeira, muita mosca, muita dor de quadris. A verdadeira festa da serra, a celebração ritual da abundância era mesmo o mata-porco.

Por algum motivo os nossos remotos bisavós tinham esculpido em granito, no pino da serra, no sítio a que ainda hoje chamamos a Fraga do Berrão, uma grosseira representação em granito do porco bísaro, que os de Parada nos roubaram à falsa fé. Esse, o bísaro, era tão natural dessas serras quanto os seus serranos. E estes deviam-lhe a subsistência durante as grandes invernias, quando a terra se amortalhava e o temporal empecia as caçadas e a recolecção dos frutos da terra. Ainda não se esmiuçou bem a origem etimológica de larego, mas desconfio que tem a ver com lar: o sustento do lar, o conforto do lar, as delícias de Sardanapalo à disposição do lar dos pobres. Diziam os entendidos que cada parte do reco tinha o seu sabor peculiar, o que dava origem a um sem número de pitéus diferentes e todos de excelência. Quem não recorda o perfume inebriante de um bom naco de lombo em vinha-de-alhos a rechinar sobre as brasas de carvalho, nas noites de invernia, enquanto se seroava e o vento zoava lá fora no arvoredo? E aqueles mimos inexcedíveis do salpicão, do presunto, do pisperno cozido ou assado no forno e, menos convencional mas não menos sápido, do petisco da costela seca no sal e cozida com casulas? Ou ainda os rijões do redenho que se guardavam no pingue em panelas de barro para o tempo das ceifas? Não esquecendo toda aquela panóplia saída das mãos milagreiras e dos saberes da dona de casa e que constelava o céu de qualquer cozinha montesina: as alheiras, as chouriças, os chouriços doces, os chouriços azedos, o palaio, o cagateiro, o butelo, os chavianos…


Foi todo este entorno cultural que deu origem aos ditos: pelo Santo André, agarra o porco pelo pé. E ainda: pelo Santo André quem não mata porco mata a mulher. Não, o rifão não é tão uxoricida como parece à primeira vista; apenas significa que quem não mata porco mata a mulher do dito, ou seja, a porca; ou, vá lá, numa leitura mais lata, mata a mulher à míngua, porque, em casa sem mata-porco entra a fome pela certa.

O tempo das matanças era no pino do inverno, quando nas lareiras os imensos cavacos de carvalho ou castanho se desfaziam em brasido resplandecente e as geadas curavam as carnes do cevado imolado, juntamente com o fumo da lareira, ambos coados pela telha vã das cozinhas, sem recurso ao frigorífico (que aliás nem existia). Já repararam que, desde que a civilização e os requisitos do conforto forraram as cozinhas, impedindo a entrada das geadas e a circulação livre do fumo, e desde que insecto malvado matou os negrilhos com cujas folhas se apuravam as carnes do cevado nas suas últimas semanas de vida, o fumeiro já não é bem, bem a mesma coisa?!

Ah! aquelas manhãs em que pairavam no ar farripas de neblina, a que se misturava o fumo das lareiras acesas desde a manhã e a fumaça da palha queimada a chamuscar os bichos imolados!... Por essa altura já fazia frio, os trabalhos mais prementes do campo haviam cessado e sobrava todo o tempo do mundo para o convívio e uma boa cavaqueira.

Logo à pormanhã, os matadores iam-se ajuntando com seus vagares para o mata-bicho: umas lascas de trigo com uns figos secos e umas nozes, tudo empurrado por uns tragos de aguardente. O matador aparecia para pontificar ao ritual, com a longa faca bem afiada embrulhada em toalha de linho, como instrumento litúrgico consagrado a este acto e, por isso, preservado dos rasteiros usos culinários. Como quase sempre se tratava de alimárias a rondar as dez arrobas, a primeira grande aventura residia em convencer o bicho a deixar-se agarrar. Mas como bichos que eram, privados da vianda nas vinte e quatro horas anteriores para limpeza dos intestinos, dizia-lhes o instinto que não era para coisa boa que aqueles forasteiros lhe invadiam a loja, em vez da dona com a vianda. E era o cabo dos trabalhões para convencer o bicho a deixar-se atar ao banco onde iria ser imolado.

Passo em branco a parte mais cruenta do acto, não vá algum elemento mais zelota da ASAE vir meter o nariz inquisitorial na última das matanças que porventura ainda se realize em Rebordainhos para lhe aplicar a coima e a subsequente proibição definitiva. Para efeitos práticos e politicamente correctos, aqui se deixa exarado que as matanças acabaram definitivamente, são apenas recordações medievais.

