domingo, 29 de junho de 2008

Esquecida

...Para que saibam que um Homem da terra também, um dia, amou!

ESQUECIDA


Canto a história de um pranto
Nascido e vivido de um canto…
Por momentos julgado,
Mas amado.

Naquele dia… tarde… dois
Novembro, sol de Abril foi
O choro, o grito e a angústia….
Pelo amor e a dor do medo de justiça,
Que gritei como quem está só.

A dor e o tempo no vento dos lábios
De um lençol de lágrimas…
Branco como tu branca, e eu…
E assim fiquei.

Caminhada…, ida e pensada,
Horas perdidas de uma noite
Longe de não ver o dia de te ver…
No lençol que outrora te cobria
Esse corpo desfeito do cutelo
Que o rubro cravo desleito nesse peito…
O transformou por todo o tempo.

E os brancos seios de bicos
Dourados, amados, vêm, cortados,
Pacíficos beber a sede,
De amor e dor…

Por eles correm
Ténues fios de um frio
Escaldante, … e caem…
É o fogo, o lodo…e o fundo.
Um suspiro de lágrimas, …um grito.
Uma dor ofegante respirada.
É tudo, e é nada…
E eu e a preta cor do amor proíbido
Morro.

Foi melhor assim.
E acordo e recordo…

O Amor.


Orlando Martins (2002-08-14)

8 comentários:

Olímpia disse...

Orlando:
Cada vez que leio este teu poema, vejo uma história diferente.A verdadeira, só tu a saberás.
Descreves muito bem o amor proibído entre duas pessoas,a sensibilidade do transmontano que, embora tocado pela aridez das fragas,sabe muito bem sentir o amor.
Bem-hajas
Bjos
Olímpia

Augusta disse...

Mais uma vez deliciei-me com a leitura de outro dos teus poemas.
Neste, ao contrário do "Camilo", não consegui identificar o contexto em que ocorreu. Pena, mas não pode acontecer sempre.
Já estava com saudades tuas. Que tens andado a fazer, Pirlandas?Tens contas a encerrar?
Beijos e, vê se pareces
Augusta

Anónimo disse...

Orlando

Este teu poema ou se refere à tua avó Fecisma ou ao teu nascimento.

Há duas pessoas presentes; ou a mãe e o filho que nasce, ou a pessoa que morre e a pessoa que lhe vela o corpo (quando velamos aqueles que amamos a relação é a dois - como se mais ninguém estivesse presente.)

Para cada uma das hipóteses há versos que não consigo enquadrar de forma coerente, mas coerência é algo de que a poesia prescinde.

Inclino-me para o falecimento da tua avó, porque o poema apela mais para a dor da separação do que para a alegria da chegada de uma criança.

Entendi-o assim. E se o escreveste em 2002, tantos anos passados, foi porque a ferida não sarou. Poderá fechar uma ferida que dói no corpo mas não rasga a carne?

___

Ou aqui ou por telefone vais ter que me responder.

Beijos

J. Stocker disse...

Caro Orlando

A minha falta de jeito para a escrita, não me impede de apreciar a poesia.

Parabéns!

Anónimo disse...

Amigo Orlando
Grade mágoa, que nem pelo facto de ser descrita poeticamente disfarça!
Porque é; -que a vida tem de ser este val de Lágrimas?
Será pelo facto dos humanos em relação aos outros animais,sabem antecipadamente que morrem?
Amigo,é frio, é triste, mas é poema, é vida para além da morte.
Abraço

Augusta disse...

Pirlandas:
Estamos à espera!
Já chega de espera!
beijos
Augusta

Anónimo disse...

Augusta

Creio que podes esperar sentada. Desta vez, parece-me que o Orlando não vai dizer nada aqui. Mas não custa nada tentar, vai insistindo... Entretanto, já falou comigo por telefone.

Beijos

António disse...

De novo resolveste desferir as cordas da lira que havias já suspendido dos salgueiros que bordejam os rios que correm por Babilónia. E ainda bem! Abraços
António