quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Fragas

O granito ouve-se nas palavras dos que nasceram nas fragas: a sua aspereza, mas também um brilho discreto e vário, notado, apenas, pela atenção dos amantes.
São as fragas das serranias que recortam o céu e talham o perfil dos sonhos, modelando castelos onde vivem mouras encantadas ou princesas sem idade. As fragas são tronos esculpidos à nossa medida e cada um de nós é rei sempre que nelas se acoita.

Nas fragas, a luz do Sol nascente, daquele Sol que se adivinha apenas, é coada pela névoa que abraça os cumes mais elevados. A névoa, sombra diáfana dos anjos, adoça-lhe a intensidade e confere-lhe tons de púrpura transparentes. Ao mesmo tempo, ínfimas partículas de brilho puro dançam no ar e são como estrelas semeadas, embora mais intensas e mais próximas, mas também mais efémeras.

Pouco a pouco, como se a luz tivesse peso, a coroa de névoa vai descendo, empurrada para os vales, e a aurora surge em todo o seu esplendor. Um rubro intenso cobre o horizonte em abundâncias sem fim. Não tarda, chegará a hora do azul iridescente e o dia ganhará nitidez, convocando para o bulício.

Nas fragas, a maravilha repete-se todos os dias e a beleza abençoa os madrugadores que se atrevem a desafiar o inverno.

Jan. 2005

22 comentários:

Fátima Pereira Stocker disse...

A todos

Este texto é um pedido de ajuda, para ver se damos continuidade a um projecto que, parece-me, nos é caro. Vamos, então?

Beijos a todos

Anónimo disse...

Venho diariamente ver se há algo de novo. Este projecto não pode nem deve parar.
Botai lá...
Abraço

Augusta disse...

E, afinal quem nos está a dar o empurrão que necessitamos, és tu!
Claro que vamos dar continuidade e, como diz o nosso amigo de Carviçais: Botaremos!
Um beijo mana

Anónimo disse...

Bem regressada, Fátima, a este esforço quotidiano de empurrar a carroça da vida, sem perder o sentido da beleza, sem deixar que a esperança feneça. Porque a força que nos anima tem raízes nas fragas da nossa serra.
Abraços

Anónimo disse...

Peço desculpa. Por inépcia minha, o meu comentário saiu anónimo. Mas transmontano que se preze dá sempre a cara pelo que diz.
António

Anónimo disse...

Fátima,

“Como a inteligência aqui no campo se liberta!... A vida é essencialmente vontade e movimento; e naquele campo plantado de milho, vai todo um mundo de impulsos, de forças que se revelam, e que atingem a sua expressão suprema, que é a forma. E todas belas!... nunca duas folhas de hera, quer na verdura ou recorte se assemelham! Olha aquele castanheiro. Há três semanas que cada manhã o vejo, e sempre me parece outro... a sombra, o sol, o vento, as nuvens, a chuva, incessantemente lhe compõem uma expressão diversa e nova, sempre interessante. Nunca a sua companhia me parece fartar...."
in "A Cidade e as Serras"

Um grande abraço.

EC disse...

A tua força parece que é maior do que a nossa! Vamos então...
Um beijo garnde

Emília

Anónimo disse...

Fátima

Obrigada por teres regressado e pelo texto que tão bem caracteriza o cantinho de que todos nos orgulhamos.
Um texto que, sendo escrito em prosa, mais parece uma encantadora poesia.
E agora, que essa força se mantenha viva, e que a maravilha e a beleza das fragas continuem a talhar o perfil de todos os teus sonhos.
Bjs
Céu

Olímpia disse...

Por entre a quietude das fragas, este teu lindo nascer do sol mostra-nos os nossos montes eternamente arejados e limpos.Depois, à tardinha, com o calor das fragas e da terra que o sol cozeu todo o dia, o transmontano labuta e arde na fornalha de Agosto ,lavados por uma romaria de suor. Mas não desiste, embora saiba muitas vezes o valor da desilusão.
Persiste em descobrir o valor da confiança.
E sabe que, apesar de moroso, o tempo sorridente há-de bater à porta de todos.
Obrigada irmã.
Havemos de conseguir!
Bjos
Olímpia

Fátima Pereira Stocker disse...

Bai que eu Espero

Obrigada pela força!

Um abraço

Fátima Pereira Stocker disse...

Garota (Augusta)

Vamos lá, então!

Beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Tonho

Bem-hajas pelas tuas palavras que me souberam a afagos!

Beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Dadinha

A Lembrar o Eça? O João, fora o palácio com cento e nove contos de renda, era o retrato vivo do Jacinto da Cidade e as Serras. Também ele, como salta à vista, se deixou apanhar pela serra.

Bem-hajas

Um abraço

Fátima Pereira Stocker disse...

Milita

Vamos lá, sempre contando contigo e com a Tilinha.

Beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Céu

São os teus olhos de amiga a falar! Mas, também por isso, soube-me muito bem.

Beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Garota (Olímpia)

E que tal, se aproveitasses o teu comentário e o transformasses num artigo novo? Vá, dá-lhe um arranjo e publica!

Havemos de conseguir, sim!

Beijos

Anónimo disse...

Façamo-nos, então,ao caminho com a energia que ele nos merece.
Que belo texto, Fátima! Uma descrição comparável a outras suas e a outras mais dos que deixaram marcas indeléveis na literatura portuguesa.
Embora a saúde não me permita , neste momento,manter um blog, é-me sempre possível e indispensável passar pelas casas amigas.

Um abraço apertado e fraterno.

Isabel (Cata-vento)

Fátima Pereira Stocker disse...

Minha cara Isabel

Bem-haja pela deferência e pela generosidade das suas palavras.

Deus queira melhore depressa, para que possa voltar a lê-la.

Um grande abraço

Lurdes disse...

Maravilhoso este teu texto Fátima, podes contar comigo para dar continuidade a este blogue.
Vamos continuar...
Beijinhos
Lurdes

Fátima Pereira Stocker disse...

Lurdes

Bem-hajas, pelas palavras e pela disponibilidade.

Beijos

CC disse...

Fátima, os teus textos são lindos!
Claro que iremos continuar...
beijinhos
Tilinha

Fátima Pereira Stocker disse...

Tilinha

Bem-hajas pelas tuas palavras e Deus te abençoe pela disponibilidade.

Beijos