(imagem retirada daqui)
AS REFEIÇÕES E O SEU TEMPO
Creio que a saída de muitos jovens para estudarem fora da terra terá sido a causa principal da substituição de muitas palavras nossas por outras de outros meios. Neste momento refiro-me às refeições e, para que não achem que as designações que usávamos eram transmontanices, presenteio-vos com uma passagem de Camilo:
– A jantar? – observou Gregório –
são sete horas da tarde. Vossa excelência queria dizer «cear», não é assim?
Vamos lá cear, e jantaremos em minha casa em Lisboa, de hoje a duas semanas;
mas lá janta-se ao meio-dia, merenda-se às quatro; e ceia-se às oito.
camilo castelo branco, Coisas Espantosas
Assim éramos nós, embora com horários um pouco mais variáveis, sobretudo o da ceia.
Ao levantar da cama tomava-se o mata-bicho;
A meio da manhã comia-se o almoço;
Ao meio-dia punha-se o jantar na mesa;
A merenda era a refeição do meio da tarde;
O dia de trabalho encerrava-se com a ceia.
Às vezes, lá calhava, merendava-se a qualquer hora do dia, mas isso eram refeições de outro alimento...
5 comentários:
Quando trabalhava na Seca do bacalhau e estava bom tempo fazíamos serão da manhã. Começávamos a estender o bacalhau nas mesas, às 5,30. Nos dia em que estavam temperaturas muito baixas, o gerente mandava 3 ou 4 homens distribuir pelo pessoal, 3 figos secos e um cálice de aguardente, para aquecer. eu e meia dúzia de colegas mais novas, não bebíamos bebidas alcoólicas, trocávamos o cálice de aguardente por mais três figos. E o pessoal chamava aquilo de mata-bicho. Quando todas as mesas estavam cheias de bacalhau, volta das dez, dez e meia, o pessoal era mandado para o almoço. O jantar era das três às quatro, e depois da apanha do bacalhau se era necessário fazer serão, o pessoal tinha meia hora para merenda e a ceia era quando chegavam a casa quase às 11 horas, pois o serão terminava às dez e meia.
Um abraço e bom domingo
E já agora, quem se lembra do menu dessas refeições???
Orlando Martins
Como "o povo é quem mais ordena!", para gáudio de todos nós portugueses, havemos um novo Presidente da República, que é homem de pensamento e ação para, em menos de um mandato, esvaziar de sentido o seguinte refrão do folclore açoriano:
"Sapateia, meu bem, Sapateia, ai
Outra vez a Sapateia,
Ó quantas vezes, ó quantas,
O jantar serve de ceia!"
Viva a República!
Elvira
Como se vê, a sequência das refeições era a mesma, variando o horário.
Obrigada pela achega.
Um beijo
Orlando
Tu andas-me a ler os pensamentos; a adivinhar as intenções?
Começo, de facto, a preparar alguns artigos sobre a nossa alimentação. Quero começar com o dia-a-dia, deixando para depois os dias maiores - da matança, das segadas, das malhas -, bem como os das festas - Natal, Reis, Entrudo, Páscoa, N.ª Senhora.
Preciso de ajuda, por isso, vê se te começas a lembrar e a dizer!
Beijos
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