quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

DO NOSSO PASSADO [O CONCELHO parte I]

O nosso passado, encerrado abruptamente nos meados do séc. XIX, concedia-nos uma liberdade e uma autonomia que nunca mais voltámos a ter.

Rebordainhos era cabeça de concelho e às cabeças de concelho chamava-se "vilas" (designação que pouco tem a ver com as actuais vilas, que são povoações de dimensão razoavelmente grande). Uma vila podia ser um lugar muito pequeno, como era o caso da nossa terra. Eu ainda me lembro de ouvir os mais velhos dos Pereiros dizerem que iam "à vila", querendo dizer que iam a Rebordaínhos.

O passado de autonomia mantém-se presente na toponímia: temos a "Fonte da Vila", aquele lugar chãero, fértil e abrigado e as "Cancelas da Vila" a que hoje nos referimos somente como "Cancelas".

Um concelho era uma unidade territorial e humana capaz de se bastar a si própria.

Para se bastar economicamente, cada concelho tinha o seu termo que podia limitar-se à própria sede ou abarcar outras povoações e lugares (o nosso termo deveria corresponder, basicamente, ao da actual freguesia, embora só muito tardiamente tivesse incorporado os Pereiros).

Para se bastar na administração da vida comum, o concelho tinha a câmara e as assembleias concelhias (de que são herança, ainda, as sessões para a partilha anual da água e o toque a concelho para o amanho dos caminhos, limpeza de poças, etc.).

Para se bastar na gestão da vida dos indivíduos contava com um tabelião (notário) e com um juiz aos quais podiam recorrer vizinhos (moradores da vila) de outros concelhos que desconfiassem da valia dos próprios, ou andassem de candeias às avessas com eles. É impressionante a zona de influência destes magistrados de Rebordainhos. Disso tratarei em artigo futuro.

Como deve imaginar-se, um juiz formado em Coimbra não quereria desempenhar funções em lugarejos longe de tudo. Os juízes dos concelhos rurais são, por isso mesmo, gente da própria terra, eleitos pelos vizinhos. Como se depreenderá, sendo moradores da terra, estes juízes não estavam imunes às quezílias locais, daí que as suas decisões, ao invés de serem justas, às vezes favoreciam os seus interesses, ou os da família, ou os dos amigos. O direito de apelação superior, ou o de recorrer a outro juiz que não o da terra, existia e fazia todo o sentido.

Estas características negativas dos juízes das pequenas instâncias deixou marcas na tradição. Fiz uma pequena recolha de adágios sobre o assunto que me apetece partilhar convosco:

Juíz de aldeia, quem o deseja, o seja.

Juiz de aldeia, um ano manda, outro na cadeia.

Por falta de homens, fizeram a meu pai juiz.

A Juiz ladrão, com os pés na mão

A juiz fraco, estomentallo*

_____
*Estomentá-lo: (mal)tratá-lo, como se faz ao linho. De "tomento", estopa.


A ilustração é do Google Maps

34 comentários:

Anónimo disse...

Fonte da vila sim, mas cancelas da vila nunca ouvi falar. Aonde é esse lugar?
obrigado

Anónimo disse...

Pois é verdade. Apesar de em Rebordainhos lhe chamarem habitualmente de cancelas, o meu sogro ensinou-me que àquele entroncamento da estrada com o caminho que vai para a ribeira, Vales, Lanção, antes de virar para os Pereiros, aí chamavam-lhe os antigos, as cancelas da vila.
Pois é, e esta aprendia com ele, que em tempos antigos costumava ir de Rebordãos e Bousende a pé. Como nos dizia ele ( e felizmente ainda pode dizer), ia por Lanção e, quando chegava "às cancelas da vila" de Rebordainhos, sentia já algum alívio por estar mais perto do seu destino.
Que bom que é quando temos alguém que nos ensina, não é?
Abraço
Augusta

Anónimo disse...

Fátima:
Já há pouco havia tentado comentar, mas mais uma vez, o comentário não foi publicado. Agora dá-lhe para me pedir que inicie a sessão! Enfim, acho que vou optar pelo anónimo e, claro, assinar.
Mas olha, gostei do que li. E já agora, sabes que as pessoas de Lanção quando se referem a Rebordainhos, também dizem vila?
És uma rata de biblioteca e consegues transmitir-nos o teu imenso gosto por aquil que fazes.
Louvo-te a paciência e a vontade contínua de aprenderes e te valorizares. Agradeço-te porque partilhas connosco o teu saber.
Beijos
Augusta

antonio disse...

