terça-feira, 2 de junho de 2009

EM JEITO DE HOMENAGEM

À SENHOR DONA MARIA

por
Albertina Mateus


Diziam-nos que era “posteira”. O irmão, esse sim, tinha as qualificações adequadas para a função. Por isso é que ela era a “Sr. D. Maria” e ele o “Senhor Professor”. Nada de confusões... Um(a) e outro marcaram, contudo, a vida pessoal e colectiva de uma comunidade inteira durante, pelo menos, duas gerações.

A história recente de Rebordainhos confunde-se, em boa parte, com a dos irmãos Ribom. Eram três – os dois professores já citados mais o Sr. Carlos, personagem mais acessível e popular que apoiava a vida profissional dos irmãos cuidando das terras e do agregado familiar. Solteiros os três, haviam de revelar-se, cada um à sua maneira, nucleares no desenvolvimento cultural da comunidade de Rebordainhos.

Sinto-me na obrigação de deixar registada uma pequena homenagem à mulher que me marcou pelas suas qualidades humanas e profissionais, que foi responsável por eu ter seguido a profissão docente e que, com a consciência profissional que hoje detenho, continuo a admirar profundamente – a Sr. D. Maria.

Como comecei por referir, sempre ouvi dizer que a Sr. D. Maria era posteira. Porque ensinava num posto. Esta era uma outra designação do cargo de regentes escolares criados pelo Estado Novo. Contrariamente ao que se possa pensar, esta medida tomada pelo Regime não visava a alfabetização do povo rural. Constituía-se, isso sim, como um mecanismo de inculcação ideológica, de neutralização das ambições de mobilidade social, de apaziguamento dos espíritos mais inconformistas visando a aceitação da ordem social e política existentes. E procurou diferenciar-se das doutrinas educativas da 1ª República introduzindo alterações estruturais que definem, de per se, os objectivos prosseguidos, de que destaco: o fim da coeducação – rapazes para um lado, raparigas para o outro –, a abolição das Escolas Primárias Superiores responsáveis pela formação de professores, e a redução da escolaridade obrigatória para três anos.

Este pincelado pela política educativa do Estado Novo – necessariamente incompleto e pouco rigoroso – tem como único propósito o contextualizar da acção da pessoa que pretendo homenagear – a nossa professora primária. É que ela, incorporando embora a ideologia em vigor e cumprindo à risca aquilo que o sistema lhe pedia, ultrapassou, de longe, a mera enunciação do que a legislação previa para a função. E apesar de defender que a mulher devia ser, antes do mais, boa esposa e boa mãe, também sempre apoiou a alfabetização das crianças da aldeia, incutindo nelas o gosto pela aprendizagem, pelo conhecimento, apoiando-as nos seus anseios de irem mais longe.

Mas a Sr. D. Maria incorporava em si todos os requisitos de uma excelente profissional da educação. Ela era uma educadora, acima de tudo. Trabalhando em estreita articulação com as famílias, tinha consciência de que tinha de se ultrapassar, de substituir as mães enquanto elas trabalhavam arduamente no campo. E por isso a sua acção não se restringia aos muros da escola. Lembro-me, por exemplo, da sua luta contra o esbanjamento. A quem não guardou ela na gaveta da secretária o molho de lápis de pedra com que nós aparecíamos na aula após a sua aquisição, enquanto aguardava que nós gastássemos o que ela nos entregava até ao limite? “Os pais trabalham de sol a sol, meninas. O dinheiro custou-lhes muito a ganhar...”E quem não se lembra de ela, nas manhãs frias de inverno, mandar a Sarinha para a escola para acender a braseira para que os alunos vindos dos Vales, da Quinta, de Arufe e dos Pereiros se pudessem aquecer quando chegassem (antes de todos os outros, sempre!)?

Esta educação pelo exemplo serviu-me sempre de referência em toda a minha carreira docente. Mas a Sr. D. Maria também já era vanguardista na sua acção pedagógica junto dos alunos. Lembrei-me agora, por exemplo:

- Da utilização da diferenciação pedagógica. Não podia ser de outro modo. Tinha as quatro classes em simultâneo dentro da sala de aula... Enquanto tratava de uma classe ou aluno em particular, os outros tinham tarefas bem definidas que cumpriam zelosamente, através da distribuição de tarefas individualizadas;

- Do recurso frequente à tutoria. É um método que utilizei diariamente com resultados muito positivos. Basicamente, consiste em pôr um aluno como responsável por outro a quem esclarece as dúvidas e ajuda na organização. Lembram-se dos colegas mais velhos que verificavam e corrigiam os trabalhos de casa das classes dos mais jovens? E dos que ela punha a ajudar um colega com mais dificuldades?

