domingo, 14 de novembro de 2010

CONTAS


PORCA OU VACA?


Era uma vez um homem que foi à feira e comprou uma porca muito grande. Saíram-lhe os ladrões ao caminho e roubaram-lhe a porca. Os ladrões eram os donos da casa onde tinha ficado ao ir para a feira, mascarados. Sem o saber, o homem decidiu pernoitar na mesma casa e os ladrões, para que ele se fosse embora, ao deitar-se, puseram-lhe uma abóbora, partida ao meio, dentro da cama. Mas o homem entendeu tudo! De noite, levantou-se e foi com uma moca à cama do capitão dos ladrões. Batia, batia, batia e dizia:

– É porca ou vaca? Ele dizia que era vaca.

O dono da porca não parava de bater e o chefe dos ladrões disse-lhe:

– Vá àquela gaveta e leve o dinheiro que quiser. Deixe-me!

O chefe e os companheiros, cheios de medo, fugiram para o campo e esconderam-se num nabal. Ficaram com a cabeça no chão e o cu no ar. O dono do nabal foi buscar nabos ao campo e pensava que aquilo eram pedras e sacudia-lhes os nabos no cu. O capitão ficou muito mal. Então, o dono da porca vestiu-se de médico e foi lá para o procurar. Levava um pau cheio de pregos. Continuou a bater e a perguntar:

– Porca ou vaca?

O chefe tornou-lhe a dizer que fosse à gaveta e levasse o dinheiro que quisesse.

O homem vestiu-se outra vez, mas de sacerdote, e a criada dos ladrões chamou o chefe para que se fosse confessar. Novamente lhe tornou a bater:

– É porca ou vaca? E assim continuou, até que lhe despejou todo o cofre.


Moral que eu tirei da história: assim se prova que o crime não compensa!
___________
Encontrei um artigo muito interessante sobre o porco bísaro na página da Confraria de Chaves. Transcrevo só um pedacinho:

J.F Macedo Pinto em 1878 no Compêndio de Veterinária escrevia:
(...) “1º Typo Bizaro ou Céltico – As raças deste typo descendem do javali comum e pertencem exclusivamente à Europa.
(...) “Em Trás-os-Montes, Minho, Beiras e na Estremadura ao norte do Tejo predomina este typo; distinguindo-se suas variedades pela corpulencia côr e maior ou menor quantidade de cerdas. Encontram-se porcos que medem 1,50 metros da nuca à cauda e quasi 1 metro de altura, dando em cevões 200 a 250 kilogrammos. (...)

7 comentários:

Joaquina Salgueiro S. C. disse...

Olá Fátima de facto o crime náo compensava e a verdade vem sempre ao de cima --- assim reza a sabedoria popular ...
Um abraço
Quina

antonio disse...

Fátima: a diversidade dos temas enriquecem os nossos conhecimentos e cultura geral de todos os leitores; sendo difícil ou mesmo complicado, coornenar e conciliar os gostos com os desejos.
Eu, conhecia vagamente o conto, por isso agradeço a publicação e felicito-te, pela escolha e acréssimos. Sinceramente... beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Quina

Fez-me rir com o não compensava. O pretérito foi de propósito?

Beijos

Fátima Pereira Stocker disse...

Tonho

Parece que sim, que é difícil. Ainda há pouco me perguntava se só eu acharia interessantes estas histórias... De qualquer modo, mesmo que chovam comentários a dizerem-me que as contas não importam para nada, sempre te garanto que continuarei a publicá-las porque me não esqueço de uma intenção essencial do blog: recolher e preservar as nossas tradições.

Esta história, entre outros, aborda o aspecto da luta pelos direitos de cada um. Poderíamos, ainda, reflectir sobre o conceito de crime: quem rouba é criminoso, mas... e quem se vinga com violência? Penso que tudo isto nos daria muito que pensar: será que as nossas gentes põem em primeiro lugar o direito à propriedade em detrimento do direito à vida ou à integridade física?

Eu penso nessas coisas todas, mas gostaria que alguém, que não eu, o dissesse e suscitasse o debate.

Beijos

eduarda disse...

Olá
Há recadinho no meu canto, agradecendo o facto de não deixar perder "memórias".
Um beijo

antonio disse...

Fátima:ora aí está! ...ao que eu chamo tocar na "buba". Era realmente um debate astucioso e necessário para definir posições, ou melhor dizendo:deveres humanísticos... infelizmente o recatamento, (como na casa dos segredos)vemos apenas os nossos umbigos...refugiamos-nos discretamente no segredo das palavras...e não digo mais. Beijos

Joaquina Salgueiro S. S. disse...

Fátima : o «compensava » foi propositado ou irónico ,se quiser !!!...Antes não o fosse ´,...mas , enfim...
Um abraço
Quina