Fátima: se é verdade que o saber não ocupa lugar, quem ensina grátis, tem ainda mais mérito... e que bela lição de história! Nossa, dos nossos antepassados, da nossa terra que foi Vila sem dúvida alguma...isto confirmado por gentes de terras regionais, quando por lá passaram... um de 95 anos, que ainda há pouco tempo me falou dos "cancêlos" da Vila, hoje lugar cito "Chãera".Eu digo: Cancêlo porque em linguagem popular da Aldeia, Cancela" era mais utilizada para encurralar animais, sobretudo as ovelhas. Fui ver o significado que deixo aqui: "Cancela: porta gradeada de madeira, mais tôsca que o cancêlo".» gostei dos adágios. Não conhecia nenhum. Como o Rui não divulgou o lugar de uma das fotos, gostaría saber... será possivel? Obrigado, parabens aso dois, e um abraço para cada um.

antonio disse...

Augusta: creio ser normal que te seja pedido: iniciar sessão se estás a utilizar uma conta Google. Parabens para o teu sogro pelo percurso de Rebordãos até Bousende... agora dão-se voltas pela pista sintética de Bragança!!! Beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Anónimo

Creio que, quer a Augusta, quer o António, já lhe deram a explicação correcta. Ainda este ano, no Verão, alguém me disse: vamos dar um passeio até às cancelas, queres vir também?

Espero que, agora, já esteja lembrado.

Cumprimentos

Fátima Pereira Stocker disse...

Augusta

As palavras caem no esquecimento, mas basta que uma pessoa se recorde, para que as outras se lembrem também. Foi o que aconteceu com aquilo que aprendeste com o teu sogro e, depois, me ensinaste. Comecei a fazer perguntas e as pessoas foram-se lembrando. Depois disso, a expressão adquiriu novo, e mais digno, significado. Se, até então, poderia pensar que aquele era um lugar onde, habitualmente, se colocariam as cancelas para o gado, depois do acrescento do teu sogro tornou-se certo que aquele lugar marca uma das entradas de Rebordaínhos. A da à Chave é outra, embora tenhamos mais que não têm a necessária correspondência na toponímia (quiçá, porque à data da designação dos lugares elas não servissem de entrada).

Essa informação sobre os de Lanção é nova e soube-me bem.

Beijos e muito obrigada.

Fátima Pereira Stocker disse...

Ainda a Augusta

Tal como eu, deves ter várias caixas de correio e, às vezes, esquecemo-nos de as fechar antes de abrirmos o blog (ou acontecem outras coisas que às vezes também não entendo). Se o blogger te pediu que iniciasses a sessão, abria-la com o e-mail com que costumas comentar e publicar e ele, logo de seguida, publicava o teu comentário sem precisares de o voltar a escrever. Habitua-te a olhar para o canto superior direito da página para veres se tens a sessão iniciada.

Beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Tonho [Braz]

Eu já procurei essa data que tu referes, mas nunca a consegui ver. Devo olhar para todos os sítios menos para o certo.

Quanto ao desafio, esperemos que o Rui desvende o enigma porque, de facto, não sei qual será o lugar!

Sobre cancelo (para nós, cancèlo, embora os dicionários sugiram "cancêlo") ou cancela: é verdade que, entre nós, se fala mais de cancelas para o gado e cancelo para um portão de entrada de propriedade. No entanto, um cancelo é sempre um portão pequeno e baixo, que me parece pouco adequado à entrada de uma povoação. Em contrapartida, os dicionários iniciam a definição de cancela por "porta gradeada geralmente de pau ou ferro" que, parece-me, se aproxima mais da serventia da dita, no caso em apreço.

Beijos e muito obrigada pelo contributo.

Chanesco disse...

Fátima

Essa da vila desconhecia. Compreendo agora a razão porque na aldeia histórica de Monsanto (Idanha-a-Nova), freguesia composta de 6 ou 7 lugares, que foi concelho, penso que em meados do sec.XIX, se diz vou à Vila para designar o lugar com o mesmo nome que engloba o núcleo histórico.
Quanto à questão do juiz, formado em Coimbra, não aceitar trabalhar num lugarejo, penso que a mesma se mantem actual.

Um abraço para Rebordainhos

Fátima Pereira Stocker disse...

Caro Chanesco

Se bem me lembro do que aprendi na faculdade, Monsanto tem um dos forais mais antigos, creio que doado por D. Afonso Henriques, com o objectivo de promover o povoamento e colonização das terras do interior (ainda não podemos falar de fronteira porque, nessa altura, era tudo muito fluído). Tal como os restantes concelhos medievais, manteve a sua autonomia até ao séc. XIX, altura em que os liberais acabaram de vez com a valia das cartas de foral e instauraram uma reforma administrativa radical, de que hoje somos herdeiros: vingou o centralismo.

Quanto aos doutores de Coimbra, nos nossos dias podemos dizer o mesmo dos do Porto, de Lisboa, etc. Crêem-se bons de mais para as terras do interior!

Beijos

Rui disse...

Olá a todos,

D. Fátima, a sua explicação da nossa história local, sem esquecer a contextualização da história de portugal é de facto única. Muito obrigado por isso.

