quarta-feira, 20 de novembro de 2013

TROCANDO A SORTE PELA CHANÇA"


II

Iam já distantes os tempos em que, menino, recebia um tostão do P.e Amílcar a quem, todos os dias, ajudava à missa. Tudo somado, se alguma vez o tivesse juntado, daria o lauto salário de três escudos ao mês, o que o habilitava a ser o garoto mais abonado das redondezas, capaz de ter o gesto magnânimo de comprar cigarros para, com os colegas de escola, celebrarem o seu aniversário. Mas isto sou eu a falar depois de ter lido histórias que outros já aqui contaram.

À data dos novos acontecimentos era um homem feito e, naquele dia, estava com a família a vimar no Fetal quando apareceu o Sr. Eliseu. Partiu tal e qual como estava e ao fim de três dias passava a fronteira com Espanha, país que atravessou encafuado num camião de transporte de cimento. Iam mais de cem pessoas nesse camião mas, porque era fechado, entrou em França sem dar conta disso.

Há coisas que custa perguntar, por isso, embora tivesse curiosidade, abstive-me de inquirir sobre o como dormiam, como se alimentavam, enfim, como respondiam às necessidades básicas da existência. Não custa, no entanto, imaginar, pois continuamos a ler histórias dramáticas de emigração clandestina que acontecem nos nossos dias. As pessoas terão outra origem, mas o sofrimento é o mesmo e as circunstâncias semelhantes.

Mal se abriram os portões do camião, deram de caras com quatro polícias armados de metralhadoras que os obrigaram a sair e os conduziram para o interior de um salão grande onde teriam a grata surpresa de constatar que, afinal, as polícias dos países não eram iguais umas às outras. Ali, foram alimentados e, um por um, interrogados sobre quem eram e para onde iam. Mas algum dos cem falava francês? Ninguém. Entendiam-se por gestos. Saciada a fome, foram metidos em camionetas e conduzidos até Paris de onde, cada qual, partiu à procura dos contactos que tinha.

O Jorge dirigiu-se a Tours, de carro de praça, pois claro, que ele não era bruxo para adivinhar quais os transportes que poderia apanhar. Valeu-lhe o sr. José Pereira, mundialmente conhecido por “Chochelas”, que pagou o frete ao taxista e lhe arranjou trabalho. O Sr. José, aliás, foi a boa alma que acolheu e orientou alguns dos naturais de Rebordaínhos que demandaram terras gaulesas – como o meu irmão Artur, por exemplo. Como o sr. José, outros terão existido, estando na origem da criação de uma rede informal de solidariedade que amparava os emigrantes nos seus primeiros passos, angariando-lhes trabalho e desbridando o processo de obtenção dos documentos necessários à legalização.

Os tempos em França também não eram fáceis: em 1956, esse país perdera Marrocos e a Tunísia, em 58, a Guiné e, para evitar mais complicações, em 1960, o general De Gaulle deu a independência a quase todas as outras colónias, por decreto. O seu problema grave era a Argélia, território africano com uma importantíssima colónia branca aí nascida: os “pieds-noirs”. A guerra da Argélia, que durou oito anos, só terminou em 1962 e a França viu-se a braços com a necessidade de receber e de absorver cerca de um milhão de “pieds-noirs”, pouco mais de dois lustros volvidos do fim da II Guerra Mundial e da razia económica provocada pelos nazis. Isto tudo serve para explicar que, apesar dos dinheiros do “Plano Marshall”, a França talvez não pudesse preocupar-se com as condições de vida que concedia aos imigrantes, pois tinha muito onde gastar esse dinheiro.

Tal como quase todos os outros, o Jorge foi trabalhar num estaleiro que punha à disposição dos operários condições precárias de existência: uns barracões em cujo chão eram espalhados alguns colchões. A higiene corporal e a lavagem das roupas era feita numa bacia; todos se serviam de uma latrina exterior. Trabalhavam, em média, dez horas por dia, mas eram pagas como extraordinárias todas quantas ultrapassassem a jornada das oito horas. A semana tinha seis dias. Os operários comiam em conjunto e as refeições eram feitas por quem calhasse. Parece que o Jorge tinha jeito para a coisa.

O primeiro patrão foi quem lhe “arranjou os papéis” e, com eles, veio um contrato de trabalho por um ano, renovável. Não o quis renovar e foi-se em busca de melhores condições. Aguentou-se em Tours mais cinco anos, três dos quais na Michellin e depois foi-se para Angoulême onde o ordenado lhe saía limpo, já que alojamento e alimentação em hotel estavam a cargo da empresa. Melhorou de vida, razão última da emigração e anseio de todo o ser humano.


  Eras novo. Então, as diversões e os amores? A resposta veio na forma de um sorriso maroto, modo gentil de me dizer que me metesse na minha vida. Eu assim fiz.