- Do apoio pedagógico curricular extra horário que ela também utilizou, principalmente em vésperas de exame. Juntando rapazes e raparigas, lá íamos nós às sete horas da manhã para a escola, para aproveitar as duas horas que antecediam a chegada da generalidade dos colegas...;

- E o caderno diário? Lembram-se dele? Como a regra era a utilização da pedra, a Sr. D. Maria comprava folhas de papel almaço pautadas, quadriculadas e de desenho que ela cortava ao meio e depois formava cadernos alternando o tipo de papel. Cada dia era uma a responsável pela escrituração do caderno diário. Lá ficava o registo do ditado, da cópia, da redacção, das contas, dos problemas, e da ilustração de um dos textos escritos. Querem documento histórico mais relevante? Que é feito desses retalhos das nossas vidas? Será que ainda existem?



Saudade
.
Pelos tempos que já foram. Admiração. Pelo vanguardismo de alguém que me serviu de referência. Gratidão. Por saber que muito do que sou hoje a ela o devo. Felicidade. Porque, seguindo o exemplo de alguém, me senti realizada. É que tenho a certeza que ambas fizemos coincidir os nossos projectos de vida com os nossos projectos profissionais.

17 comentários:

Fátima Pereira Stocker disse...

Garota

Bem-hajas!

Bem-hajas porque me disseste que sim. Bem-hajas porque aceitaste ser porta-voz das mulheres de Rebordaínhos nesta homenagem à Senhor Dona Maria. Bem-hajas por teres escrito um texto tão belo.

A sr. D. Maria só foi minha professora no 1.º período da 1.ª classe e no 1.º período da 2.ª classe. Ela já estava reformada, mas devia-lhe remoer as entranhas ver-nos sem aulas enquanto não fosse colocada uma professora no lugar. Isto diz muito da pessoa. Mesmo com tão pouco tempo de convívio marcou-me profundamente (na sala de aula, porque a marca pessoal vinha das paredes meias das nossas casas). Também eu sou testemunha de que nos obrigava a escrever com o lápis até já não sermos capazes de o segurar; da organização dos cadernos diários, da tutoria e da diferenciação, sem esquecer que, pelo menos até às dez horas, era ela que assegurava as duas salas de aula, a das raparigas e a dos rapazes, porque o sr. professor só ia para a escola a essa hora (isto é testemunho de o ver passar, não de assistir).

Quando fiz o meu exame da quarta classe, em Rossas, um de nós veio de lá com um suficiente e lembro-me bem dos comentários que ouvi: "No tempo dos Ribom nenhum aluno sairia com classificação inferior a Bom!"

Não sei se concordo contigo nos motivos que apontas para a forma de tratamento dada à Sr. D. Maria porque todas as professoras que tive depois dela - e eram professoras - continuaram a ser designadas pelo nome: D. Alice; D. Lurdes, etc. Penso que isso terá mais a ver com o facto de, mentalmente, naquele tempo e na nnossa aldeia, ser difícil associar uma profissão a uma mulher. O curioso é que mais nenhuma delas teve direito ao "senhor Dona". Tamanho tratamento distintivo, só a sr. D. Maria!

Beijos

Filinto Martins disse...

Parabéns, menina!
Ainda bem que não é apenas o Filintão a elogiar o trabalho vocacional destes irmãos. Para mim eram mais do que professores.Desconhecia essa de "posteira", mas quero acrescentar que o senhor professor Ribom era dos poucos que na época tinham o antigo 7.º ano do liceu e depois foi para o magistério primário.
Um dia a senhora Dona Maria, ´das últimas vezes que pude estar com ela, confidenciou-me: na minha campa gostava que estivesse uma planta que desse flores e assim não dava trabalho a ninguém.
Paz à sua alma.

Américo Amadeu Pereira disse...