Começo pelas cancelas. Também se fala de uma cancela junto à casa do Silvério. O meu tio Artur disse-me até que ainda chegou a ver duas pedras, na vertical, e com o que seria um suporte/dobradiça das referidas cancelas. Disse também que uma das pedras estará no muro, logo em baixo, que segura o caminho quem vai para a cruz...

Quanto ao concelho, ainda faltou Vilar Douro, apesar de ter feito de tudo para se livrar de nós (chegando mesmo a livrar-se)!
As nossas demandas duraram tanto que só no séc.XX se "fez fronteira"! É interessante ver a demarcação feita. (Pode-se consultar aqui: http://www.dre.pt/pdf1s/1938/07/16000/10851086.pdf)

Sr. António, já desvendei o lugar da data que faltava no artigo anterior. Peço desculpa pela demora.

Cumprimentos a todos,
Rui

Fátima Pereira Stocker disse...

Rui

Houve querelas muito sérias entre Rebordaínhos e Vilar d'Ouro pela posse de Vila Seco. Se houve tais querelas, isso quer dizer que Vilar d'Ouro não fazia parte do termo de Rebordaínhos, antes, que lhe disputava território. A contenda a que o decreto do Estado Novo põe termo é essa mesma, presumo.

Sobre as cancelas à entrada da Cruzinha (à porta da Maria do Silvério, como tu dizes), o teu tio Artur deve ter razão. Creio que, à esquerda de quem sai do povo, lá está ainda uma pedra ao alto - agora só segura a entrada para uma propriedade (não sei de quem é) e que tem todo o aspecto de poder servir de ombreira. Não me referi a essa entrada, nem à(s) do Outeiro e Portela porque para o caso interessavam-me, somente, as designações que se referissem, expressamente, à condição de Rebordaínhos enquanto vila cabeça de concelho.

Beijos e muito obrigada pela contribuição

Rui disse...

Boas,

De facto sim a contenda era entre Rebordainhos e entre Vilar Douro. No entanto nos meus apontamentos encontrei o seguinte:

1587, 13 de Fevereiro. "(...)o Corregedor, o Provedor da Comarca, & cidade de Miranda me enviarão sobre as duvidas que ha entre os moradores da villa, o couto de Rebordainhos com a Camara, & moradores da cidade de Bragança, pellos não deixarem usar da jurisdição que pretendem ter de pastar, & montar com seus gados no lugar de Villar Secco,& Villardouro(...)" (1)

1593, 6 de Maio. “Os moradores de Villardouro termo dessa cidade [de Bragança] trazem demanda com os do couto de Rebordainhos termo da de Miranda sobre lhe quererem tomar o dito lugar e o de Villar Secco cuja causa pende na corte e esta o feito concluso em poder do juiz dos feitos de Sua Magestade (…)” (2)

1594, 12 de Janeiro. “(…) a villa, e Couto de Rebordainhos, que está na comarca de Miranda do Douro, com todo seu termo, dentro no qual se prova estar o lugar de Villar Douro, e por assim ser os moradores da dita villa de Rebordainhos terem toda a jurisdição sobre os povoadores de Villar Douro (…)”(1)

1758. “[Rebordainhos] Tem termo seo que he a Quinta de Villar de Ouro, a coal tem sette vezinhos.” (3)

1796. É referido que Vilar Douro é termo da vila de Rebordainhos. (4)

Fontes bibliográficas:
1 -> Cabedo, Jorge de. Secunda pars decisionum senatus regni Lusitaniae. / Collectae per doctorem georgium de cabedo.
2 -> Alves, Francisco Manuel. Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança, Tomo VIII.
3 -> Memórias paroquiais de 1758 de Rebordainhos, respondidas pelo padre Bernardino de Moraes.
4 -> Mendes, José Maria Amado. Trás-os-Montes nos fins do século XVIII: Segundo um manuscrito de 1796.

Mesmo com isto, não se pode dizer que Vilar Douro era do nosso termo?

Beijos,
Rui

Fátima Pereira Stocker disse...

Rui

Como sabes, escrevi na posse dessas informações e, tal como tu, questionei-me sobre elas. O primeiro documento que citas (1587) apresenta-nos à contenda: disputa pelo direito de utilização daquela área. A contenda tem de ser inscrita noutra mais ampla, que é o das jurisdições de Bragança v/s Miranda. Repara que se não reclama de outra jurisdição, apenas o direito de pastagem. Pelos vistos, a questão está decidida, embora não tenha sido publicada em 1593.

Vejamos, agora, o que vem incluído nas memórias paroquiais: quando as li, a informação saltou-me à vista, mas deixou-me com a pulga atrás da orelha: que motivos estarão por detrás da indicação de Vilar d'Ouro e só Vilar d´Ouro como fazendo parte do termo de Rebordaínhos? O termo não se reduz a isso, certamente! Ou seja, questionei-me sobre os motivos reais do pároco e, embora não possa negar o que diz, posso levantar uma hipótese: o assunto de Vilar d'Ouro ainda não estava encerrado.

