terça-feira, 29 de junho de 2010

GIESTA


.........................Sou a beleza consagrada em abundância
.........................E ofereço a todos perfume acre e sombra fresca.
.........................Sou ouro posto em azul
.........................E, tocada pela brisa, entoo a melodia para a dança dos rebanhos.
.........................As mulheres irão colher-me em vassouro
.........................E levarei asseio às suas casas e às suas ruas.
.........................Nos dias gélidos de Inverno,
.........................Serei lume aceso no lar que aconchega as gentes.

.........................Toda eu me dou.

domingo, 20 de junho de 2010

ACTIVIDADES ECONÓMICAS


III

ARMINDO ANTÓNIO PAIS


Os dedos de uma mão devem bondar para contar aqueles que, em Rebordaínhos, não criaram os seus filhos na pouca fartura. A tia Laura e o tio Zé Foguete não fugiram à regra e foi por isso que o Armindo, tal como quase todos os da sua idade, precisou de se fazer cedo à vida, ganhando alguma coisa com que ajudar em casa.

Mal se viu aprovado no exame da quarta classe, largou os livros para ir pelos lameiros guardar os vitelos do tio Frade, o Sr. Manuel Martins, como respeitosamente se lhe refere. Como a tarefa não exigia esforço por aí além e a proibição do trabalho infantil ainda demoraria a chegar, nem ele nem ninguém sentiu que fosse precoce essa introdução na vida activa. O trabalho também não lhe sossegaria o ânimo irrequieto e brincalhão e continuou a ser um espalha-brasas, povo adiante, povo atrás. Depois, o Sr. P.e João, de quem o seu pai se tornaria caseiro anos mais tarde, abriu-lhe as portas, chamando-o como moço ao serviço de sua casa.

Os serviços que as crianças prestavam não eram mais do que uma iniciação à vida adulta, uma forma de as enrijecer e de lhes ensinar o valor do trabalho até que estivessem capazes de aprender um ofício. Assim, aos dezasseis anos, o Armindo sentiu-se apto a aprender a arte na qual fundaria a vida futura e partiu para Rossas, entregue ao saber do sr. Alexandre que, tendo apreciado o trabalho do rapaz, o chamaria ao seu serviço.

Ao Armindo calhou na rifa iniciar-se profissionalmente na pior altura de todas: os anos da revolução de Abril. Não sei se se lembram, mas faltava tudo: o cimento, os tijolos… até os pregos! Não sei foi por causa disso, mas rumou a Bragança como empregado do sr. Emílio Esteves. Bragança, porém, ficava à distância de muitos carreirões de Arufe e o Armindo, criado na liberdade dos espaços da serra, sentia-se entocado na cidade. Nem por mil diabos lá haveria de ficar! Regressou, por isso, a Rebordaínhos e arriscou estabelecer-se por conta própria.

Reunindo os magros tostões que amealhara, lançou-se na sua primeira obra: a reconstrução da casa de sua mãe, a tia Laura. As pessoas da terra, que souberam apreciar o gesto de amor filial, também gostaram do trabalho e começaram a acreditar nele, mostrando a sua confiança nas encomendas que lhe iam fazendo. A primeira, no entanto, chegara de Soutelo Mourisco. Começou-a sozinho e não teria mais de dezanove anos.

Ganhou nome, experiência e o dinheiro necessário para abrir uma empresa em nome individual, a Armindo António Pais que, mais tarde, deu lugar à Construções Pais e Veiga. Hoje possui mais duas empresas, Mármores e Granitos Serra da Nogueira com a qual executa todo o tipo de obras que envolvam esses materiais e a Construções do Fervença, que se dedica ao trabalho com alumínios e PVC e à compra e venda de imóveis. Em linguagem económica diríamos que o Armindo criou uma concentração horizontal de empresas, isto é, associou diferentes segmentos da mesma actividade, de modo a dominar o sector, diminuindo a concorrência e chamando a si os lucros que teria de pagar a terceiros se precisasse de lhes encomendar serviços. Não tirou nenhum curso universitário para aprender estas coisas, mas intuiu muito bem como elas devem funcionar.

