Hoje,
Vela-me, como se vela um morto.
Senta-te!
Olha-me, enfim, prostrado e deitado.
Nas núbias cores agora visíveis,
Atento à flor de lis e purpúreas hortênsias,
Símbolo do amor perfeito,
Com alguns lírios brancos
Derramados pelo chão,
Onde jazem anos de vida terrena,
Lê meus lábios…
Nas palavras outrora proferidas,
Agora lembradas e retidas,
De um conselho amigo…
Fita-me no corpo frio,
Que mais não tem para deixar
Além da Saudade eterna,
A eterna fome de te abraçar.
Velas lúgubres iluminam meu caminho,
Luzes do além…
Fontes de vida que se sucedem,
Botões de rosas que renascem
No perfume que a vida tem.
Já cá não estou para te ver,
Mas mesmo assim estou feliz
Por te ver nascer.
Levando comigo o teu olhar,
Sei que estarei contigo
Em qualquer lugar,
Mesmo lá no fim…
Onde as cores terminam.
E PARA TODO O SEMPRE…..
Orlando Martins (2013)
9 comentários:
Bem-hajas Orlando por esta tua partilha.
Triste, mas bonita.
De despedida e, ao mesmo tempo, de esperança no fruto nascido.
Recheada de lembranças e de pressentimentos, tenho a certeza de que este poema é dedicado aos teus filhos, neto e esposa.
Parece-me que o silêncio te tem rodeado. Não deixes que ele te assuste nem encostes o ouvido à terra, esperando.Não, fica de pé TEIMANDO.
Há sempre uma saída,basta encontrá-la, nem que seja pelo fundo.
Beijos
Olímpia
Já li e reli este teu poema e, cada vez encontro novas mensagens. Está LINDO.
Bjo
Olímpia
Olá Orlando! Que lindo poema! Comovente, tocante, emocionante... quem tanto diz com tão poucas palavras, tem um dom de Deus. Bem-hajas por nos brindares, nós que apenas sabemos ou tentamos, compreender...recebe um abraço grande deste sempre fiel amigo.
Orlando:
Permite-me que em primeiro lugar te felicite pelo teu primeiro neto.
Quando eu fui avó, a minha irmã Tina disse-me o seguinte: "Sê bem vinda ao clube dos afectos". Agora, faço minhas as suas palavras para tas enviar também a ti. E não é que ela tem toda a razão? De facto, sentimos e conseguimos transmitir melhor os afectos. E depois eles, os nossos netos, são mestres na retribuição.
Agora relativamente ao teu poema/mensagem. Que dizer que já não te tenha dito noutras ocasiões? Mas como diz a Olímpia, triste mas muito bonito. Permite-me que eleja uma parte como favorita. Prefiro quando dizes "Fontes de vida que se sucedem,
Botões de rosas que renascem
No perfume que a vida tem...estou feliz
Por te ver nascer". E elejo estas duas partes porque nos transmitem esperança. Do resto, sim também gosto, mas tem mais sabor a despedida. E dessa prefiro não pensar. Antes, almejo viver cada dia num gozo permanente de convívio com os meus (e com a minha neta em especial). Infelizmente a distância não me permite usufruir desse gozo diário mas, quando juntos, desfruto desses momentos ao máximo.
Beijos para ti e para todos os teus. Manda mais sim?
Ora viva, Orlando, com toda a falta que nos tens feito!
Já sabes como sou: tenho a mania de ver (ler) o que não está...
E aquilo que li no começo foi "súplica" e logo de seguida foi "promessa" e é nesse jogo de transformação que, para mim, passou a fazer sentido o título que entendi como ironia, tendo em conta o último verso do poema: "fim" e "todo o sempre" só podem conviver assim.
Li ternura e melancolia e soube-me muito bem. Bem-hajas.
Mil beijos
[Em tempo: não vá alguém achar que eu sou doida, lembro que em termos literários a ironia é uma forma propositada de se afirmar o contrário daquilo que, de facto, se escreveu]
Olá Orlando
O facto de conseguires transmitir o teu hoje desta forma,com estas palavras,leva-me a dar-te mais uma vez os parabéns, por tão bem saberes dizer.
Deixa-me que te felicite também por passares a pertencer ao maravilhoso clã do: "ser avô". É uma experiência deliciosa. Vais ver que a partir de agora, ainda mais inspiração terás para juntar palavras lindas. Um beijo
Olá, Orlando:
Eu, a quem as musas não fadaram e, por isso,limitado a prosaicas lides, fiquei impressionado com a força do teu (verdadeiro) poema, apesar da tonalidade entre a ternura e a escatologia. Também recentemente entrado para o clube dos avós, onde a esperança se revive, penso que nos faria bem retomar umas partidas de king na Casa do Povo, onde tomavas a teu cargo afinar o teu tio Filinto.
De todas as maneiras pelo neto e pelo poema e um abraço muito arrochado do amigo
A. Fernandes
Olá,
Um grande abraço a todos este amigos do coração.
Já agora, e compilando os meus míseros ditos anteriores quero-vos dizer que apenas revivi o determinante ciclo da vida.
Espero terr forças para outras aventuras
Até já.
Orlando Martins
Apenas consigo dizer ; belo e sentido poema ...Arrepiou.me...
Ab.
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