Hoje, o que mais densamente me povoa a memória é toda uma sinfonia dos odores fortes desses tempos de invernia em que se faziam as matanças. O cheiro da terra fecundada pelas primeiras chuvadas, o aroma forte da folhagem de carvalhos e castanheiros a decompor-se por touças e soutos ou a curtir nas ruas da aldeia, o aroma difuso dos cogumelos de toda a espécie, ou roquelhos como então se dizia: as rocas ou freirinhas, os míscaros, as carneiras, os tortulhos, as mozinhas, as repolgas, as línguas de vaca… eu sei lá. O incenso das lareiras onde ardem as achas de carvalho de mistura com os perfumes do que fervia nos potes de ferro. A todos estes odores que pairavam no ar, vinham misturar-se os cheiros violentos e desencontrados que falavam das matanças, desde o acre dos fachocos de palha para a chamusca, ao esturro dos pêlos queimados e da pele estonada do bicho. Não havia Chanel que se lhe comparasse, porque tudo tinha um cheiro forte de vida intensa.

Imolado o animal entrava-se na fase das abluções. Como a água era colhida, depois de se partir o gelo, no tanque onde a cria ia beber, era uma tortura digna da Santa Inquisição apanhar com aquela água gélida nas nozes dos dedos, enquanto com um áspero calhau de granito ou um caco de telha se procedia à raspagem generalizada do courame. Em seguida, meia dúzia de navalhas peliqueiras aplicavam-se a barbeá-lo: havia os generalistas, que raspavam a parte mais fácil do lombo e da barriga, e os especialistas que se dedicavam com desvelo de artistas ao pormenor das orelhas, da focinheira e dos chispes. E o defunto ficava escanhoado que nem acabadinho de sair das mãos do Armindo da Eira, nosso barbeiro oficial. Limpinho que até o Sr. Bispo lhe podia pegar ao colo.


Por essa altura já um corregidoso lhe tinha sacado das patas ainda a ferver os dedais para os introduzir no bolso distraído da jaqueta que lhe estivesse mais à mão, e já os garotos rondavam para se assenhorearem do rabo do bicho, petisco que por tradição lhes competia para assarem na brasa. Com o animal de barriga voltada para o céu, as patas seguradas por quatro acólitos, o matador, como mais entendido em cirurgia, traçava-lhe na barriga golpe preciso em forma de barcaça, para depois sacar a barbela, condimento imprescindível para as alheiras. Retiradas as banhas, condenava-se no ar gélido da manhã, o cheiro enjoativo das entranhas ainda fumegantes. Havia que extraí-las com o máximo rigor, não fosse a vesícula rebentar e inutilizar o fígado, ou gesto mais atabalhoado perfurar os intestinos destinados aos enchidos: despejavam-se cuidadosamente para um grande cesto de verga forrado com panos de estopa e sustido por mulher vigorosa. Aqui se iniciava a mais dura de todas as tarefas ligadas à matança: quatro ou cinco mulheres valentes assumiam a responsabilidade de transportar essa tripalhada até à ribeira, armadas de rocas − os paus de virar tripas − para as lavarem antes que a aragem as congelasse. As pobrezitas regressavam só lá para a hora do jantar, embiocadas nos xailes, enregeladas, de pingo no nariz, tentando aquecer as mãos engaranhadas debaixo dos sovacos. Eram recebidas como heroínas e socorridas na cozinha com o suplemento calórico duma malga de café a ferver temperada com bagaceira. E eram mesmo umas heroínas, essas mulheres de então, que pariam os filhos com a naturalidade das matriarcas bíblicas e batalhavam nos campos com o denodo de homens!

Era nesta fase final, depois de limpo e lavado com vinho o cavername interior do animal, que os homens se deixavam acometer pelo pecadilho das matanças: subtrair um chichozito do lombo para ir assá-lo numas brasas sorrateiras das vizinhanças. E os donos já sabiam que não valia a pena proibir ou vigiar para que a fatalidade não acontecesse, porque quanto mais apertada fosse a vigilância mais pesado era o tributo. Limitavam-se por isso a suplicar: eh! rapazes, poupai-me, que a casa é pobre!... Ainda recordo a última destas façanhas a que assisti. Minha Madrinha, com a fera catadura que lhe era conhecida e o ar autoritário de quem não admitia ser contrariada, numa tarefa que só a homens competia, proibiu terminantemente que lhe tocassem nos lombos do animal, extraordinário bicho, aliás! E postou-se com severo olhar de Argos a supervisionar todas as operações. Olha o que tu foste fazer! O tio Eurico, que comandava as operações de abertura do bicho, riu-se por baixo dos bigodes (espera aí que já levas!). Deu golpe fundo nas carnes do lombo mas deixou o tassalho preso por uma febra. Quando o animal já estava a ser içado para ficar dependurado na trave com o tamoeiro e minha madrinha dava por findas as tarefas de supervisão, o tio Eurico, como que dando um sacolejão mais forte para endireitar a carcaça, à sorrelfa sacou o chicho predestinado e enfiou-o no bolso da jaqueta que lhe estava encostada, a do tio Hermínio, outro cidadão exímio em pregar uma boa partida. P’ra riba dum quilo!