Agora, avancemos para a reforma administrativa liberal que, em regra, respeitou as delimitações concelhias anteriores. Como justificar, nesse caso, a inclusão de Rebordaínhos em Bragança e a de Vilar d'Ouro em Macedo?

Percebes, agora, o que me faz suspeitar e não dar o assunto como dado adquirido?

Só uma nota final: cá para mim, os de Vilar d'Ouro tinham razão. Olhemos para os actuais/recentes proprietários de Vila Seco: são de Vilar d'Ouro ou, sendo de Rebordaínhos (como é o caso do meu pai e seus irmãos, da tia Maria, etc.), os ascendentes que lhes permitiram o herdamento são de Vilar d'Ouro. Admito que haja excepções, mas a regra será essa.

Beijos e muito obrigada pelo trabalho que tens demonstrado e nos permite ter este diálogo tão interessante (pelo menos para nós os dois...)

Fátima Pereira Stocker disse...

Correcção

O meu pai e seus irmãos são naturais das Cabanas (Vilar d'Ouro) e a tia Maria é, mesmo, de Vilar d'Ouro. Ou seja: só os da minha geração é que somos nados e criados em Rebordaínhos.

Rui disse...

Olá,
Ressalvo que o que digo é apenas a minha limitada interpretação. De facto nem devia estar a por em causa, mas o diálogo não faz mal a ninguém!

Na minha opinião o que se passou foi: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Os de Vilar Douro eram termo de Rebordainhos, mas por qualquer razão deixaram de o querer ser.

O duque queixa-se das coimas injustas que Rebordainhos faz sobre os de Vilar Douro. Como cobrar coimas se não for pertença dessa jurisdição?
E lida a sentença em 1594 diz-se que a povoação de Vilar Douro fique sempre dentro do termo da vila de Rebordainhos. Diz ainda que os moradores de Vilar Douro, têm de ser sujeitos ao governo e jurisdição de Rebordainhos.

No meu entender, os de Vilar Douro aquando desta sentença, não a acataram de todo. Ou seja, mansamente, foram “largando” Rebordainhos, dizendo que eram de Bragança, acatando as justiças de Bragança, etc… Isto arrastou-se e nas memórias paroquiais temos Soutelo a dizer que Vilar Douro é deles, e Rebordainhos também. Mas vemos também que Rebordainhos não faz muita importância do caso (tinha a querela com o Corregedor de Miranda)…
Assim nas reformas liberais já haviam passado uns séculos desde a contenda, e os limites eram, no mínimo, dúbios! Vilar Seco ficou para nós, porque era nosso e não tinha ninguém a morar lá a dizer que não queria ser! Já Vilar Douro... Se nós não sabemos agora a quem pertencia, como iriam saber liberais?

Beijos,
Rui

Olímpia disse...

O que eu tenho aprendido com estes dois (Fátima e Rui)!...
Sabe-se lá porquê, lembrei-me dos serões à volta da lareira (agora, desta forma mais moderna):
"Antigamente..."; "Já o meu avô/pai dizia"...

Obrigada aos dois

Bjos

Olímpia

Anónimo disse...

Creio que a afirmação do Rui, de que os de Rebordainhos tinham a querela com o Corregedor de Miranda, é ditada pela leitura do manuscrito do pároco de Rebordainhos na resposta ao inquérito lançado pelo Marquês (as Memórias Proquiais). Mas atenção, Rui: na nossa (repetida) disputa com Bragança sobre o direito de posse de Vilar Douro e Vilar Seco, o Corregedor de Miranda esteve sempre do lado de Rebordainhos. De resto, quanto ao facto de um e outro pertencerem, ou não, ao termo de Rebordainhos, parece-me que é o Rui, e não a dra Fátima que tem razão. Transcrevo da "Secunda pars Decisionum ...", de J. Cabedo, o Arestum LXVI:
"...mostrasse que entre as maes villas e lugares que pertencem a Coroa deste reyno,(...) assi he a villa e Couto de Rebordainhos, que está na comarca de Miranda do Douro, com todo seu termo, dentro do qual se prova estar o lugar de Villar Douro. E por assim ser os moradores da dita vila de Rebordainhos terem toda a jurisdição sobre os povoadores de Villar Douro, e todos misticamente pastarem os seus pastos, e ervagens, e montarem o seu montado cortando delle toda a lenha, que lhes era necessária para seu uso; e correndo os oficiais de justiça, e governo da dita villa, e demarcando em cada anno os termos, ireem ao dito lugar de Villardouro, e porem nele as alsas, e balisas, e marcos do dito termo, de maneira que a dita povoação de Villardouro ficava sempre dentro do termo da dita villa e com o de Rebordainhos: provasse d'alguns annos a esta parte os moradores de Villar douro se levantarem, se someterem e subjeitarem a jurisdição da cidade de Bragança, indo lá as audiências e obedecendo, e fazendose em todo do termo da dita cidade: e posto que por parte dos reos se prove o dito lugar de Villar douro ser termo de Bragança, e os povoadores do dito lugar irem a esta cidade requerer a sua justiça: mostra-se fazerem isto por se isentarem das justiças da villa de Rebordainhos (...) e a prova dos autores he mais legal e iuridica que a dos reus e mais sem suspeita. O que todo, e o mais dos autos, e disposição de direito em tal caso, pronuncião, e julgão o dito termo e lugar de Villar douro com seu limite pertencer a villa de Rebordainhos, e ser sojeito a sua iurisdição e governo: e que os moradores da dita villa possão livremente pastar, e remontar com seus gados na terra e limite de Villar douro, como em seu termo (...) A xiiJ de Ianeiro de 94"
Creio que esta longa transcrição (que procurei manter o mais fiel possível ao original) não deixa dúvidas sobre quem, no julgamento do julgador, tem razão ou usa de má fé - se os autores (Rebordainhos) se os réus (Vilar Douro).

