sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

ROSTOS

(clicar na foto para ampliar)
A fotografia anterior foi muito fácil de identificar... Vamos lá identificar mais uma fotografia do meu baú de família!!!


1 - Tia Benigna
2 - Amadeu Pereira
3 - Tia Emília
4 - Milita (filha da tia Edite e António Pereira)
5 -
6 - Tia Maria (esposa do Eduardo Pereira)
7 - Nini (filha da tia Edite e António Pereira)
8 - Céu Pereira
9 - Toni (filho da tia Edite e António Pereira)
10 - Fátima Pereira
11 - Afonso (irmão da tia Edite)
12 - Tia Edite
13 -Esposa do número 11
14 e 15 casal amigos da tia Edite
16 - Fernando Pereira
17 - Lurdes Pereira
18 - Tio Hermínio
19 - Tia Luísa

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

ROSTOS


Mais uma do baú, rostos bem conhecidos meus...
Quem ainda se lembra destes rostos e onde foi tirada a fotografia?

(Clicar na foto para ampliar)
1 - Manuel Zé (marido da minha tia Emília)
2 - Emília Pereira
3 - Benigna (minha avó)
4 - Lurdes Pereira (eu)
5 - Hermínio Pereira
6 - Avô Amadeu
7 - António (Juíz)
8 - Ermelinda (minha avó)
9 - Luísa Gomes
10 - Paula Pereira


Lugar: Na eira do meu avô Amadeu atrás da casa do meu tio João Pereira.



quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Passaportes

VI
Série A

Após algum tempo de ausência, espero ter bastantes alvitres para os passaportes que faço publicar de seguida. Aqui (clicar) encontram-se para consulta as estatísticas da série A.  

1
Nome: Elisabete Afonso
Data do Passaporte: 1960
Nascimento: 1942
1a - Data do Passaporte: 1963
2
Nome: Justiniano Augusto Martins
Data do Passaporte: 1945
Nascimento: 1869
3
Nome: Alice Augusta Martins
Data do Passaporte: 1952
Nascimento: 1898
4
Nome: Maria de Fátima Fernandes
Data do Passaporte: 1956
Nascimento: 1937
5
Nome: Purificação Augusta
Data do Passaporte: 1958
Nascimento: 1899





Árvore genealógica dos Pires (12 passaportes)

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Podem consultar todas as séries de passaportes já identificados aqui (clicar).

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

AS NOSSAS PALAVRAS

a cozinha


Se, por um desígnio qualquer, um antepassado nosso do séc. XVII ressuscitasse na década de 60 do séc. XX e entrasse no espaço daquela que fora a sua casa ficaria muito espantado? Duvido.

Prossigo, já se vê, com as casas.

Subindo a escaleira, que continua exterior, abriria o cancelo, aquela meia-porta que separa o espaço privado da casa do espaço público. Se a casa não fosse sua, teria batido as palmas no fundo da escaleira e gritado: “Ó da casa!” e esperado pela eterna resposta: “Entre quem é!”

Como no seu tempo, a velha porta de tábuas mal unidas conservava-se aberta durante o dia, tendo a meio o carabelho de pau que serve para fechar do lado de fora, anunciando que o dono está ausente. Entrando, e espreitando para trás da porta, veria a tranca encostada à parede e a tranca, porque fechava por dentro, continuava a ser o único instrumento de protecção contra ladrões ou mandicantes de outro gabarito. Se, no devir das gerações, algum descendente se quis mostrar mais rico do que os vizinhos, no sítio do carabelho encontrou uma aldraba ou um garabito de ferro e, talvez, também uma fechadura para chave grossa. Em todo o caso, uma abertura semi-circular no cancelo e na porta permitiam a livre entrada e saída do gato doméstico. Era a gateira.