Estes meus amigos que me perdoem revelar estas atraganices de que nem eles já se lembram, mas aqui deixo o meu muito obrigado por me terem convidado para a função da assadura, em casa do tio Adriano, ali ao lado. O chichinho tostadinho na brasa, além do perfume do lombo assado tinha também aquele sabor peculiar das coisas proibidas. E a Madrinha, lá do céu, bem sabe que nem sequer passou mais fome nesse ano.

Entretanto à roda dos potes, as mulheres davam a última demão nos preparativos do ágape. E era com gestos de ritual muito antigo que, logo de início, o que não estava nos hábitos do quotidiano, se abria a cerimónia com a bênção da mesa. Rompiam-se as hostilidades com um arroz acolitado por presunto e salpicão cozidos: este era o prato ritual de celebração da abundância, na intenção implícita de lembrar que, Deus fosse louvado, não se haviam passado carestias na roda do ano e os mimos do ano anterior haviam perdurado até ao presente. A seguir, o prato simbólico de movimento inverso, religando o presente com o passado: o verde cozido do bicho recém-imolado, acompanhado de batatas cozidas. Vinha depois o peru alourado no forno, aconchegado em couves guisadas. E, mais que do peru, falam-me à memória essas couves guisadas, como nunca mais comi na vida.

O ágape prolongava-se por horas, porque, além de abundante, os afazeres não apertavam e, à medida que as libações se sucediam, vinham à baila façanhas antigas que de ano para ano se repetiam porque haviam passado já à memoria colectiva, que é como quem diz, faziam parte do património histórico da comunidade: ele era a história daquele bicho que, com uma focinhada nas partes, virara de cangalhas o homem que tentava laçar-lhe o focinho; ele era aqueloutro que, abandonado no banco como morto acordava com o pêlo incendiado e desatava a correr como alma penada pelo nabal, ou ainda o de quinze arrobas que, ao ser dependurado, partia o chambaril e esmagava o focinho no chão; e mais um que, procurado na loja, andava ainda a foçar no nabal… E assim, no conforto da amizade e do vinho, as horas deslizavam cheias e serenas até que alguém se lembrava da cria por acomodar ou de umas águas a tornar… O dono da casa designava então um mais industriado na arte para dar graças e seguia-se uma longa teoria de rezas pelas obrigações da casa, pelos presentes, pelos ausentes… E, a rematar, num gesto de cerimonial antigo sempre repetido, os varões presentes, ao arrastar das cadeiras, desenhavam com a mão direita sobre a mesa o gesto lento de quem colhe uma flor invisível ou recolhe uma bênção. Ainda hoje me traz intrigado tal gesto que parecia brotar da fundura dos tempos em que os patriarcas se sentavam à roda da fogueira nas tendas armadas no deserto e chegavam à fala com Iavé.



Era assim há cinquenta ou sessenta anos! E nós, pobres, éramos felizes. E ricos sem o sabermos!...

domingo, 5 de dezembro de 2010

ESTATÍSTICAS

O tempo das matanças está a chegar e está já alguma coisa na manga para vos oferecer. Brevemente!

Entretanto, quero partilhar convosco alguns dados animadores, para nos ajudarem a distrair deste dia de tanta chuva e de tanto vento. Trata-se de alguns elementos estatísticos que o blogger fornece desde Maio deste ano. Aqui atrás já publiquei um artigo sobre o assunto. Hoje actualizo os dados. Aí vão:


Por aqui podemos ver - se alguém tinha alguma dúvida - que os nossos leitores vivem, na sua esmagadora maioria, em Portugal. Seguem-se a França e o Brasil, ou seja, os dois países que acolhem mais naturais da nossa terra. Recebemos visitas frequentes dos EUA, Suíça, etc.

A consulta destes gráficos é muito interessante. Além de visualizarmos a flutuação de visitas, podemos ver, também, aquilo que as pessoas mais procuram. É normal que o artigo da semana seja aquele que tem mais visualizações para esse espaço de tempo não sendo, por isso, de valorizar. De particular interesse é o número de visualizações constantes em "de sempre". Sem concorrência, o artigo sobre os andores na festa de N.ª Senhora (o de 2008!) é aquele que as pessoas mais procuram. Saliente-se, ainda, que outros artigos, escritos há já algum tempo (como o "Ser Transmontano" do abcd e o "Bairro de À Chave", do António Brás), continuam a merecer o interesse dos nossos leitores.

A todos, um resto de bom domingo

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

JOGOS


Vamos lembrar e inventariar as nossas brincadeiras?

Proponho que comecemos por aquelas que podíamos fazer dentro de casa e que, embora possam ser de qualquer lugar e altura do ano, as fazíamos preferencialmente quando as nossas mães nos não deixavam sair para a invernia.

