terça-feira, 1 de novembro de 2016

JÁ FLORIRAM OS CRISÂNTEMOS


Já floriram os crisântemos

Corolas abertas ao céu, agremiadas em tufos,
miríades de pequenas flores – roxas e brancas –
que as mulheres colhem para o regaço
serão pontos de cor, depostos um por um,
ao correr das arestas avivadas da sepultura.
No centro formarão uma cruz.

Em cada flor depositada vai o beijo;
no silêncio está o carinho que se sente e não se sabe dizer.

E assim ficam as campas,
como grandes tufos dessas corolas voltadas ao céu,
afirmando que é essa a morada das almas
daqueles que nos preenchem a memória.

Já floriram os crisântemos.
Um dia florirão para nós.



A festa de Todos-os-Santos foi instituída em 610 pelo papa Bonifácio IV com o objectivo de homenagear todos aqueles que sofreram o martírio pelas mãos dos romanos, fixando-se a data da celebração no dia primeiro de Novembro. Simbolicamente, a Igreja assinala no dia seguinte a solenidade dos Fiéis Defuntos, que é uma forma de os colocar sob a protecção dos santos. Com as cerimónias nos cemitérios e as nossas orações junto das sepulturas assumimos que os vivos e os mortos fazemos parte da mesma comunidade. Isso é profundamente reconfortante.

7 comentários:

Fátima Pereira Stocker disse...

Tenho pena de não dispor de imagens dos crisântemos que refiro no texto e que são tão comuns em Rebordaínhos. Socorri-me daqueles que tenho em casa. Paciência.

Elvira Carvalho disse...

Acabei de chegar do cemitério. Não tenho por hábito ir neste dia, mas como a minha irmã veio lá fui. Vou praticamente todas as semanas, mas neste dia n~~ao costumo ir.
Gostei do seu texto. E dos crisântemos.
Um abraço e bom feriado

Augusta disse...

Acabei de chegar de Rebordainhos. Como deves imaginar a igreja estava cheia e o cemitério estava, como sempre, lindo.
Este ano o arranjo dos pais e do João era de rosas brancas e forma de lágrima. Estava lindíssimo. Pena que fisicamente só estive eu e o Artur, embora saiba que todos vocês nos acompanharam.
Beijo

Fátima Pereira Stocker disse...

Elvira

Muito obrigada.

Fátima Pereira Stocker disse...

Augusta

O amor que transparece das cerimónias em Rebordaínhos até arrepia. Era isso que queria dizer quando escrevi o poeminha. Os arranjos que tu fazes, ou escolhes, para as sepulturas dos nossos, são outro poema que nós, os que estamos longe, temos por garantido. Bem-hajas.

Beijos

Petrus Monte Real disse...

Fátima

Sentido poema
que etermiza o belo momento
de reencontro
com os nossos entes queridos.
Obrigado

Fátima Pereira Stocker disse...

Petrus

Obrigada, eu!

Beijo