Tal como outrora, mal transpôs a porta, o nosso visitante viu-se na cozinha que o alto escano dividia em duas partes: uma mais acolhedora, que era o lar e outra de serviço. No lar pontuava o lume aceso, fosse Verão ou Inverno. Sobre as brasas, embarrado num cadeado ou num simples ferro suspenso da parede, o caldeiro fumegava com a bianda dos porcos. Estranharia o conteúdo, porque batatas eram coisa que nunca tinha visto nos dias da sua vida, mas fora isso quase tudo continuava familiar. Do escano largo, onde já ele se sentara e onde fizera adormecer filhos e netos, pendia a mesa, embora se lembrasse que era luxo que nem todas as casas possuíam. Em roda do lume, três ou quatro trupeças. Um rodilho de estopa sobre uma trupeça fazia dela a mesa das casas menos abonadas. Em todas, no entanto, comia-se do mesmo prato redondo que era de barro no seu tempo, mas agora era de esmalte, embora este que agora via se mostrasse tão esbeiçado como aquele em que tomara as suas refeições. As malgas, embora de barro vidrado, continuavam com a mesma forma e a mesma função de dar a comer o caldo por último. Embarrado na parede, e bem enfuliçado pelo muito uso, via o assador das castanhas e, ao lado, no caniço, pilava-se uma saca de castanhas.

Encostada ao escano, na parte mais próxima do lume, uma gabela de lenha, ou uma mancheia de guiços, se fosse tempo quente, asseguravam que o lume permaneceria aceso. O lume, atiçado pelo fole, fornecia parte importante da luz que alumiava a noite, enquanto a outra parte era fornecida pela candeia que, então, cheirava a petróleo mas que, trezentos anos antes, cheirava a azeite. Em todo o caso, continuava suspensa da parede ou pendurada num prego pregado no escano. Nas noites longas de invernia, à luz das chamas e da candeia, feita a matança, os homens colocariam sobre os joelhos uma grossa gamela de madeira  e, com um maço também de madeira, pisariam o unto, o único tempero para além do sal, que enrolariam numa bola branca perfeita. Enquanto isso, as mulheres fiavam o linho ou a lã, manobrando agilmente a roca e o fuso, numa cadência ritmada e extenuante para os braços. Porque a boca se secava de tanto molharem os dedos que puxam o fio, as mulheres iam dando dentadas numa sumarenta maçã de inverno. Noutros dias, as mesmas mulheres encheriam os potes com as partes certas do porco para delas fazerem os rijões (folhelhos ou de carne) que conservariam para todo o ano mergulhados no próprio pingo, tudo isso colocado em altos barrinhões.  Noutros dias ainda, debulhariam o milho que seria moído em milhos no moinho mais próximo, ou se conservaria em semente para semear no ano seguinte. Isto, o nosso visitante achou mudado, porque no seu tempo, e em Rebordaínhos, de milho só havia o painço. O que ele não estranhou nada, foi perceber que, durante as beladas, se contavam aos mais novos uma série de histórias extraordinárias, nem que se continuavam a reunir os vizinhos das casas mais próximas e a família mais chegada, mesmo que morasse noutro bairro. Tal como no seu tempo, era assim que se transmitiam os ensinamentos necessários à vida em comum e era da mesma forma, com uma singela oração, que se dava por terminado o serão.

Saindo do lar dirigiu-se para o lançadouro. Era coisa mais elaborada do que o simples toco de pau do seu tempo: sobre uma plataforma que servia de tapume à parte de baixo, as mulheres, usando uma colher comprida e funda lançavam o caldo cozido ao lume num pote. Não se surpreendeu de ver colheres, que eram usuais, mas soltou um assobio de espanto ao reparar que, numa espécie de gaveta, além das navalhas havia garfos! É verdade que eram garfos de ferro, mas no tempo em que vivera, garfo era luxo só ao alcance  das casas nobres ou dos burgueses endinheirados! Quando terminasse a refeição, sobre o lançadouro, seria colocado um barrinhão de boca larga que serviria para lavar a louça, em água aquecida num caldeiro sobre o lume. Essa água seria aproveitada para a bianda dos porcos, já porque a fonte fosse longe de casa e os cântaros e as romeias fossem difíceis de alombar, já porque a água, que ficava engordurada, condimentava um pouquinho mais o alimento das criaturas que moravam no andar de baixo. O lançadouro tinha por cima uma prateleira com divisórias para os pratos e, acima dela, divisórias com portas. Àquelas divisórias protegidas com porta de rede de malha fina chamávamos mosqueiras, está-se mesmo a ver porquê. Se sobrasse espaço por cima, duas ou três caldeiras de cobre bem luzentes faziam as vezes de atavios porque só esporadicamente eram usadas. Na parte de baixo do lançadouro, escondidos por detrás de uma cortina garrida, guardavam-se todos os cacarelhos da cozinha: os potes, os barrinhões dos rijões, o barrinhão de lavar a louça… Os potes maiores, como os das alheiras, e os barrinhões de as fazer - ou a larga caldeira de cobre que também servia para o mesmo efeito -, por não caberem naquele espaço, jaziam encostados a um canto. Talvez tenha sido isso que mais surpreendeu o nosso antepassado do séc. XVII: então aquela novidade do seu tempo, as alheiras, continuavam a fazer-se? E que bem cheiravam, assadinhas sobre a grelha de ferro, com pequenos pés para fazerem altura, colocada directamente sobre as brasas que a dona da casa, servindo-se da tenaz, puxara para fora do lume! E nem se esqueceram dos reizinhos para a a garotada!