Ora, como o prometido é devido, cá está o artigo da ALBERTINA sobre a Sª. D. MARIA, personalidade que marcou muita gente de Rebordainhos.
Tenho bem presente o seu porte de Sª. Dona com o seu andar calmo, que toda a gente cumprimentava com muito respeito. Da sala de aula não tenho grandes recordações porque só ia lá parar numa falta do Professor, o que era raro, mas quando acontecia, para mim era como se tivesse sido castigado. Nas vésperas dos exames recordo que íamos para a casa dos Profes-
sores e aí sim ela tinha um papel de intervenção com todo o grupo.
De resto, só tenho que dar os meus parabéns `a ALBERTINA que nos deu uma descrição muita completa duma Senhora que não pode ser esquecida por quem privou com ela de perto.
Américo

Augusta disse...

Bem, e com esta me fico! Lá terei de arranjar uma desculpa qualquer para tocar o sino... Mas agora tenho outro problema. O sino já não tem cadeado, tem um relógio...
Como dizia o outro: "Maria, que fazer? acabou-se a pinga!"
Brincadeiras à parte. Parabéns garota. A homenagem - merecida- está brilhante. (Outra coisa não seria de esperar. És de letras). Com palavras simples, trouxeste-nos um pouco da história da educação no nosso país e, simultaneamente, da história de cada um dos alunos que tiveram o privilégio de ser ensinados por uma SENHORA que fez da sua profissão uma militância.
Que este post seja o primeiro de muitos outros e, por isso, queremos mais.
Beijos, mana velha

António disse...

Amiga Albertina:

Ora aqui está um texto de quem viveu profundamente os problemas, não apenas do ensino, mas também da educação, como Presidente de um Conselho Executivo. Parabéns!
Lindo texto, não só de evocação comovida, mas também de análise crítica do acto docente.
Muitas vezes tenho pensado na sorte que tivemos com os professores primários que nos calharam em sorte e estou convencido de que o grau incomum de alfabetização de Rebordainhos a eles se deve em grande parte: o ensino básico constitui os caboucos do que a seguir se vai construir.

Ainda bem que apareceste, moça e espero que a tua participação seja prenúncio da desse outro grande renitente que é o teu irmão e meu amigo Evaristo.

Abraços
António

Amélia disse...

Parabéns, Tina! Que lindo texto!.. Eu só tenho a dizer:
Muito e muito obrigada Sr. D. Maria!.. Oxa lá onde quer que ela esteja, seja recompensada por tudo o que fez por todos nós. Tenho a certeza que sim.
Beijos.

Fátima Pereira Stocker disse...

Ó menina Amélia

E eu a pensar que tu vinhas aqui acrescentar a parte "picante" das muitas saídas da Sr. D. Maria, como aquela do cabanal!

Vá, não te acanhes, que ela também merece que lhe conheçam o lado folgazão!

Beijos

Céu disse...

Albertina

O teu texto é uma linda homenagem àqueles que nos ensinaram a dar os primeiros passos, que foram a Srª. D. Maria e o Senhor Professor.
Todos nós, alunos deles somos testemunhos de tudo quanto aqui dizes e muito bem.
A eles sim, todos tinhamos todo o respeito e não medo como acontecia com outras personalidades da época.
Tenho muito boas lembranças, inclusivé, quando decidi que queria estudar já com 20 anos, fui-me aconselhar com a Dª. Maria ao que ela me deu apoio e me encorajou, focando qualidades de estudante. O meu obrigada a ti, Tina, pelo belo texto que acabas de nos oferecer e espero que não fiques por aqui.
Um beijinho
Céu

Anónimo disse...

