1. Desde o início do Verão que andávamos para lá ir. Aliás, desde que ouvira falar dela, não me cansava de perguntar a Pedro e a Paulo se sabiam onde ficava e se me levavam lá. Pouca gente na aldeia ouvira falar dela; menos, ainda, sabiam onde ficava e, desses, praticamente nenhum se sentia já com pernas para lá chegar. É a Fraga do Teixugo.
2. Aquela que, erradamente, identificara num dos primeiros artigos como sendo a "Fraga do Gato" não é tal (já corrigi no devido lugar) como, muito bem, o escreveu a Augusta.
3. Já desesperava de visitar uma e outra quando, em vésperas de me vir embora, o Toninho Rodrigo me disse: "se queres que te ensine, vai ter à Tergaça que eu não demoro". Quis lá saber que fosse uma tarde abrasadora de Agosto! Chamei a Augusta que também andava mortinha por ir, pelo caminho apanhámos a Cristina (filha do sr. João "Santacombinha") e lá abalámos caminho fora, bem guardadas pelo cão da Maria Albertina. Chegadas à Tergaça, vimos o Rafael e a Ester que nos indicaram mais ou menos o caminho. Como já estivéssemos no Lameirão, a Augusta tentou perceber qual foi o caminho que, há bastantes anos, seguira com o nosso pai até chegar à Fraga do Gato. E descemos porque, para aquele lado, sabia-o bem a Cristina, ficava a "Lameira Longa".
Por que caminhos nos metemos, senhores! Melhor dizendo: em que falta de caminhos nos vimos! Aquilo que, em tempos, fora terra de cultivo, estava transformado num giestal cerrado a perder de vista. Mas, se quem quer a bolota trepa-a, assim o atravessámos nós, até que desembocámos numa touça em cuja borda se podiam observar umas fragazitas de nada. Antes de descorçoarmos, descemos o barranco e aquilo que vimos deixou-nos sem respiração. É tal o ambiente de serenidade que ressuma daquele lugar, tal a paz, tal o apelo à contemplação, que pensei para comigo: este lugar é um santuário!
Estávamos na FRAGA DO TEIXUGO. Compreendem, agora, o hino que escrevi no artigo anterior?
4. A Augusta sabia que a Fraga do Gato não deveria ser longe dali e, penar por penar, lá atravessámos mais um giestal. Também a achámos. É uma fraga enorme, de dimensões próximas das da Fraga Grande da Ladeira, porém, porque metida no meio de uma touça e encostada a um barranco coberto de carvalhos, só quem a pisa lhe consegue descobrir a dimensão. O barranco e a vegetação impedem que desçamos para a vermos de baixo - vista sublime, certamente! - o que é uma pena. É uma fraga lindíssima que tem a virtude de nos fazer sentir no tecto do mundo, porque nos coloca à altura da copa dos carvalhos.
Não sei a razão dos nomes. Ao Abade de Baçal disseram-lhe em Rebordaínhos que, nesta fraga, havia uns desenhos que representavam um gato. O bom do Abade não os descobriu. Nós ainda menos porque a fraga está coberta de líquenes e de musgos (e também não procurámos muito porque a tarde estava a acabar). Havia que regressar. Valeu-nos o cão da Maria Albertina para descobrir passagens menos agressivas por entre as giestas. De novo no Lameirão, vimos grandes setas desenhadas no chão: eram do Toninho que, não nos tendo encontrado, sempre nos queria ajudar a descobrir o rumo a tomar. Para o ano havemos de lá voltar, desta vez por caminhos que nos rascanhem menos a pele.
FRAGA DO GATO
Eu só não percebo é por que motivo eu fico toda emporcalhada e vermelha, enquanto as minhas companheiras ficam serenas e limpinhas...
12 comentários:
Grande coragem meninas! Mas, afinal o Toninho baldou-se? Tergassa Lameirão, caminho de viduedo, não é? Tenho impressão que conheço este lugar quando íamos à caça com o Padre João... mas já passaram tantos anos! O esforço valeu a pena... no próximo verão vai ficar um carreirão com tanta gente a visitar... mas talvez não a pés... Belas fotos... as que estão à vista porque a tua ligação para a web picasa comigo não funcionou. Parabéns e beijos cheios de saudades de não ter ido com voçês.
Tonho
O Toninho não se baldou, de modo nenhum. Por um lado, achou que nós andaríamos mais devagar e, por outro, convenceu-se que esperaríamos por ele na Tergaça. Ele foi lá ter, mas no meio do giestal não poderia ver-nos. Coitado, que andou por ali às voltas à nossa procura, até que nós voltámos ao caminho.
Ambas as fragas ficam já no fim do nosso termo, a pegar com o de Viduedo. Afinal, a memória ainda te não engana. No próximo Verão tenho que lá voltar, sim senhor, mas olha que se não for a pé, só um caterpillar será capaz de romper tão cerrado giestal. Creio, no entanto, que deve haver caminho menos mau. Alguém no-lo há-de ensinar!
Creio que já resolvi o problema das ligações. Dizes-me alguma coisa, por favor?
Beijos
Ok.Já funciona... lindas todas. Quanto ao caminho há com certeza um só que pode ficar distante das fragas... vamos experimentar com a minha 4x4. Beijos
Olá às manas com alma de Ivans e de monges cenobitas, por nos guiarem nestas peregrinações fragais.
Sinto-me envergonhado pelo meu desconhecimento telúrico de recantos daquilo a que chamo minha terra. Terra com personalidade!
Acho que me vou inscrever para as explorações do próximo ano. Já encomendei umas botas à prova de giestais.
Obrigado pelas belas fotos que vão enriquecer o álbum pátrio.
A. Fernandes
Tonho (Brás)
Vamos a isso! Mas ao mesmo tempo, quero encontrar um caminho mais fácil para ir a pé: caminhar faz-me bem à alma!
Beijos
Tonho
Já estou a contar contigo. E com uma satisfação que nem fazes ideia!
Beijos
Mas não contávamos mesmo com tanta dificuldade. Afinal, parece que ainda foi ontem que o pai me ensinou onde era a tal fraga do gato. E o tempo não perdoa ao abandono forçado dos campos. A natureza encarrega-se de os ocupar. Mas que valeu a pena não há dúvidas. E estou já na lista de inscritos para as próximas incursões La estaremos com 4x4 ou sem ela. Afinal, eu até fui de chinelos de "meter no dedo"! bem me arrependi... diga-se!
Beijos
Agora sim.
Estão lindas, estas fotografias.
Não fui a esta volta e, os que estávamos em casa a cuidar do jantar, penámos com a demora das duas damas.
Tb me inscrevo na lista do próximo ano. Com 4x4 ou sem ela, como diz a Augusta.
Bjos
Olímpia
Fátima, as fotos estão lindas. Obrigada pela partilha.
Mais uma inscrição para o próximo ano.
Beijos
Bela reportgem Fátima .Adorei vê-la .Bem haja .
Beijinhos
Augusta
Olímpia
Lurdes
Para o ano, mais do que passeio, será romaria. E que "venham mais cinco"!
Beijos
Quina
Obrigada.são lugares magníficos, com efeito.
Beijos
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