Fátima Pereira Stocker disse...

Rui

Anónimo

Nem imaginais o gosto que me está a dar isto tudo.

Preciso de introduzir aqui o meu conceito de verdade histórica. Por muito simpatia que tenha - e tenho - pelas conclusões que ambos tirais, eu não sou capaz de ir tão longe, porque a leitura conjunta de todos os documentos mo não permite. É perfeitamente possível - verosímil, até - que Vilar d'Ouro integrasse o termo de Rebordaínhos. Com os documentos de que disponho, apesar da possibilidade e/ou verosimilhança, não o posso afirmar. E o que me impede é o respeito escrupuloso pela verdade histórica, que carece sempre de comprovação. Bem sei que nem todos os historiadores seguem esta linha de pensamento, mas foi nela que me formei e é essa que perfilho.

Crede que aprecio e valorizo tudo quanto aqui escrevestes. Eu não posso ir tão longe como vós, mas agrada-me que vós o façais, cumprindo cada qual o seu papel.

A ver se me explico melhor: para que um médico tenha a certeza do diagnóstico precisa de pedir ao doente que faça certo número de exames. Se um desses exames falhar, o diagnóstico ficará incompleto e, possivelmente, errado, se se tratar, por exemplo, de uma doença rara. A história local é uma espécie de doença rara onde falham muitos instrumentos de diagnóstico: os documentos. Se a documentação de que dispõe for escassa, controversa e com hiatos temporais, o historiador tem dois caminhos: pode, deduzindo, tirar conclusões (em meu entender não o deve fazer) ou levantar hipóteses. Neste caso, se as torna públicas, deve sublinhar isso mesmo, que se trata de conjecturas. A vantagem do historiador sobre o médico é que ele não tem pressa, porque o doente não lhe morre enquanto busca a verdade.

Ainda vos dou mais um argumento a vosso favor: era prática habitual dos senhores - da nobreza ou eclesiásticos - avançarem os seus "marcos" pela propriedade régia ou vilã e os braganças foram acusados disso mesmo em várias circunstâncias. Tal quer dizer que aconteceu exactamente assim com o termo de Rebordaínhos? Não sou capaz de afirmar tal, embora me não custe a aceitar. O que é que me faz não ter a certeza? O conteúdo do início da disputa.

Agora só para o Rui, no que toca aos liberais: havia uma coisa muito importante: uma memória com 200 anos a menos de esquecimento do que aquela que é a nossa.

Um grande abraço para os dois e o meu bem-hajam pelo tanto que aqui dissestes.

Rui disse...

Olá,

Posto tudo isto, podemos concluir que temos ambos razão, não é assim?

Mesmo assim pergunto, a sentença não deveria prevalecer sobre o conteúdo do inicio da disputa que menciona e que remete para as dúvidas?

Numa coisa eu concordo consigo, quando há documentos díspares a dúvida aumenta. Uma coisa que aprendi na genealogia é que mesmo com documentos, não posso ter a certeza de nada (de muitas coisas)! Vou até dar o caso de Bartholo Caminha, que me aparece em referenciado em cerca de 15 registos, como natural da vila de Arzúa, mas num deles aparece de São Vicente de Burres, concelho de Arzua. A probabilidade de ser natural deste último até é maior, mas o número de documentos que disponho indicam-me Arzua. Como resolver? Ir a Espanha e encontrar o documento conciliador(baptismo).

O problema na nossa questão é, qual seria o(s) documento(s) conciliador(es) da nossa questão? Já vi que nenhum dos que dispomos até agora serve…

Adianto ainda outra fonte que pode ser importante ou não, o processo de Inquisição sobre o Padre Domingos Pires (1698-1702), cura de Bouzende, natural de Vilar Douro. Quando falam na naturalidade do pároco, talvez seja indicado se é termo de quem (Bragança ou Rebordainhos).

Beijos,
Rui

Fátima Pereira Stocker disse...

Rui

Percebeste bem aquilo que quis dizer. Aquilo que fica bem a uns, fica muito mal a outros (mesmo que sejam só eles a achar isso).

