Aqui há uns tempos fizemos o levantamento das nossas nomeadas. Estava bem longe de imaginar que este Natal iria desvendar o porquê de uma delas: a do tio COUCEIRO, em relato feito pela voz da própria filha, a Zeza.
Parece que o tio Amadeu, sendo garoto, não se cansava de gritar a seguinte rima, não sei se da sua lavra, se ouvida a alguém:
Paiva Couceiro
Jogador de bola
Foi jogar com os do Porto
E perdeu a camisola!
Esta quadra é hilariante e explica-se com facilidade, a não ser a parte do jogador de bola, mas isso importará pouco.
Paiva Couceiro era um monárquico e quase se pode dizer que foi o único militar de alta patente que, durante os combates pela implantação da República, em 1910, saiu em defesa da causa real. Uma vez assumida a derrota, exila-se em Espanha, de onde procederá a incursões no Norte de Portugal para tentar restaurar a monarquia - façanha que vai conseguir alcançar na cidade do Porto (de 19 de Janeiro a 13 de Fevereiro de 1919). Este episódio, que a História regista como "Monarquia do Norte", era apodado pelos republicanos como "Reino da Traulitânia".
Está-se mesmo a ver: Paiva Couceiro foi-se meter com os do Porto e perdeu a camisola... monárquica!
O futebol está aqui bem metido, passo o trocadilho: o início do século XX corresponde ao tempo de difusão dos desportos colectivos (e da prática do desporto, de um modo geral). A alusão à perda da camisola será ferroada ao facto de, naquela altura, o FCP nada ganhar? Aqui à benfiquista parece-lhe que sim.
Onde é que o tio Couceiro terá desencantado as rimas? Para a posteridade, aqui fica ele ao lado de quem lhe deu a nomeada.
9 comentários:
Anónimo queixoso
Como vê, é só pedir (desde que eu tenha alguns minutos livres...)
Em Angola eu vivi na Rua Paiva Couceiro, sabia?
A nomeada é aquilo que chamamos alcunha?
Um abraço
Aqui para a portista não lhe agradou nada o final do penúltimo parágrafo.
Mas gostei de saber como foi baptizado o tio Couceiro.
Já agora: quem é a garota que está ao colo da Tininha? E olha-me só para a pinta do Zé! E que novinhos eram ainda a nossa mãe, a tia Maria e o tio António.
Beijos
Concordo com a Augusta quanto ao último parágrafo.
Augusta, essa não é de certeza a Tininha pois ela é mais nova do que o Zé.
Também não sei quem será.
Bjos
Olímpia
Elvira
Nomeada é alcunha, sim.
Será que ainda existe essa rua? Angola bem lho deve, atendendo ao trabalho de Paiva Couceiro para a fixação das fronteiras da colónia, no fim do séc. XIX. Além disso, ainda foi Governador-Geral de Angola, nos anos finais da monarquia.
Beijos
Augusta
Contra factos não há argumentos, além de que Lisboa não permitiria um trocadilho daqueles.
A fotografia já a tinha publicado e não fomos capazes de identificar esses dois rostos. Mesmo a tia Maria que me deu a fotografia não me soube dizer quem eram.
Beijos
Olímpia
A verdade é como a justiça: dura, mas é a verdade... Deixa estar, que vingastes o início do século pelo fim dele.
Beijos
Venho só para salientar o contentamento de ver novamente publicado um texto, que para além de instrutivo, no contexto do citado Henrique Mitchell de Paiva Couceiro, tem como objetivo, recordar pessoas cujas alcunhas nos eram tão familiares como a personalidade daqueles que carinhosamente recordamos… apesar de ferir suscetibilidades, as “alcunhas” seguir-nos-ão para onde quer que viajemos, servindo de cartão de identificação dos tempos em que os cântaros de barro não quebravam se não lhe pegássemos pela asa…
A foto já fazia parte da casa, porém, é sempre bom acrescentar a legenda. Bem-haja Fátima… e para os impacientes, gostaria recordar, com todo o respeito, - para se poder ler é necessário escrever, ou pelo menos ajudar nos temas. Abraço para todos
Tonho
Desculpa se tardei na resposta, mas nem sempre se pode estar em cima do acontecimento.
Às vezes as nomeadas podem parecer ofensivas mas, por trás, podem bem ter explicações engraçadas como esta. E, cá para nós, são um cartão de visita: consola-me proclamar-me filha do Fouce.
Beijos
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