Gostaria deixar aqui, uma palavrinha de apreço e gatidão pela homenagem, que em jeito de simplicidade carinhosa a Albertina dedicou à Sra Professora; assim, eu gosto! Também não podia ser de outra forma. Somos do mesmo ano, e como tal, já tinha referido em qualquer parte, as correcções que tú fazias, quer nos problemas ou simples fracções, quando o Sr. Professor se ausentava e nos deixava entregues ao seu domínio, diga-se de verdade limitado,para o qual arranjava sempre solução sem dar muito nas vistas.
Essa de ser responsável pela continuação dos teu estudos, permite-me não concordar. É verdade que quase sempre há uma pequena influencia na primária, agora começa no infantário,mas as pessoas inteligentes, quando a possibilidade lhes dá as garantias requeridas só tém que seguir o caminho traçado, independentemente do curso escolhido. (Digo isto, porque sem saber porquê, idealizava para ti mais na área das ciências.
Também gostava acrescentar pormenores da Sra. D. Maria durante as aulas, embora como dizes havendo a sala dos rapazes e a das garotas.Um dia, em que teve que sair o Professor, e a classe de quarta lhe foi entregue, o Pilatos, meu primo, pôs os rapazes todos a fumar dentro da sala, isto enquanto a D. Maria tinha ido à outra sala vigiar-nos nós os mais pequenos.
Mal entrou na sua sala, minutos depois, começou por dizer:-Cheira-me a tabaco!... Quem esteve aqui a fumar? Ningúém se descoseu. Sendo assim vão ser todos castigados.
Enquanto dava a aula caiu o maço de tabaco do bolso do Pilatos que infelizmente estava sentado junto do corredor,aí sim foram todos castigados e o Filinto deve lembrar-se porque fazia parte do elenco.
Um grande abraço: António Brás Pereira

Filinto Martins disse...

Se lembro do tabaquinho que o Pilatos nos deu... mas a história não é bem assim... um dia destes lá iremos ao famigerado "3 vintes" ou "Definitivos"... Belos tempos para o Pilatos, Pintassilgo, Eu e companhia.
Quanto ao prosseguimento de estudos estou de acordo com a "Menina". Faço apenas uma pergunta: quantas aldeias se podem gaber de ter professores primários tão dedicados e sobretudo com tantos frutos? Enumerem aqueles que hoje têm um Curso Universitário e passaram pelas mãos deles... Não foram cursos`de Universidaes Privadas... Públicas, com rigor, em que não havia Engenheiros como há hoje. O seu a seu dono. Eu tenho orgulho de ter sido aluno deles.
Aqui fica o meu agradecimento e como dizia Piaget - "quando um coelho come uma couve, não é o coelho que se transforma em couve".
Filinto

Amélia disse...

Sim Fátima, a Sr. D. Maria tinha também um lado brincalhão!... Recordo-me, quando fizeram as novas cruzadas, foi em casa dela. Fui eu fazer a prova. A Sr. D. Maria estava sentada com uma mantinha nas pernas, e esta escorregou e caiu no chão. Ela, muito atrapalhada apanha-a e exclama! Ai!.. Jesus! Lá mostro eu o meu cabanal!...E eu pensava cá para mim. Mas ela não tem nenhum cabanal para mostrar!..Foi a Olinda da D. Graça que me elucidou a que cabanal ela se referia.
A respeito do Caderno Diário fiquei eu presa na escola. Estava na quarta classe e era o meu dia do Diário. A Olinda da D. Graça prontificou-se a fazer ela o desenho. Desenhou então um boneco com umas bochechas muito vermelhas ( dizia ela que eram do vinho) com uma pila muito grande e escreveu a lápis. “Esta chegava para a Professora!...” Quando me passou o diário, desatei à gargalhada!.. Oh!. Chocha trás cá o que tens aí, que é para eu me rir também!... Disse a Sr. D. Maria. Atrapalhada, pego na borracha para apagar o que ela tinha escrito. Não!.. Não!.. Quero isso conforme está! Fechei o Diário e entreguei-lo. Mandou-nos ir lá fora. Quando regressamos estava ela com o diário na mão e com a régua na outra. Claro, levei porrada e fiquei presa!..Oh! Teresa a chocha hoje ficou de castigo!..Disse ela à minha mãe quando passava à porta para o almoço.
A minha mãe mandou pela minha irmã Augusta uma fatia de pão com mel para eu comer. Esta passa-ma por um vidro partido da janela. Caracho! Só tive tempo de dar uma dentada, logo apareceu a Sr. D. Maria. Apressada, meti o pão por baixo da carteira. Ela passou revista e levou com ela o pão embrulhado num guardanapo. Já falta aqui uma dentada!...Disse Ela. Eu, muito depressa respondi. Foi a Augusta! Anda cá sua lambona! Então tu comes a merenda da tua irmã? Pimba, lá levou também a Augusta umas reguadas.
Outra vez, estava no nosso quintal, quando o Sr. Carlos saía com uma enxada e a sua caçadeira ao ombro. A Sr. D. Maria vem à porta e diz-lhe.
Oh! Carlos vai à caça sim! Não te esqueças não!
Oh! Maria vai à merda sim! não te esqueças não!
Bom, por hoje chega
Beijos

Olímpia disse...