Nas cozinhas maiores, do lado oposto ao do escano, havia ainda um banco baixo comprido que, embora servisse de assento quotidiano, era usado como base para a masseira onde se amassava o pão (e por pão sempre entendemos o centeio). Nessas cozinhas, uma embocadura tapada e saída da parede denunciava a presença do forno onde os enormes pães eram cozidos para sustentarem a família durante toda a semana. Um carolo de pão acabado de cozer (de preferência, a carocha), temperado com um fiozinho de azeite, era o manjar mais delicado que se podia comer.
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Notas
1) Foi com enorme alegria que escrevi este texto para o qual tive sempre presente a casa dos meus avós, a casa de meus pais e a da tia Maria - enfim, as casas que povoam as minhas memórias mais ternas. Enquanto escrevia, foi como se o tempo se tivesse suspendido e eu estivesse, de novo, a conviver com todos eles.

2) Não falei do chupão porque já o fiz no artigo anterior.


domingo, 9 de fevereiro de 2014

VENTOS


Quem quiser visualizar o vendaval que nos assola, entre aqui (a imagem com que ilustro o artigo é apenas um instantâneo que tirei). A página que se abre pode ser aproximada para ver um lugar em pormenor, ou afastada para observar genericamente - basta rodar a rodinha do rato. Também permite que se rode o globo de modo a vermos todo o planeta (usando o botão esquerdo do rato).

Os trópicos e o equador não são nenhuma verruga à superfície da Terra, mas o modo como condicionam a circulação dos ventos pode ser bem atestada aqui. Confesso que a exploração desta página me tem dado um jeito enorme para explicar aos meus alunos os percursos marítimos dos descobrimentos.

Espero que fiquem tão entusiasmados como eu, apesar de nada ter a ver com Rebordaínhos que, ao que tudo indica, está coberta com o manto alvo da neve.

Uma boa semana para todos.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

PARABÉNS!

Sr. Américo e D. Maria José


Momentos gravados como se fosse em bronze…
Momentos que se transformam na vida inteira…

Horas felizes,
Dias felizes,
Anos felizes,
Vida feliz.

Deus vos abençoe, sr. Américo e D. Maria José, pela plenitude da vossa vida partilhada.


O retrato emoldurado é o meu presente para os dois, mas publico também a fotografia original para que todos possam atestar a solenidade do vosso compromisso.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

DEDICATÓRIA


AO "ANÓNIMO N.º 3"
(que vai desculpar-me a longura do texto, que ainda por cima não é meu...)

«Esta poderia ser uma breve história com três linhas narrativas. A primeira fala de um artista plástico, um escultor que, na fértil solidão do seu estúdio, contempla satisfeito a maqueta da sua última obra, uma estátua equestre de Alexandre Magno.

A segunda refere-se a um homem de Pietrasanta, uma belíssima cidade toscana. Mal o sol clareia, e sem outra ajuda além das suas mãos fortes e dos seus pés seguros, começa a trepar como um gato pela superfície lisa e vertical de uma montanha. Ele é um cavatori, um trabalhador das pedreiras de mármore.

