Mãe Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?
Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.
Chamo aos gritos por ti — não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!
Miguel Torga, in 'Diário IV'
10 comentários:
Bonita homenagem,,, e poema dedicado,. Beijos
OLímpia e familia,
Gostei,
Lembremos enquanto podemos lembrar.
Bjs
Orlando Martins
Amanhã o meu pai fazia anos
Olímpia
Bem-hajas!
Eu bem tentei escrever, mas os meus dedos tolheram-se à segunda linha...
Beijos
Orlando
Pois fazia! Um dia antes do teu irmão.
Beijos
Obrigada António.
Fez ontem anos que perdemos a nossa querida Mãe.
Bjos
Olímpia
Pois é Orlando, o teu pai fazia hoje anos. Como bons vizinhos que sempre foram, concerteza que, onde quer que estejam, estão muito perto uns dos outros.
Obrigada pelas tuas palavras.
Bjo
Olímpia
Também eu, Fátima tentei escrever. No entanto, achei que as minhas palavras não conseguiam exprimir tudo aquilo que sinto.
Foi neste poema de Miguel Torga que me retratei.
Bjo
Olímpia
Uma sentida homenagem.
Deixo um abraço
Bom fim de semana
Bonita e sentida homenagem porque mãe é mãe e deve ser uma perda tão triste como o tamanho do mundo.
Um beijo
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