sexta-feira, 28 de março de 2014
segunda-feira, 24 de março de 2014
ROSTOS
Sem tempo para mais, aqui deixo outros rostos, generosamente disponibilizados no Verão passado. Vamos desvendar?
1 - Tia Laurinda (Fontes)
2 - Sr. Domingos
3 - Adília
4 - José Manuel (Zequinhas)
____
Obrigada pela preocupação mostrada por alguns: é só, mesmo, a escassez de tempo que me tem obrigado a estar calada por aqui.
terça-feira, 18 de março de 2014
Kevin Palha
A notícia que trago é de um escritor com costela Rebordainhense. Kevin Palha é filho da Fernanda Silva e neto de João Silva (Badalinho), e publicou recentemente um livro que teve inclusive o apoio da junta de freguesia de Rebordainhos.
O livro "As aparências iludem" pode ser encomendado em várias lojas, incluindo a fnac.
Ao Kevin desejo os maiores sucessos na vida profissional e pessoal.
quarta-feira, 5 de março de 2014
terça-feira, 4 de março de 2014
AS NOSSAS PALAVRAS
quartos de
dormir
O lugar mais íntimo e, provavelmente,
o mais desguarnecido, era o dos quartos de dormir. Em regra, o seu número não
ultrapassava os três, mas o normal era que fossem dois: um reservado aos pais e
outro aos filhos. Neste caso, o espaço era dividido em dois, ou por uma porta,
ou por uma cortina que separava os sexos. Frequentemente, os quartos eram divisões
interiores, somente arejados pelo ar que entrava pela porta sempre aberta da
cozinha, e iluminados, se o fossem, por uma
clarabóia. Tudo ali é despojamento: uma cama de ferro e, às vezes, uma
arca de madeira era tudo quanto lá existia. Pregos espetados na parede ou
na porta faziam as vezes de cruzetas
e era neles que pendurávamos a roupa de vestir, ou os benairos que houvesse. Sob a cama, para receber os alívios corporais nocturnos, escondia-se o penico, de esmalte ou de louça. Pouco havia para excogitar.
Dentro da arca guardavam-se os lençóis de linho mandados tecer
noutras terras com o linho que as mulheres tinham fiado durante o Inverno, as colchas melhores e mais vistosas que
eram postas à janela em dias de procissão e a toalha grande e branca que, no dia da festa grande ou por ocasião
da visita pascal, embelezava a mesa da sala. Não menos importante, lá também se
guardava a extensíssima toalha de linho
ou de estopa que seria desdobrada na eira para a refeição dos malhadores. Noutra
arca, se a houvesse, seriam armazenados os pães cozidos para a semana, ou os saquitelos do feijão seco, das casulas, das sementes dos frutos do ano seguinte, ou da linhaça.
A cama era simples: duas ou três
barras à cabeceira e uma ou duas aos pés eram sustentadas por travessas de
ferro. Sobre elas, e amparado por uma rede ou por duas tábuas atravessadas,
estendia-se o enxergão, ou xaragão, de riscado.
Duas aberturas deixadas estrategicamente na costura do meio permitiam que fosse
cheio com a palha das últimas malhas,
ou que ela fosse mexida após cada noite dormida. O seu perfume era doce e bom.
Os lençóis de linho, ásperos como
língua de gato, eram luxo raro e dispensável. Outros lençóis não havia, por
isso, a norma era dormir entre os cobertores
de lã, também eles mandados tecer fora, com a lã fiada pelas mulheres. Nas
noites mais frias de Inverno, a cama fazia-se com seis ou sete desses
cobertores e, mesmo assim, havia quem aquebulhasse (1) a cabeça
debaixo deles. Um rolo comprido era o travesseiro
e quase nunca havia almofadas individuais.
No quarto dos pais punha-se o
berço da criança enquanto fosse xagouro.
O berço, assente em pernas largas que permitiam oscilar, era uma espécie de
caixa de madeira, em que os lados, em vez de tábuas lisas, tinham grades. “Vai
lá embanar a menina, que está a
chorar!”
Ali pontuava mais uma peça: o lavatório de esmalte ou de louça para
a higiene diária de toda a família. Mais raramente, um bidé. Sobre a arca era
colocado o candeeiro de petróleo cuja
manga de vidro permitia que a
torcida ardesse sem a chama oscilar, dando uma luz menos pálida do que a
candeia. Um sopro do pai apagava o candeeiro, mergulhando a casa na escuridão e
no silêncio das boas-noites. Até amanhã.
(1)
Eu nem sei como hei-de escrever esta palavra. Assim
parece-me mal, mas não vejo alternativa melhor…
A imagem foi retirada daqui.
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Fátima Stocker,
vocabulário
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