(Imagem retirada daqui)
Vejo-o-me assim
e nem me importa que me estranhem
a construção
outros o fizeram antes de mim – e mais
bem feito –
outros hão-de após mim soprar o pó
das convenções restantes
Meus neurónios são livros
publicados
livros que ainda não foram
sonhados
livros vetados
livros ansiados
livros esquecidos
L I V R O S
Palavras escritas, frases
desenhadas
que importa se contendem ou
convergem
se são elas o tecido das minhas sinapses-ideias?
Não me zanguem a paciência com a
pequenez
porque não tenho paciência – não sou
de paciência
e renego a vilania
Não existe fel de peixe de Tobias
capaz de fazer-me ver aquilo para que
não quero olhar
nem sequer sou o pai de Tobias
e a infâmia desmerece a
providência de mim.
Des-tempo, des-espaço,
des-paciência
oclusão
é tudo quanto reservo
na minha biblioteca-cérebro
para quem aspira a ser lombada
e nem chega a ser um nome.
5 comentários:
Gostei.
Um abraço e uma boa semana
Olá, Fátima:
Parece que poesia não é o prato forte mais apreciado nesta manjedoura das letras. Mas, ainda que em atraso, não podia deixar em claro a minha opinião. O teu poema é lindo e desenhado com aquela contenção que é apanágio da poesia legítima, alheia a berloques e ouropéis. A pressa com que publicaste o texto do Orlando revela um certo pudor, quase a pedir desculpa, de teres cometido o teu ACTO POÉTICO. Mas não é caso para tanto e... deves reincidir.
Um abraço amigo do
Tonho
Elvira
Obrigada.
Beijos
Tonho
Com efeito, virei depressa a página porque me desviei um pouco do tema do blog, que é Rebordaínhos e não o meu "eu". Mas guardo com todo o carinho as tuas palavras generosas.
Um grande beijo
Qualquer simples mortal se sente esmagado perante estas palavras carregadas de poesia lírica. Mesmo assim, eu continuo a defender o direito ao contraditório: um blog em que todos leem pela mesma cartilha é como um imenso rebanho de carneiros e ovelhas que obedecem cegamente aos cães de guarda dos pastores que se protegem do frio e da chuva com capas de palha do paleolítico superior, ou como um país inteiro que acreditasse que Nossa Senhora tivesse aparecido realmente a uns trabalhadores infantis de Fátima, como se tal aparição maravilhosa tivesse ocorrido pela primeira vez no mundo. Pois saibam que Nossa Senhora também apareceu na Serra da Nogueira, em Trás-os-Montes, num magnífico cenário natural que nada fica a dever à Cova da Iria.
Haja saúde!
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