Quando não duvidamos da autenticidade de nenhum documento, não temos motivos para dar mais crédito a um do que a outro.

Os exemplos que deste ilustram bem a história. Mas dou-te outro, que é gritante: eu nasci, de facto, a 13 de Maio. No registo de nascimento consta que nasci a 18 desse mês. No registo de baptismo, a data que o P.e João escreveu é a de 26 de Maio. Quem vier a seguir e me queira pesquisar com rigor não pode escolher entre dois documentos verdadeiros e igualmente fiáveis... mas que faltam ambos à verdade (nessa altura já ninguém saberá)! Com isto, já podes ir prevenido sobre a (in)certeza que encontrarás no registo de baptismo desse teu antepassado.

Beijos

Rui disse...

Boa noite,

Pois é, e já tinha partilhado comigo esse episódio! De qualquer das maneiras, a sua data “verdadeira” está salvaguardada na minha base de dados, e com a respectiva fonte assinalada!

Só mais uma coisa, o exemplo que dei, não é meu antepassado, mas sim da minha cunhada. Genealogia é um vício...

Beijos

Anónimo disse...

Percebi, obviamente, a metodologia da historiadora. Mas, para lá da situação actual - que sabemos quando se tornou definitiva - não percebo em que documento(s) baseia a hipótese contrária, de Vilar de Ouro nunca ter pertencido ao termo de Rebordainhos: é que o testemunho do pároco de Soutelo, em meados do sec. XVIII, só prova que nessa altura a posse do referido termo já era disputada - mas nós sabemos que a disputa é, até, bem mais antiga. A interferência/apropriação dos braganças, que admite possível, é, aliás referida na fonte que transcrevi; assilalei a respectiva expurgação, por tê-la julgado despropositada para a questão, com as reticências entre parêntesis.
Isto faz-me lembrar outra coisa que, como verá, tem o seu interesse (para a questão e para a metodologia adoptada) É sabido que não existe, actualmente, nenhum povoado chamado Vilar Seco no concelho de Bragança, mas existe uma aldeia assim chamada no concelho de Vimioso. Ora, tratando desta aldeia, os autores da monografia "Vimioso" (1968 - 546 pp.)dizem-nos, na pág. 192, que ela é referida "nas inquirições de el-rei D. Afonso III realizadas em 1258 ao tratar da paróquia de Rebordainhos (Sanctae Mariae Magdalenae)". Eu nunca lidei com a fonte que referem. Mas a mim parece-me óbvio que se trata de uma interpretação imposta por um presente... que desconhece o Vilar Seco nelas referido.

Aproveito para acrescentar outra coisa, sobre as portas/entradas de Rebordainhos. Entrada de Rebordainhos na Chãenra... parece-me demasiado longínqua: a própria toponímia no-la indica mais próxima, na Portela. As Cancelas da Vila indicam, segundo creio, um local de vigilância/control avançados, em tempos de crise ou conflito, que seria operacionalizado através disso mesmo, de umas cancelas de gado atravessadas no caminho. Este dispositivo, aliás, terá ainda sido utilizado nesse local no início do sec. XX quando as forças republicanas subiram a Rebordainhos e instalaram no Lombo de à Igreja dois canhões apontados à Senhora da Serra... que supunham ocupada por Paiva Couceiro

Amélia disse...

Desculpem mas isto faz-me lembrar a história de 2 teimosos que teimavam como é que se dizia a palavra pão.

Um dizia que era pões e o outro dizia pãos. Então decidem ir perguntar a um polícia que passava na rua. Ó Sr. Polícia diz-se pões ou pãos?
Olhe, é consoante as openiães !

Fátima Pereira Stocker disse...

Rui

Pois é, tens razão, é antepassado da Marta e do nosso Tonho Caminha Fernandes. Pessoalmente, reconheço a importância da genealogia, mas confesso que não tenho paciência nenhuma para ela. Cada qual com as suas manias. Ou prazeres!

Beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Anónimo

Sobre os documentos referidos, aquilo que mais me impede de afirmar que Vilar d'Ouro integrou o termo de Rebordaínhos tem a ver com o texto inicial da contenda com Bragança: os de Rebordaínhos pedem, como única jurisdição, o direito de continuarem a apascentar os seus gados em Vila Seco e Vilar d'Ouro. Outra nenhuma. Podemos levantar hipóteses: nesses meados do séc. XVI, há quanto tempo existia Vilar d'Ouro? Será que essa povoação foi edificada em território do termo de Rebordaínhos que, desse modo, se viu subtraído de área importantíssima? Se sim, ou se não, desconheço os documentos. Seriam povoadores de Soutelo / Bragança que com esse subterfúgio alargaria o seu termo à custa do de Rebordaínhos? Nada sou capaz de dizer. A única coisa para a qual pendo, embora não seja capaz de afirmar sem sombra de dúvidas, é que Vila Seco deveria pertencer a Vilar d'Ouro (integre esta, ou não, o termo de Rebordaínhos). No entanto, se Vila Seco integrava Rebordaínhos, por que razão é que os proprietários dessas terras são todos, ainda hoje, naturais ou descendentes de gente de Vilar d'Ouro?