19 comentários:

Augusta disse...

Pois claro! E fizeste muito bem em ficares calada perante aquele sorriso que nós muito bem conhecemos. Mas digo-te que ele tem histórias... Mas habitualmente não as conta a mulheres.
Beijos

Anónimo disse...

Lanção, 21 de Novembro de 2013
Desculpem, mas em questões de princípio não posso transigir. O viver e sentir comunitário das gentes de Rio de Onor é um adquirido civilizacional à prova de qualquer crítica reacionária. As reportagens que a RTP fez na capital do comunitarismo português, embora à primeira vista pareçam simplesmente folclóricas, vieram revelar, com a profundidade de uma investigação antropológica e de história política e social comparada, que o futuro da Humanidade não é o capitalismo.
Como não me fiz entender à primeira, utilizarei agora ideias e imagens mais simples. De certeza que todos conhecem o aforismo popular “a galinha da vizinha é mais gorda do que a minha”; ora, na sociedade que idealizo, a galinha não é minha nem é da vizinha, passa a ser do Estado. Quem diz galinhas, diz perus, coelhos, porcos, cabras, ovelhas, gatos, cães… e até o gado vacum que provocou reações alérgicas, no sentido cultural, em alguns sócios da Associação Social, Cultural e Recreativa de Rebordainhos.
Aqueles que ultrajam a memória da personalidade do grande estadista que foi o Professor Doutor António de Oliveira Salazar esquecem que no seu tempo já havia criação de galinhas na capoeira da sua residência oficial, que era propriedade do Estado.
Os povos, desde sempre, precisaram de chefes esclarecidos que empunhassem as tochas acesas do progresso económico e social, iluminando assim os caminhos que as classes mais tradicionalistas teimam em não trilhar.
O modelo teórico a seguir pode ser consultado nas grandes obras de homens com a craveira de um Karl Marx, de um Lenine, de um Estaline, de um Álvaro Cunhal, e de tantos outros que sacrificaram uma vida de confortos burgueses para servirem os pobres camponeses e operários.
Para quem não goste de ler, a educação política tem de ser feita no terreno com a organização de excursões de carreira a Rio de Onor, onde os visitantes deverão ser humildes e aprender com os indígenas a maneira como se constrói uma sociedade de pessoas ricas e felizes, mesmo que por vezes precisem de ultrapassar a fronteira.
Com os melhores cumprimentos,
Humberto Pires

Anónimo disse...

Deves ter uma grande pancada que to digo eu! Atura a gente cada uma! Como é que alguém pode dizer que o Salazar foi um grande estadista, e depois diz que o modelo a seguir é o do Marx, Álvaro Cunhal etc. Eram grandes amigos! (Salazar e Álvaro Cunhal). Tomavam o pequeno-almoço todas as manhãs juntos para trocar ideias! Davam-se lindamente! (como o cão e gato).
Porque é que não te candidatas a consultor do Passos Coelho? É que ele nasceu com moleirinha atrofiado, e com os teus conselhos talvez ficasse com ela boa.

Cá para mim és o anónimo do Brasil e do cabeço cercado.

Bem, podia dar-te para pior!

antonio disse...

Olá Fátima: o meu comentário referente ao post, confirma as peripécias descritas com delicadeza, elegância e mestria!Ficou-me a ideia de que, o pagamento de um táxi de Paris para Tours cerca de 250Km não deve ter ficado barato? ...sobretudo que para ir da fronteira para Paris se passa por Tours... mas, como é óbvio, no transporte que seguiam, não poderiam descer cada um onde quisesse?
Gostava ainda salientar que fiz exame da 4ª classe em 1961, na escola da estação em Bragança, não me foi transmitida a avaliação nem os valores finais, apenas um beijo à chegada a Rebordainhos.
Queria referenciar, como membro da ASCRR, estar vacinado contra a raiva, e doenças científicas provocadas pelo gado vacum, com ou sem cornos...
Tenho especial carinho pelas Aldeias de Viduedo, Sortes e Lanção por onde andei na minha juventude com o P.e João, assim como Por Rio de Onor que visito virtualmente, mas, lamento que a activação da moderação não filtre certos e determinados comentários que não tem a ver com o texto,provocando reacções que podem denegrir a imagem das ideologias.Beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Augusta

Deve ser isso. E o nosso transmontano sentido do decoro não lhe terá permitido contar, apesar de sermos família.

Beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Humberto

Não sei se ria, se chore, se me arrepele... mas sinta-se à vontade para continuar a partilhar connosco o fruto das suas leituras. Só não nos chame estúpidos.

Cumprimentos

Fátima Pereira Stocker disse...

Anónimo

Fez-me ganhar o dia com as boas gargalhadas que soltei.

Cumprimentos

Fátima Pereira Stocker disse...