Mas que grande entaladela levei!...
E esta?
Bom, na impossibilidade de me dirigir à Basílica da Estrela ( à hora a que chego a casa já está fechada),devo gritar PARABÉNS TINA!
Esta tua estreia (tão aguardada),é uma homenagem lindíssima aquela educadora que nos ajudou a sermos quem somos.
Queremos continuação!...
Que bonito texto escreveste garota!
A Srª D. Maria era isso tudo e, penso que todas somos unânimes no sentimento de gratidão que temos para com ela.
Tendo-nos marcado duma forma positiva, foi sempre um modelo a seguir,um exemplo a dar, de grande dedicação e profissionalismo só possível naqueles que têm um grande fascínio em ser professor.
Julgo que foi professora por opção e por vocação, tendo sido a impulsionadora para a nossa descoberta do saber.
Deixou em cada uma de nós, bocadinhos do seu coração.
Ensinou-nos a aprender a amar, a respeitar, a viver, a crescer...
Iluminou as nossas mentes desbravando caminhos e mostrando-nos horizontes.
Bem-haja Srª Dª Maria
Bem-hajas garota
Beijos
Olímpia

Augusta disse...

Pois é menina Amélia, levei-as da professora e, não contente com as que me deu, ao passar à nossa porta chamou a mãe e disse: "Ó Teresa, carrega na tua Augusta. A lambona comeu o pão da irmã!..."
E pronto, lá levei eu mais umas!
Verdade verdadinha, que nesta eu não as merecia. Mas noutras, lá estávamos nós sempre juntas a urdi-las e a tecê-las! Mas tu urdiste mais que eu!
Beijos

Albertina disse...

Amigos,

Sinto-me muito grata e lisonjeada com os vossos comentários. O texto que escrevi visou tão-somente expor publicamente a minha gratidão a alguém que influenciou, decisivamente, o meu percurso de vida. E fico contente pelo facto de a mensagem reflectir também o sentir geral dos habitantes de Rebordainhos.

Tirando os louvores das minhas manas – suspeitos! – gostaria apenas de fazer três referências:

- Ao Tonho da Tia Lídia, pessoa que eu muito admiro pela qualidade literária superior dos seus escritos. Entendi as suas palavras como um “reforço positivo”;
- Ao Américo, de quem eu herdei os livros de estudo até ao 5º ano e que é um dos responsáveis por eu ter aquilo a que as pessoas chamam de “letra bonita”. É que eu tentei imitar a caligrafia de uns comentários e de uns autógrafos que ele teimou em fazer em todas as imagens dos livros de Ciências e de Geografia...;
- Ao Tonho do Tio Arnaldo pelas lindas palavras que me dirigiu. Sabias, Tonho, que tu eras um dos alunos mais inteligentes da escola? E que foste responsável, talvez, pelas primeiras angústias por que eu passei? É que o Sr. Professor, na véspera de eu ir fazer exame a Bragança – anteciparam-no porque tinha de vir para Lisboa fazer o exame de admissão ao Liceu – e perante um erro qualquer que eu cometi, me disse: “Este – apontando para ti – faria melhor figura que tu...

É verdade que eu deveria ter seguido a área de Ciências. Engenharia Química deveria ser o meu curso. Só que as minhas amigas iam todas para línguas... E lá fui eu com elas. Não me arrependo. As humanidades habilitaram-me com outras capacidades para o desafio que eu tinha pela frente...

Um abraço

Albertina

Américo Amadeu Pereira disse...

ALBERTINA
Como é possível o comentário feito
a meu respeito e que me deixa cheio
de curiosidade na medida em que eu
não me lembro de nada, mas que ao
mesmo tempo fico muito contente por
saber que ao passar para ti coisas
de pequena importância, foram tão
úteis e tão apreciadas. Estou muito
satisfeito e obrigado por todos estes momentos tão felizes.
Os meus cumprimentos.
Américo

EC disse...

Albertina,

Só posso agradecer pelo que disse!
Apraz-me saber o quanto a Sr. Professora foi importante na sua vida.
Dizem que era uma pessoa com muito mau génio, mas eu só conheci a parte boa dela.

Beijos
Milita

CC disse...

Albertina,
bem-haja por estas belas palavras.
Simplesmente, obrigada!

Beijos
Tilinha