Tenho pena, mas só lhe posso apresentar este mar de dúvidas.

Sobre Vilar Seco - Vimioso ?
é verdade que os inquiridores, numas terras, perguntavam sobre outras. Daquilo que li, tenho dificuldades em concluir com toda a certeza se se trata da nossa Vila Seco ou de Vilar Seco do Vimioso. Tenho todo o gosto em transcrever-lhe a passagem das inquirições afonsinas em que se refere o assunto de Vila(r?) Seco (calculando que tenha menos problemas com o latim do que eu, agradeço do fundo do coração a ajuda que me der):

Incipit porrochia Sancte Marie Magdalene (...)Dominicus Rouco de Revordinos; juratus et interrogatus dixit sicut donnus Geens; et dixit magis quod audivit dicere hominibus qui sciebant quod Villar Seco fuit donni Regis regalengum et vidit quando homines voluerunt populare pro ad donnum Regem et defenderunt sibi eum Pelagius Michaelis de Izeda et Petrus Lupi et modo est de archiepiscopo et de monasterio de Crasto Avellanarum et de militibus de Moraes et non faciunt inde forum donno Regi; et dixit quaod audivit dicere hominibus qui sciebant quod Fontano de Cabras et Ferreyros sunt regalenge donni Regis et modo laborant eos homines de Lansan et de Sortes et non faciunt inde forum donno Regi.

"Villar Seco" era terra regalenga, terra do rei. Vila Seco ou Vilar Seco? Confesso que a distância me parece exorbitante para que, em Rebordaínhos, se pergunte sobre Vilar Seco. No entanto...

Sobre as portas da Vila: a sua interpretação é perfeitamente plausível. Muito obrigada por tê-la apresentado aqui e, confesso, desconhecia tal versão. Veja, no entanto, sob outro ângulo: quem vem de Lanção e pretenda ir, por exemplo, a Soutelo, terá de passar pelo termo de Rebordaínhos sem, no entanto, entrar na vila em si. Se Rebordaínhos pudesse cobrar direitos de passagem (não o sabemos por desconhecermos o foral) não os cobraria a esses porque, naturalmente, se não deslocariam até à povoação para cumprirem tal dever. Por outro lado, tenho alguma dificuldade em compreender que se chame pequena porta (portela) a uma entrada, sem que haja outra maior para servir de comparação.
Enfim, mais outra para pensarmos.
Também desconhecia a dos republicanos.

só mais uma achega, apenas como curiosidade: a nossa "Portela" corresponde a cada um dos significados que os dicionários dão à palavra: "pequena porta"; "ponto em que um caminho ou uma estrada forma ângulo ou cotovelo"; "passagem estreita entre montes".

Estou-lhe profundamente grata por este diálogo.

cumprimentos

Fátima Pereira Stocker disse...

Amélia

Rir também faz parte. E fizeste-me rir, o que é bom.

Beijos

Anónimo disse...

Perdão por mais mais esta intromissão, tão atrasada (só agora li a resposta da D. Fátima): prometo que, por mim, ficarei por aqui.
Primeiro agradeço o excerto transcrito, em latim... (a suspeita que me lança tem piada... e é uma boa tentativa!). Refere-se, de facto, a Villar Seco. Não será Vila Seco?! Engraçado: os habitantes de Vilar Seco, de Vimioso, quando se referem à sua terra na sua língua materna (o mirandês - situa-se bem dentro das "terras de Miranda") chamam-lhe Bilasseco!!! Pessoalmente, no excerto, mais que a ganância do arcebispo ou dos "milites" de Morais, valorizo a tentativa de apropriação por parte do Mosteiro de C. de Avelãs. Porque.. Sobretudo porque Bilasseco está numa zona de colonização/povoamento de mosteiros leoneses (há quem explique o mirandês por essa colonização), particularmente do mosteiro de Moreruela (Moreiroa) com o qual, ao que consta, o de Castro de Avelãs nunca entrou em conflito, ou concorrência; pelo contrário, são conhecidas as suas relações de proximidade.
Não sei que lhe diga do argumento de propriedade (da parte de originários de Vilar Douro), até porque creio recordar-me de, p.e,entre outros, o sr. Raul dos Vales ser proprietário em Vila Seco... De resto, pela força deste argumento, fico à espera de quando a vir expurgar do termo de Rebordainhos outros cachos bôs! E penso que o Binclo (Ribeirinha) não será o pior candidato...
O argumento do conteúdo da queixa, ou reclamação, parece-me mais sério e merece ser analisado. Trata-se, segundo diz, do facto Rebordainhos reclamar para si somente o direito de pasto... Será?!
Interpretação sua. Não sei se muito lícita.