Tonho

Obrigada pelas tuas palavras que são sempre generosas. Naturalmente, muito obrigada por te referires ao assunto do artigo já que, como bem compreendes, custa estar horas a fio a escrever um texto e depois os comentários abordarem assuntos completamente diferentes.

Fiz o mesmo raciocínio que tu: o governo francês, talvez por questões burocráticas, devia centralizar tudo em Paris, o que fez com que o Jorge tivesse de andar alguns 200 km para trás, para ir para Tours. O frete deve ter custado uma bela maquia, mas o Jorge asseverou-me que foi assim mesmo e que foi o sr. José que pagou.

Sobre o resto do teu comentário, só te posso dizer que, por enquanto, não vejo necessidade de moderar comentários.

Fizeste exame no ano em que eu nasci. No meu tempo, ficámos à espera que os examinadores afixassem as notas, que eram qualitativas, ou seja, não sabíamos os valores atribuídos, mas sabíamos se tinha sido suficiente, ou bom, etc.

Beijos

Ribordayn disse...

Olá Fátima:
Obrigado por nos colocares a par de peripécias que de um jeito ou de outro fazem parte do nosso passado de vida dura e difícil, mas prazerosa. Afinal quanto mais difíceis de se conseguirem as coisas, mais prazer elas nos dão...
Concordo com o anónimo. Não sei se as ideias do Humberto Pires estão mais pra rir ou pra chorar, mas de uma coisa tenho quase a certeza: Ou não é ele que redige o texto ou ele frequentou uma ótima universidade...
Eu fiz o exame da quarta classe em Rossas no ano de 1965. mas também só fiquei sabendo que tinha sido suficiente para passar, nada mais.

Anónimo disse...

Jó, Jó,
Estás cá um pão! Digo-to eu!
Já conhecia estas peripécias do Jorge.

Jorge, não queres também contar à Fátima, a tua ida fora de horas, à farmácia de serviço comprar um determinado “medicamento”?

O Sr. Humberto dava um bom chefe de estado de gado vacum! Deve pensar que as pessoas são idiotas.
Sr. Ribordayn, pode ter a certeza que não é ele que redige os textos.
Também eu, fiz exame da quarta classe em Rossas, e só me transmitiram que tinha ficado aprovada.

bjs

Amélia

Fátima Pereira Stocker disse...

Ribordayn

Fico sempre muito satisfeita de te ver por aqui e de ler o muito que tens para nos dizer. Gostaria de ler mais, como bem sabes.

Obrigada pelas tuas palavras de estímulo.

Beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Amélia

Pronto, que queres que te diga, peço desculpa se te não conto novidades.

Beijos

Ribordayn disse...

Amélia, estou usando uma máscara porque sou muito retraído (tímido)... mas tu conheces me muito bem e temos bem pouca diferença de idade. Então, por favor, não me trates por senhor.
Fátima, visito o blog diàriamente, apenas, na maioria das vezes, abstenho-me de comentar e outras comento com minha identidade do google (Rebordas). Poucas vezes, porque tinha mais alguém que também usava esse pseudónimo.
Já fiz várias tentativas de passar minhas memórias para o papel, mas sempre tenho desistido pelo meio do caminho. Já cheguei a duas laudas, mas o que me dificulta tudo, é colocar os assuntos em ordem cronológica. Tenho feito as narrativas na ordem que me vêm à cabeça e depois... bate uma preguiça.
Como estou pensando me aposentar quando completar 60 anos (daqui a uns 5 meses) talvez aí consiga concentração total para fazer isso. Até lá...
beijos

Olímpia disse...

Fátima,
mais uma vez nos dás uma lição de história. Não te limitaste á narração de episódios; também nos localizas no tempo.
De facto, na cabeça deste senhor Humberto há um turbilhão de ideias, todas elas muito confusas. Quem elogia Salazar poderá idolatrar Marx e Lenine e Estaline?
Teima em abordar assuntos que nada têm a ver com o texto. Não sei que interesses ele terá na ASCRR mas de um, eu tenho a certeza:quer desastibilizar.
Bem pode bater à porta!

Bjos
Olímpia

Anónimo disse...