Ao todo tem 22 empregados e conta, actualmente, com o auxílio do seu filho Pedro que já é arquitecto. A Ondina, sua esposa, é quem gere os escritórios, sendo a contabilidade feita por gente de fora. A Construções Pais e Veiga é das empresas que mais encomendas tem na cidade de Bragança, mas a sua área de trabalho estende-se a Mirandela e ao Porto. E a França!

A história do Armindo é a história dos vencedores e dos resistentes que não deixaram a terra. A sua casa é a segunda que nos acolhe quando, passado o Navalho, percorremos o quilómetro de saudade até chegarmos à Pátria.
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As casas fotografadas correspondem a duas obras de reconstrução feitas pelo Armindo. A primeira, salvo quem está longe há muito tempo, todos a identificam: é a velha casa do tio Frade e que pertence, agora, à Natália e ao Guilhermino (Sortes). A segunda fica em Rossas.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

MEMÓRIAS DE TRAGÉDIA ALHEIA


........................................Tudo se vestiu de luto
........................................A Nação estava de Paixão,
........................................Ao ver correr tanto sangue
........................................Mostra cruel compaixão!

........................................Lá na Nação de Espanha
........................................Foi uma barbaridade:
........................................Queimaram conventos e frades
........................................E mataram muitos padres!

........................................Entravam pelas casas dentro
........................................Sem pedir obediência;
........................................Matavam os donos das casas
........................................Sem ter dó nem consciência!

........................................Matavam grandes famílias,
........................................Matavam filhos e pais:
........................................Dentro daquela cidade
........................................Só se ouvem gritos e ais!

........................................Também as tristes mulheres
........................................Sofriam os seus martírios:
........................................Cortavam-lhes os bicos dos peitos,
........................................Ficavam c'o eles doloridos.

........................................Diziam que era o anti-Cristo
........................................Que andava a trabalhar.
........................................Rezavam as profecias:
........................................Isso tínhamos de passar!

Muito obrigada ao tio Manuel por me ter ensinado as quadras. Também me esclareceu sobre o significado da terceira e da quarta: pessoas armadas que se não identificavam entravam numa casa e perguntavam: "Quem vive?" A resposta só podia ser uma de duas: "Caballero" ou "Franco". Se as pessoas se calassem ou se dessem o "viva" errado, rebentavam-lhes uma granada dentro de casa com elas lá dentro. Esta explicação é magnífica pelo modo como ilustra a arbitrariedade da guerra!

O teor das quadras identifica bem o autor, um simpatizante dos nacionalistas de Franco, e a explicação sobre o "quem vive?" remete a informação para o início da guerra. Com efeito, Francisco Largo Caballero foi primeiro-ministro da Espanha republicana entre 1936 e 1937 (derrotados os Republicanos, viria a exilar-se em França onde foi capturado pelos nazis e levado para o campo de concentração de Sachsenhausen na Alemanha).

A história dos exilados espanhóis (nacionalistas no início, republicanos no fim) em terras portuguesas ou francesas é uma história de vergonha e desumanidade. Há por aí quem saiba outras quadras?
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Escusado será dizê-lo, mas a pintura que ilustra o artigo é Guernica, obra admirável de Pablo Picasso.

sábado, 12 de junho de 2010

NOS MONTES


.....................Navega, ó minh'alma, por estes mares de infinitude
.....................e, como ao colo da mãe,
.....................deixa que a poesia brote.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

CONVÍVIO



Parafraseando o Chico Buarque, foi bonita a festa, pá! Um belo e grande grupo, sorridente e satisfeito, congregando todas as idades, como convém.

Que pimpões estão os manos Pereira!

A todos os convivas um grande abraço, na esperança de que para o ano sejam(os) mais!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

ENCONTRO EM FÁTIMA



Caros amigos

Lembro desafio que o Sr. Américo lançou para um encontro entre as pessoas que costumam frequentar esta nossa casa comum. Diz-nos ele:

No dia 5 de Junho, sábado, terá lugar o encontro deste ano em Fátima.

A concentração será no parque 11.

A manhã é livre, dando a todos a possibilidade de assistir às cerimónias religiosas
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Que bom seria se fosse muito participado!