(Fico com problemas: neste momento tenho de interromper. Se não enviar perco o que escrevi - ora eu prometi que ficava por aqui. Acontece que eu gostava mesmo de aprofundar este aspecto...
Bom envio. Depois se vê

Anónimo (aquele, lá de cima) disse...

Caraças, estou a descobrir que eu não sei nada da história de Rebordainhos e, neste momento, nada me apraz mais do que ver e ler o desenrolar desta troca de idéias. Se não for pedir muito, ficarei feliz se esta troca tão gentil de opiniões se prolongar. Assim poderei actualizar os meus conhecimentos (sem ter que pagar pelas aulas de história).
Muito obrigado a todos.

Fátima Pereira Stocker disse...

Anónimo

(Sem o valorizar, mas não deixando de notar o sarcasmo)

Um vínculo - o "Binclo" - ou terra vinculada é propriedade senhorial. Se o senhor é da nobreza, o vínculo designa-se "honra"; se é do clero chama-se "couto". Ou seja: o nosso Binclo diz-nos que aquela propriedade estava afectada a um senhor, embora a designação, só por si, não nos diga a que tipo de senhor. Mas já lá vamos, porque agora quero transcrever a parte das inquirições de D. Dinis que nos dizem respeito:

Item: freguesia de santa Maria de Revordayos; a aldeya que chamem Revordayo he provado que soya seer foreira d'El Rey e de Bragança e que lhy peitavam vooz e cooima e os outros foros; e ora trage-a toda o arcebispo de Braga e Crasto d'avelãas e o Espital por sua e por honrra des tempo dÉl Rey dom Sancho prestumeiro que nom fazem ende al el Rey Rem nem a Bragança e nom dizem as testemunhas per que razom. Seja toda devassa e entre hy o andador de Bragança pollos dereitos d'el Rey; e chame-os El Rey sobre'la compra e gaanhadia

Ou seja, Rebordaínhos era do Rei, até D. Sancho II (o último - prestumeiro)e estava colocada na dependência de Bragança (nomeadamente, em voz e coima). No entanto, ao tempo de D. Dinis - e apesar de todo o processo das inquirições de D. Afonso III, com D. Dinis a aldeia estava transformada em três coutos: do Arcebispo de Braga; do mosteiro de Castro de Avelãs e dos freires hospitalários.

O motivo da transcrição prende-se com a necessidade de lembrar que o poder de usurpação dos senhores nada tem a ver com a dos coitados dos camponeses (inexistente). Ou seja, nem por brincadeira levantaria a hipótese de excluir o Binclo do termo medieval da nossa terra.

Curiosamente, no ano anterior ao lançamento das inquirições referidas (em 1247, por conseguinte)o arcebispo de Braga e o Mosteiro de Castro de Avelãs trataram de se entender e trocar entre si propriedades que lhes pertenciam (?) - e lá está Rebordaínhos, a ser escambada entre ambos:

(...) domino archiepiscopo et duccessoribus suis videlicet concesserant seu donaverant ecclesiam et villam de Sezulfe cum omnibus juribus et pertinentiis suis et casalia quae dictum monasterium habebat en Bornes cum omnibus juribus et pertinentiis suis similiter casalia et omnia alia jura quae habebat dictum monasterium en Rebordainos et concesserunt, donaverunt, obtulerunt, tradiderunt proedicta omnia cum omnibus juribus et pertinentiis suis et cum ingressibus et exitibus de monte in fontem (...)

Estas trocas são frequentes, mas muitas vezes, os senhores trocavam o que não lhes pertencia de direito. Se assumirmos que o Binclo é a propriedade aqui referida, então o vínculo de Rebordaínhos era um couto.

Apesar do que vem escrito nas inquirições, embora muito tenha mudado, nem tudo se mudou por completo. Em chegando a D. Duarte, há conflito de interesses entre o arcebispo de Braga e D. Duarte, senhor de Bragança, argumentando o arcebispo, entre muitas outras coisa, que (...) tinha em a dita terra de Bragança a camera de failde e Carrocedo e a camera de Rebordainhos (...) O rei confirmou as pretensões do arcebispo, que requeria tais propriedades para Castro de Avelãs.

Nada na vida, como os interesses políticos, para nos mostrar que tudo é efémero. Tenha paciência com o desabafo, mas o dia de hoje nem me deixa alma para rir com brincadeiras.

Cumprimentos

Fátima Pereira Stocker disse...

Anónimo "lá de cima"

Gentileza sua. Bem-haja.

Cumprimentos

Anónimo disse...

A. de baixo

Pronto, já vi.

Que o próximo dia lhe corra melhor. E sempre com saúde

Amélia disse...

Sr. Anónimo,

E recorda-se muito bem. O Sr. Raul dos Vales era proprietário de uma terra em Vila Seco,sim senhor! Mas, também se deve recordar que a sua esposa era de Vilar Douro. Acho que era ainda prima de meu Pai.