Lanção, 23 de Fevereiro de 2013
Caros leitores,
Gostei muito de ler o texto “Trocando a sorte pela chança” da autoria de Fátima Stocker. Também tive familiares próximos que tiveram que dar o salto e até um tio passador que também foi preso pela pide. Foram tempos difíceis para muita gente, mas a tenacidade e a coragem dos que ousaram partir são bem retratadas pela autora que não faz um relato frio e objetivo de jornalista, que penso que não é, preferindo fazer acompanhar a sua mensagem de muita ternura.
Em termos estritamente literários, diria, na minha particular opinião, que enquanto o estilo de José Saramago pode ser representado por sombras que vão cobrindo a paisagem ao anoitecer de um dia frio e chuvoso de Outono, o estilo de Fátima Stocker transporta-nos para um bonito dia de Sol de Primavera em Rebordainhos.
As visões dos pastorinhos de Fátima também foram particulares, não são propriamente dogmas de fé, e, no entanto, vejam a importância que hoje têm para a Igreja e para o mundo!
A autora faz um enquadramento político e histórico das aventuras do nosso herói Jorge que não posso deixar de criticar.
Antes de Oliveira Salazar tomar posse como Presidente do Conselho, já bastantes portugueses, ao longo dos séculos, tinham saído de Portugal por razões económicas. Os mais novos são capazes de abrir a boca de espanto, mas os mais velhos não me podem desmentir quando eu digo que mesmo após o dia de todos os prodígios, o 25 de Abril de 1974, ainda continuam a emigrar muitos portugueses. O meu ponto é que os regimes vigentes em Portugal nos últimos dois séculos, pelo menos, pouco influenciaram os fluxos migratórios das populações do nosso país. Não aceito raciocínios simplistas de que temos de emigrar para a França, para a Alemanha, ou para o Dubai, porque os nossos regimes sempre foram autoritários e os deles foram sempre democracias exemplares. Aqui há uns anos, ouvi, durante uma missa, o senhor padre dizer que quem manda no mundo são os que têm dinheiro. Eu concordo, porque realmente não mando nada! (Continua)

Anónimo disse...

(Continuação)
Acho que há razões históricas que explicam o subdesenvolvimento e consequente pobreza de Portugal, mas que têm de ser procuradas em épocas mais recuadas do que a de Salazar. Para não ir mais longe, começaria pelos finais do século XVI com o desastre de Alcácer-Quibir e inevitável perda da independência, entrando Portugal na esfera de influência de Espanha, dando azo aos piratas ingleses, franceses e holandeses de intensificarem o saque das nossas naus e terras de aquém e além-mar, com a desculpa hipócrita de que agora estávamos do lado do inimigo. Passados 60 anos viemos a recuperar a independência formal, à custa de muito sangue derramado ao longo de muitos anos, com o apoio interesseiro das mesmas França e Inglaterra, tendo esta acabado por nos reduzir praticamente a um protetorado de que se servia quando necessitava de uma base de apoio para as suas investidas guerreiras contra a Espanha e a França, ou para vir abastecer-se de vinho bom e barato que os franceses lhes recusavam.
Este primeiro quadro explicativo termina, já nos nossos dias, com a imagem ridícula de um cherne (Durão Barroso) insignificante a querer aparecer no écran da televisão ao lado dos senhores da guerra, George Bush e Tony Blair, que o tinham convocado (???!!!)para ir aos Açores (!!!???) participar na conferência de preparação da substituição do regime ditatorial iraquiano por uma democracia de tipo ocidental, tendo o nosso Barroso, transmontano dos quatro costados, concordado com a solução que os seus anfitriões (???!!! lhe propuseram: enviar uma chuva de mísseis teleguiados sobre Bagdad de maneira a que os iraquianos pudessem entrar o mais rapidamente possível em democracia, ainda que com os miolos desfeitos! Para agradecer a “participação portuguesa”, concederam ao nosso cherne o lugar simbólico e figurativo de Presidente da União Europeia.
Só quem nunca foi de comboio para Paris, atravessando os campos imensos de girassóis e os prados verdinhos a perder de vista da Normandia, é que não pode compreender a diferença essencial de tamanho e de riqueza que existe entre os dois países. Entrando pela zona de Vilar Formoso e Almeida, o que vemos em Portugal são fragas pavorosas que se erguem em terras escalavradas.
Com os melhores cumprimentos,
Humberto Pires

Fátima Pereira Stocker disse...

Ribordayn

É isso que tanto me seduz no Português do Brasil: conserva intactas palavras e expressões que, por cá, já ninguém usa e poucos entendem. "já tenho escritas duas laudas" - que maravilha! Pois continua, mesmo a ritmo lento, porque escritas assim já me fazem crescer água na boca. A sequência temporal nem sempre é o mais importante. O sentir, isso sim, é que importa deixar transparecer.

Beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Olímpia

Em termos logísticos e humanos, o que se passava em França pode comparar-se com o que se passou em Portugal quando, em 1975, tivemos de integrar os "retornados" das ex-colónias. Os anos de intervalo, que trouxeram a primeira crise petrolífera, e as dimensões comparadas dos países marcam diferenças importantes.

Beijos

Anónimo disse...

Sr. Humberto,

Continua a burra a fugir e o cigano a dar-lhe! Porque não desbobina estes seus textos no Facebook do Presidente da Republica ou no do Governo? Quanto às fragas pavorosas, ponha-as às costas e apanhe-as para Espanha.