A terceira fala de uma rapariga da mesma cidade. É jovem, bela, frágil, e só o vigor das suas mãos denuncia o ofício de mais de dez gerações que nela se prolonga; é marmorista, embora devesse chamar-lhe escultora, já que são precisamente as suas mãos destras que dão forma e harmonia ao que mais tarde serão obras de arte assinadas por prestigiosos mestres. A sua destreza é recompensada pelo apreço de alguns escultores, mas a grande recompensa chamar-se-á calcicose, ou tísica dos marmoristas.

O artista visita agora um arquitecto, estudam juntos o magnífico lugar escolhido para eternizar a memória de Alexandre Magno e do seu cavalo. Falam da iluminação que todas as noites fará ressaltar a nobreza do mármore, dos ciprestes que irão alinhar-se de ambos os lados da escultura, devolvendo ao herói a juventude dos seus combates.


Com o sol a arder-lhe sobre a cabeça e os olhos apenas refrescados pela longínqua presença do mar Tirreno, o Cavatori apalpa a superfície do mármore, dá-lhe toques (...) até que dá com o lugar onde espetar uma estaca de ferro. A ela atará a ponta de uma longa corda; a outra ponta cinge-lhe a cintura, e assim descerá pela encosta mais lisa e perfeita da pedra para marcar com maço e cinzel os cortes que delimitarão a estátua de Alexandre Magno e do seu cavalo. Cem metros mais abaixo, os companheiros observam-no, talvez mastigando pedaços de "toucinho marmorista", curado sem outro condimento além do alecrim e do vento das pedreiras (...).

A rapariga chega à oficina. Os seus passos erguem nuvens do fino pó de mármore que a História da Arte deixou por todos os recantos de Pietrasanta, e saúda todos os seus companheiros, que mal começaram a jornada já estão inteiramente cobertos de pó branco. Passada meia hora de trabalho, está como eles, e só a sua mão manipulando os velhos ou modernos instrumentos de trabalho a diferenciam das centenas de estátuas que (...) esperam a chegada dos grandes mestres para receberem o toque final e as assinaturas de rigor.

O artista passou talvez noites de insónia a realizar esboços, um após outro, até dar por fim com a sua representação exacta de Alexandre Magno. (...)

Decididamente, a mim não me interessam os heróis das vitórias. Decididamente, a mim não me interessam os heróis de mármore. Mas interessam-me, sim, os cavatori pendurados de alturas de pesadelo ou esmagados pelo peso às vezes infame da arte.

No passado mês de Maio estive em Pietrasanta e participei da comoção causada pela morte de dois cavatori. Pereceram debaixo de um bloco de mármore que se desprendeu da pedreira sem lhes dar tempo para nada. (...) Durante o funeral, o único artista presente disse que aqueles dois cavatori eram mártires que tinham morrido pela arte. Mas outro daqueles trabalhadores cuspiu o charuto barato que lhe pendia dos lábios e precisou: não, morreram porque falta segurança, morreram por um salário de merda.

E mais uma vez comprovei que a verdade das pessoas simples vale mais do que todas as verdades da arte.

Decididamente, a mim interessam-me as raparigas e rapazes marmoristas de Pietrasanta, esses que, mesmo sabendo que as suas vidas serão breves, porque o pó do mármore é uma maldição branca que lhes petrifica os pulmões, continuam a prolongar o formidável costume humano da beleza e da harmonia.

Se eu fosse escultor e me encomendassem uma estátua de Alexandre Magno, no sopé dela a minha assinatura seria a última. Primeiro, estariam os nomes dos cavatori que escolheram, cortaram e fizeram descer o mármore da montanha. Depois os nomes dos marmoristas que lhe deram forma, e de seguida os nomes dos que curaram o toucinho, dos que lhe chegaram o alecrim ao pé, dos padeiros e dos vindimadores do vinho fresco da Toscânia.

Leitor, leitor: quando estiveres diante de uma estátua esculpida em mármore de Carrara, pensa nos cavatori e nos marmoristas de Pietrasanta. Pensa neles e saúda o seu digno anonimato.»

Cavatori, in Luís Sepúlvedaas rosas de atacama

Imagem retirada daqui (entrando aqui também pode ver imagens interessantes).