À cabeça vem-me, agora, uma, mas preciso da vossa ajuda para as descrever, porque me lembro de pouco mais do que do nome:


1 - Porca Perrincha

Faz-se um montinho de cinza com um pau espetado ao meio. Esse pau era a porca perrincha. À vez, cada um dos jogadores diz:

-Ó compadre! Dá-me umas ripinhas de feno para a minha burrinha?

- Vá lá ao palheiro, está lá a porca perrincha, nem morde nem rincha, mas olhe lá a ver se a pincha!

Depois de receber a autorização, o jogador (e cada um dos outros na sua vez) tira uma parcela de cinza, com muito jeitinho para não tombar o pau.

O jogador que tombasse o pau seria aquela que ira agachar-se de olhos tapados, tentando adivinhar o que lhe iam pondo nas costas, respondendo à pergunta: "O que é que te pesa, burro da abadesa? Enquanto não advinhasse não se podia levantar.

Vindo da memória do comentador anónimo, como pode ver-se na caixa de comentários.


2 - Cerrobico

Os jogadores põem uma mão cada um, com os dedos bem abertos. Um deles encarrega-se de, com a mão livre e à medida que dá pequenos beliscões em cada dedo, ir dizendo (cada espaço é um leliscão num dedo):

Cerro - bico - bico - bico
quem - te deu - tamanho -bico
foi o - ouro - e a - prata
senta-dinho - na - buraca
em - busca - da - perdiz
para - o filho - do - juiz
senhora - mãe
senhora - filha
empreste-me - uma - vas-sourinha:

(Nesta altura, esse jogador abre bem a mão, a fingir de vassoura, e desenha círculos sobre as outras mãos, a fingir que as varre. Vai dizendo:)
Varre, varre vassourinha,
se varreres bem dou-te um vintém,
se varreres mal dou-te um real!

Mal acaba a lenga-lenga, fecha a mão em punho e vai dando pequenas nozadas nas cabeças dos jogadores. Cada cabeça corresponde a uma palava:

Çola, Çapata, Rei, Rainha
Vai ao mar buscar a grainha
A casa da Dona Inês
Vai lá tu, que é tua vez!

O jogador em cuja cabeça calhou a palavra "vez" afasta-se o mais possível. Todos os outros juntam-se e escolhem duas coisas para cada um: algo de apetitoso e algo que corresponda a uma partida. Só um deles escolhe trazer o que perdeu às carrichas. Depois de feitas as escolhas, perguntam o seguinte (suponhamos) àquele que se afastou:

- Mais queres vir numa cesta ou no lombo de um burro (mas dizem alternativas para cada um dos jogadores)?
Se escolher vir na cesta e à cesta correspondesse, por exemplo, vir de gatas, era isso que teria que fazer. Mas se escolhesse vir de burro e a isso correspondesse vir às carrichas, o jogador correspondente teria que o ir buscar!

Vindo da memória da Augusta.


3 - O que é isto?

Os jogadores fecham uma mão em punho e, de modo alternado, põem os punhos uns sobre os outros. Um dos jogadores fica com uma mão livre.

O jogador com a mão livre serve-se dela para ir tocando, de cima para baixo, nos punhos dos outros e pergunta:

- O que é isto?
- Um punho! (responde o jogador em cujo punho se toca. E pergunta o mesmo a todos, até chegar ao último)
- O que é isto?
- É uma arquinha velha! (Responde o jogador com o punho no fim da pilha. E prossegue o diálogo:)
- O que é que tem dentro?
- Pão bolorento!
- E por fora?
- Cordinhas de viola
- O primeiro que se rir leva uma castanhola!

Depois deste diálogo, os jogadores fecham a boca e fazem carantonhas uns aos outros, para ver qual se ri primeiro. Ao que se rir, todos os outros dão castanholas na cabeça.


3 - Esconde, esconde não digas nada a ninguém

À volta da lareira, um dos jogadores esconde um botão (ou uma pequena pedra) entre as suas mãos, juntas e esticadas. Os outros jogadores colocam as suas mãos na mesma posição.

O jogador que tem o botão,passando as suas mãos por entre as dos outros jogadores, tem que entregar o botão a um qualquer, sem deixar perceber a quem. Ao mesmo tempo, vai dizendo "esconde, esconde, não digas nada a ninguém!". Por seu lado, quem receber este botão também não pode demonstrar que o tem em sua posse.

Depois de passar as mãos por todos os jogadores vai perguntando, alietoriamente, qual será o jogador que está em posse do botão.
Ganha quem adivinhar e passa a ser este a esconder o botão.

Vindo da memória da Olímpia.



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A imagem é pouco apropriada mas, visualmente, foi o que achei de mais sugestivo para avivar memórias.